"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

sábado, 18 de abril de 2015

11 Frases de Albert Einstein nos 60 anos de sua morte

Hoje faz 60 anos que um dos maiores
 cientistas do mundo morreu.

Leia abaixo, 11 pensamentos de Einstein:
 
 
 
 

Trilha Sonora (187) - Walter Franco

Feito Gente
Walter Franco

Feito gente, feito fase.
Eu te amei, como pude.
Fui inteiro, fui metade.
Eu te amei, como pude.

Fui a faca e a ferida.
Eu te amei como pude.
Feito bicho que se espanta.
Eu te amei como pude.
Quando chegam a morte e a vida

Feito lixo que se queima.
Eu te amei como pude.
Feito chama quando arde.
Eu te amei como pude.

Fui capacho, já fui lama.
Eu te amei como pude.
Fui herói, fui covarde.
Eu te amei como pude.
Feito a dor que cedo ou tarde.
Eu te amei como pude.
Dói o corpo e dói a alma.

Feito água, feito vinho.
Eu te amei como pude.
Feito mágua, feito espinho.
Eu te amei como pude.

Fui um poço, pensamento.
Eu te amei como pude.
Fui a calma e a revolta.
Eu te amei como pude.
Fui a vela, fui o vento.
Eu te amei como pude.
A partida foi a volta.

Eu te amei como pude

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Hoje, 1 ano da morte de Gabriel García Marquez

Quem foi Gabriel García Marquez ?
Gabriel Garcia Márquez foi um importante escritor de contos, novelista, 
jornalista e ativista político colombiano. Nasceu em 6 de marco de 1927, 
no município de Aracataca. Faleceu em 17 de abril de 2014, 
aos 87 anos, na Cidade do México.

É considerado pela crítica literário mundial como sendo um dos mais
 importantes escritores do século XX. Em 1982, ganhou o
 Prêmio Nobel de Literatura, pelo conjunto de sua obra. 
A obra mais popular de Garcia Marquez é "Cem anos de solidão",
 onde o autor mistura o épico com o realismo fantástico.

Principais obras de Gabriel Garcia Marquez:
- Relato de um náufrago - 1955
- Ninguém escreve ao coronel - 1961
- Cem anos de solidão - 1967
- A última viagem do navio fantasma - 1968
- Olhos de cão azul - 1974
- O outono do Patriarca - 1975
- Crônica de uma morte anunciada -1981
- O Amor nos tempos do cólera - 1985
- O general em seu labirinto - 1989
- Doze contos peregrinos - 1992
- Do amor e outros demônios - 1994
- Memórias de Minhas Putas Tristes - 2004

(°>  Fonte: Sua Pesquisa >>>

Poesia a Qualquer Hora (190) - Pablo Neruda

A Noite na Ilha

Dormi contigo a noite inteira junto do mar, na ilha.
Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água.
Talvez bem tarde nossos
sonos se uniram na altura e no fundo,
em cima como ramos que um mesmo vento move,
embaixo como raízes vermelhas que se tocam.

Talvez teu sono se separou do meu e pelo mar escuro
me procurava como antes, quando nem existias,
quando sem te enxergar naveguei a teu lado
e teus olhos buscavam o que agora – pão,
vinho, amor e cólera – te dou, cheias as mãos,
porque tu és a taça que só esperava
os dons da minha vida.

Dormi junto contigo a noite inteira,
enquanto a escura terra gira com vivos e com mortos,
de repente desperto e no meio da sombra meu braço
rodeava tua cintura.

Nem a noite nem o sonho puderam separar-nos.
Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca
saída de teu sono me deu o sabor da terra,
de água-marinha, de algas, de tua íntima vida,
e recebi teu beijo molhado pela aurora
como se me chegasse do mar que nos rodeia.

Pablo Neruda
(tradução do poema: Carlos Nejar)

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Cena de Cinema # 172 - Titãs - A Vida Parece uma Festa

( Titãs - A Vida Parece uma Festa - 2009 ) +

Imagens da Vez: Fotografias Vencedoras do Concurso da Smithsonian Magazine

A "Smithsonian Magazine" faz todo ano, um concurso para
 premiar as mais belas fotografias capturadas pelo mundo.
Esta é a 12.ª edição da competição, e foram divulgados 60 finalistas,
divididos em seis categorias: Mundo Natural, Viagem, Pessoas, 
Americana, Imagens Editadas e Celular. 
Abaixo as fotos premiadas em cada categoria, além do
 Grande Prêmio e da Escolha dos Leitores.

Mundo Natural -  © Lorenzo Mittiga

Viagem - © David Martin Huamani Bedoya

Pessoas - © Joydeep Mukherjee 

Americana - © Olivier Douliery

Editadas - © Jefflin Ling

Celular - © Yilang Peng

Grande Prêmio - © Pham Ty

Escolha dos Leitores - © Nicolas Reusens 

(°> Veja Mais: Smithsonian Magazine >>>

terça-feira, 14 de abril de 2015

"Herrar é umano..." 011


Duas Lágrimas: para Günter Grass e Eduardo Galeano

R.I.P.:  Günter Grass (1927 - 2015) e Eduardo Galeano (1940 - 2015)


A primeira lágrima é para o escritor Prêmio Nobel de Literatura em 1999, o alemão Günter Grass. Ele faleceu ontem (13/04), aos 87 anos, num hospital de Lübeck, onde estava internado com uma infecção respiratória. Parte de uma geração de escritores alemães que se destacou ao expor as culpas e as feridas abertas no país pelas atrocidades cometidas pelo nazismo na Segunda Guerra Mundial, Grass conquistou fama mundial em 1959, com o romance "O Tambor", fábula política que é considerada a sua obra-prima. Quando o livro foi publicado, a revista Der Spiegel afirmou que ele dava origem à "literatura alemã do pós-guerra". Ao conceder o Nobel de Literatura ao alemão, quarenta anos depois do lançamento do romance, foi esse o título que a Academia Sueca exaltou. "Não é audacioso dizer que "O Tambor" se tornará uma das obras imortais do século XX", disse o porta-voz do prêmio, à ocasião. Sucesso em diversos países, "O Tambor" foi adaptado para o cinema por Volker Schloendorff e premiado com a Palma de Ouro em Cannes e o Oscar de melhor filme em língua estrangeira.

Entre as obras posteriores estão: "O Gato e o Rato" (1961), "Anos de Cão" (1963), "Encontro em Telgte" (1979),"The rat" (1986), "Maus Presságios" (1992), "Discurso da Perda" (1993), "O Meu Século" (1999), e "A Passo de Caranguejo" (2002).


(°> Fonte: Veja >>> [ clique e saiba mais ]
* * *
A outra lágrima é para o escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano. Autor de "As Veias Abertas da América Latina", livro seguido pela esquerda mais festiva do continente (leia-se Venezuela de Hugo Chaves), morreu nesta segunda-feira (13/04), em Montevidéu. Galeano tinha 74 anos e sofria de um câncer no mediastino (região da cavidade torácica)

Com a repercussão do regalo do venezuelano ao americano,(Chaves deu o livro citado acima, ao presidente Obama em 2009), "As Veias Abertas da América Latina" teve um boom em vendas. Em apenas um dia, o livro saltou da posição de número 60.028 entre os mais vendidos da Amazon para o décimo lugar.

Já no ano passado, em participação na Bienal do Livro de Brasília, Galeano disse não querer mais saber de seu livro mais famoso. "Depois de tantos anos, já não me sinto mais ligado a esse texto", disse. "O tempo passou e descobri diferentes maneiras de conhecer e de me aprofundar na realidade. Considero uma etapa superada. Se eu relesse a obra hoje, cairia desmaiado, não iria aguentar", completou, em tom de brincadeira. "Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico já não a tolera."

Antes de se converter em autor-símbolo da esquerda latina, Eduardo Galeano trabalhou como operário de fábrica, desenhista, pintor, datilógrafo e caixa de banco. Entre os dezesseis livros que lançou, se destaca também a trilogia "Memória do Fogo" (L&PM), lançada entre 1982 e 1986, em que Galeano procura tecer um painel da América Latina nos últimos quinhentos anos.

(°> Fonte: Veja >>> [ clique e saiba mais ]

O mundo perdeu mais dois grandes escritores. Os homens vão, mas suas obras ficam. Descansem em paz.

"Cabe ao cidadão não deixar de falar as coisas." - Günter Grass

"Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que 
fazemos para mudar o que somos." - Eduardo Galeano
Os dois escritores m,orreram

Tira Gosto - 5 Tirinhas de Rice Araújo

5 Tirinhas: Hora da Boia



 
(°> Via: Duniverso >>>
Ricardo Araújo nasceu em Osasco-SP em 12 de Dezembro de 1964.
Iniciou no design gráfico aos 12 anos e em 1984 migrou para a
 criação publicitária, onde atuou como diretor de arte e ilustrador em 
algumas agências de publicidade de São Paulo.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Frase para a Semana

"Confessar que se errou,
é provar modestamente
que nos tornamos 
mais razoáveis."
Jonathan Swift
 (Dublin, 30 de Novembro de 1667 - Dublin, 19 de outubro de 1745) 
Foi um escritor irlandês. É o autor de Viagens de Gulliver (1726).

domingo, 12 de abril de 2015

Hamilton vence o GP da China 2015 de Fórmula 1

Centenário de Fundação do Campinense

Campinense Clube é uma agremiação esportiva de Campina Grande, 
no estado da Paraíba, fundada em 12 de abril de 1915, por 29 pessoas. 
Sendo o único time do estado hexa e penta campeão Paraibano.
Em 1972, foi vice-campeão da Série B do Campeonato Brasileiro.
 Em 2013, conquistou a Copa do Nordeste, a principal competição 
regional do país.

 CAMPINENSE  CLUBE  
Cores: Preta e Vermelha

Escudo

Mascote
Raposa

Uniformes

Estádio
O Renato Cunha Lima, popularmente chamado de "O Renatão", 
ou "Toca da Raposa", está localizado no bairro da Bela Vista,
 na cidade de Campina Grande, Paraíba.

Principais Títulos
- 1 Copa do Nordeste (2013)
- 1 Taça Brasil Nordeste (1962)
- 19 Campeonatos Paraibano 

(1960, 1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1967, 1971, 1972, 1973, 
1974, 1975, 1979, 1980, 1991,1993, 2004, 2008 e 2012.) 
- 2 Copa da Paraíba (1973 e 2006)


Hino não-oficial
Compositor: João Martins de Oliveira

Eu sou Campinense 
Com muito orgulho, de coração. 
É vitorioso! 
É da Paraíba Hexa-Campeão! (bis) 
É o Campinense 
Sempre na frente, 
É raça, é de chegada. 
É glorioso, é de decisão, 
É o Campinense, 
Campinense campeão! (bis) 
Somos torcida vibrante, 
Raposa aguerrida. 
Sou Rubro-Negro 
A paixão da minha vida! (bis)


.::: Fonte: Wikipédia >>> 

sábado, 11 de abril de 2015

5 Links - # 122 >>>

Trilha Sonora (186) - Caetano Veloso

Podres Poderes
Caetano Veloso
Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Motos e fuscas avançam
Os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns boçais

Queria querer gritar
Setecentas mil vezes
Como são lindos
Como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais

Será que nunca faremos senão confirmar
A incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos
Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que esta minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Índios e padres e bichas
Negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnaval

Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau

Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais

Será que apenas os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais

Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo e mais fundo
Tins e bens e tais

Será que nunca faremos senão confirmar
Na incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos
Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos

Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais

Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais

Enquanto os homens
Exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais

Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Poesia a Qualquer Hora (189) - William Wordsworth

Pássaros

Enquanto, sentado, num bosque, repousava,
Mil combinações sonoras ouvi.
Quando, naquele doce estado de ânimo, agradáveis pensamentos
Ao meu espírito trazem pensamentos tristes.

Uniu a natureza às suas belas obras
A alma humana que em mim penetrou.
O coração por demais afligiu-me ao pensar
Em que se transformou o gênero humano.

Pelos bosques floridos, naquele doce caramanchão,
Trilhava a murta de flores as coroas.
É a convicção minha que cada flor
O ar partilhe por ela sorvido.

Ao meu redor, saltavam e brincavam pássaros.
Atinar no que pensavam impossível me é.
Deles, contudo, o mínimo movimento se me afigurava
De encantos uma excitação.

Desfraldam sua ventoinha as flores em botão
Do ar fresco se aproveitando.
Pensar só me resta, não importa tudo que faça,
Que ali prazer existia.

Se esta convicção divina mensagem me for,
Se tal possa ser da natureza um sagrado plano,
Não tenho eu motivos para lamentar
O que de si mesmo fez o homem?

William Wordsworth
(Tradução do poema: Cunha e Silva Filho)

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Sutilezas Literárias # 046 - Moacyr Scliar

"Envolvido com felinos Max sempre esteve, de um modo ou de outro. Nascido em Berlim, em 1912, era filho de peleteiro e cresceu entre peles; e destas, as que mais apreciava eram as de leopardo, infelizmente raras na loja do pai, um pequeno estabelecimento situado num bairro não muito bem conceituado de Berlim. Ali vinham bater principalmente refugos: raposas de pedigree duvidoso, minks encontrados mortos sobre a neve, martas rejeitadas por outros peleteiros. E até mesmo – mas disto não se falava em família, era assunto tabu – o coelho tinha sua vez nos casacos vendidos às clientes mais tolas. Como negociante, e como pessoa, Hans Schmidt não era um tipo refinado. Atarracado como um urso, era veemente demais no exaltar a qualidade de sua mercadoria; ficava vermelho, berrava, salpicava de perdigotos a cara dos clientes; e em casa, entre uma colherada e outra da sopa ruidosamente sorvida, gabava-se à mulher e ao fi lho de já ter enganado muitos trouxas na vida. Ouviam-no em silêncio, Max e a mãe. Erna Schmidt era exatamente o oposto do marido, uma mulher pequena e tímida, sensível, não desprovida de certa cultura. Na adolescência, desejara ser declamadora; e à noite, em meio a confusos sonhos, recitava em voz alta versos de Goethe e de Schiller. O marido acordava-a a safanões: não posso dormir, gritava, por causa das tuas loucuras. Erna jamais reagia à brutalidade do marido; mas às vezes, enquanto estava contando uma história ao fi lho, interrompia-se de súbito e abraçava-se a ele aos prantos. Tudo isto causava desgosto ao Max, que herdara da mãe a sensibilidade quase doentia. Tanto desgosto quanto prazer lhe traziam as peles. Desde criança habituara-se a procurar refúgio no depósito da loja, um aposento de dimensões reduzidas que recebia um pouco de luz e ventilação através de uma janelinha guarnecida de grossas barras de ferro. Naquele lugar Max sentia-se feliz. Gostava de enfiar o rosto nas peles, principalmente (e isto veio depois a se revelar irônico) nas de felino. Estremecia de esquisita emoção ao lembrar que aquela pele um dia recobrira o corpo de um elegante animal que correra pela África atrás de gazelas. Apenas o despojo do bicho? Sim. Para Max, contudo, era como se a fera estivesse ali, viva. E havia o tigre, naturalmente, o que dava o nome à loja: Ao Tigre de Bengala. O animal tinha sido abatido pelo próprio Hans Schmidt, numa via gem que fi zera à Índia com o Clube dos Caçadores – uma aventura cuja descrição produzia no menino Max excitação, claro, mas sobretudo um mal-estar quase intolerável. A Índia, nas grosseiras, jocosas palavras do pai, era um lugar sujo, cheio de nativos esqueléticos, os chamados intocáveis. Para ele a única coisa que valera a pena, na viagem, fora a caçada ao tigre, que descrevia com profusão de detalhes. Falava da floresta impenetrável, dos ruídos misteriosos da noite, da tensa expectativa com que os caçadores, encarapitados em plataformas sobre árvores, aguardavam o tigre. E de repente a fera surgindo na clareira, o tiro certeiro – o tiro dele, Hans Schmidt – e ali estava, sobre o armá rio, o bicho, empalhado. Excelente trabalho, aliás, fi zera o empalhador. Deixara o couro quase intacto, a marca da bala mal sendo notada. Pela bocarra extraíra as vísceras, substituindo-as por estofo do melhor. Os olhos eram de vidro, mas perfeitos. A certa incidência de luz reluziam com um brilho feroz, o brilho que Max não via nos tigres do zoo, animais aliás velhos, conformados ao cativeiro. Desde muito pequeno Max tinha medo do tigre, um medo que chegava a dar-lhe pesadelos. Acordava à noite gritando, para desespero da mãe, que, além de todos seus problemas, sofria de asma e conhecia os pavores da noite. Hans Schmidt zombava dos temores do fi lho e não perdia ocasião para espicaçá-lo: covarde, não passas de um covarde. Uma noite, após o jantar, ordenou-lhe que fosse à loja, buscar um jornal supostamente lá esquecido. Max, então com nove anos, levantou objeções – o frio intenso, a escuridão – mas o pai, irritado, disse que deixasse de ser medroso e que fosse de uma vez. Erna pôs-se a chorar, pediu ao marido que pelo amor de Deus não fizesse aquilo com a criança. Max assistia à discussão, sentado, hirto. De 44 súbito levantou-se, e, sem nenhuma palavra, pegou o casaco e saiu. Ia para a loja. Caminhou apressado por ruas desertas. Ao dobrar uma esquina, deu com um grande grupo de pessoas que avançava pelo meio da rua, carregando tochas e cantando hinos: uma passeata dos socialistas. Os manifestantes avançavam lentamente; um lhe fez sinal para que viesse também. De repente, tropel de patas: policiais montados investiam contra os manifestantes, sabres desembainhados. Na confusão, Max viu um homem tombar, o crânio partido por uma es padeirada. Apavorado, correu para a loja, que fi cava perto. Tremia tanto que mal conseguiu enfiar a chave na porta; finalmente entrou, escondeu-se atrás de um manequim e ali ficou, no escuro, os dentes chocalhando. Aos poucos, os gritos foram cessando. A rua ficou em silêncio. Max mirava fixo o tigre. Ali estava ele, em cima de seu armário, os olhos – quando os faróis de um carro iluminavam o interior da loja – reluzindo com um brilho sinistro. Entre os dois, entre o menino e a fera, o balcão, e sobre este, o jornal. O jornal que Max jamais conseguiria alcançar; não, pelo menos, enquanto estivesse paralisado pelo medo, um medo como jamais sentira antes. Um medo humilhante e também uma surda e contida revolta. Para que precisava o pai do jornal? Que notícias tão importantes tinha de ler? Por que – e as lágrimas lhe corriam pelo rosto – era tão cruel com o filho, o único filho?" (...)

Moacyr Scliar, em "Max e os Felinos"  - 
Capítulo "O Tigre Sobre o Armário" - páginas 41 a 44 - Editora L&PM

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Cena de Cinema # 172 - Cazuza - O Tempo Não Pára

(Cazuza - O Tempo Não Pára - 2004) +

O dia e a hora LOST...

Recomendo a Leitura: Os Fantásticos Livros Voadores de Modesto Máximo

Os
Fantásticos
Livros Voadores
de Modesto
Máximo

William Joyce
Tradução de: 
Elvira Vigna


Título Original: The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore
56 páginas
Editora Rocco - Jovens Leitores

“Modesto Máximo gostava de palavras.
Gostava de histórias.
Gostava de Livros.”

Assim começa esta pequena e bela história sobre 
Modesto Máximo, um amante dos livros.

Uma história simples, mas singela.
Depois que um furacão atinge a casa de Modesto, onde ele 
 escreve suas memórias, destruindo tudo, ele fica sem ter 
pra onde ir, e sai andando a esmo, mas sem perder seus escritos.
No caminho em que faz,  viajando pelo céu, uma moça era
 levada por vários livros, e esta lhe entrega um exemplar.

 Este livro leva-o a uma biblioteca, onde ele passa a 
cuidar dos livros, enquanto escreve o seu próprio. 
Quando termina a última página do seu livro, ele adquire a
 capacidade de voar também e vai embora. Nesta hora chega 
uma menina, e o livro de Modesto Máximo cai no colo dela.
 Ela começa a ler e... “assim, a história termina como começou...
... com um livro sendo aberto.”

Sutilmente apaixonante, simplesmente fantástico. 

Este livro infanto-juvenil, se lê, em menos de 10 minutos, mas a história e as belíssimas ilustrações ficarão pra sempre em nossa memória. Diria que é um livro pra leitores de 8 a 80 anos. As lindas ilustrações do próprio autor e de John Bluhn, enriquecendo o livro, é uma dádiva aos olhos dos leitores.

Trecho:
“Modesto tentava manter os livros em algum tipo de ordem,
 mas eles sempre se misturavam.
As tragédias, precisando de alegria, iam visitar as comédias. 
As enciclopédias, exaustas de tantos fatos, relaxavam 
com os quadrinhos e os livros de ficção.
No fim, até que a bagunça fazia sentido.”

O autor:

Escritor e ilustrador, William Joyce trabalhou em grandes
 produções da Disney/Pixar, como "Vida de Inseto" e "Toy Story".
*
A história deste livro inspirou o filme vencedor do 
Oscar 2012 de Melhor Curta-metragem de Animação.

Veja abaixo, esta excelente animação, que foi merecedora do Oscar.
Amanhã, 9 de Abril é o Dia da Biblioteca !