"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

sábado, 28 de julho de 2018

Trilha Sonora (309) - Charlie Brown Jr.

Dias de Luta, Dias de Glória
Charlie Brown Jr.
Compositor: Chorão

Canto minha vida com orgulho

Na minha vida nem tudo acontece
Mas quanto mais a gente rala, mais a gente cresce
Hoje estou feliz porque eu sonhei com você
E amanhã posso chorar por não poder te ver mais

O seu sorriso vale mais que um diamante
Se você vier comigo, aí nóis vamo adiante
Com a cabeça erguida e mantendo a fé em Deus
O seu dia mais feliz vai ser o mesmo que o meu

A vida me ensinou a nunca desistir
Nem ganhar, nem perder, mas procurar evoluir
Podem me tirar tudo que tenho
Só não podem me tirar as coisas boas
Que eu já fiz pra quem eu amo
E eu sou feliz e canto
O universo é uma canção
E eu vou que vou

História, nossas histórias
Dias de luta, dias de glória
Histórias, nossas histórias
Dias de luta, dias de glória

Histórias, nossas histórias
Dias de luta, dias de glória
História, nossas histórias
Dias de luta, dias de glória

Oh, minha gata, morada dos meus sonhos
Todo dia, se eu pudesse, eu ia estar com você
Eu já te via muito antes nos meus sonhos
Eu procurei a vida inteira por alguém como você

Por isso eu canto minha vida com orgulho
Com melodia, alegria e barulho
Eu sou feliz e rodo pelo mundo
Sou correria, mas também sou vagabundo

Mas hoje dou valor de verdade
Pra minha saúde e pra minha liberdade
Que bom te encontrar nessa cidade
Esse brilho intenso me lembra você

História, nossas histórias
Dias de luta, dias de glória
Histórias, nossas histórias
Dias de luta, dias de glória

Histórias, nossas histórias
Dias de luta, dias de glória
História, nossas histórias
Dias de luta, dias de glória

Hoje estou feliz
Acordei com o pé direito
E eu vou fazer de novo
E vou fazer muito bem feito

Sintonia
Telepatia
Comunicação pelo córtex
Boom
Bye, bye

quinta-feira, 26 de julho de 2018

A Cartomante, por Lima Barreto

A Cartomante
Lima Barreto

Não havia duvida que naqueles atrasos e atrapalhações de sua vida, alguma influência misteriosa preponderava. Era ele tentar qualquer cousa, logo tudo mudava. Esteve quase para arranjar-se na Saúde Pública; mas, assim que obteve um bom “pistolão”, toda a política mudou. Se jogava no bicho, era sempre o grupo seguinte ou o anterior que dava. Tudo parecia mostrar-lhe que ele não devia ir para adiante. Se não fossem as costuras da mulher, não sabia bem como poderia ter vivido até ali. Há cinco anos que não recebia vintém de seu trabalho.
Uma nota de dois mil-réis, se alcançava ter na algibeira por vezes, era obtida com auxílio de não sabia quantas humilhações, apelando para a generosidade dos amigos.

Queria fugir, fugir para bem longe, onde a sua miséria atual não tivesse o realce da prosperidade passada; mas, como fugir? Onde havia de buscar dinheiro que o transportasse, a ele, a mulher e aos filhos? Viver assim era terrível! Preso à sua vergonha como a uma calceta, sem que nenhum código e juiz tivessem condenado, que martírio!

A certeza, porém, de que todas as suas infelicidades vinham de uma influência misteriosa, deu-lhe mais alento. Se era “coisa feita”, havia de haver por força quem a desfizesse. Acordou mais alegre e se não falou à mulher alegremente era porque ela já havia saído. Pobre de sua mulher! Avelhantada precocemente, trabalhando que nem uma moura, doente, entretanto a sua fragilidade transformava-se em energia para manter o casal. Ela saía, virava a cidade, trazia costuras, recebia dinheiro, e aquele angustioso lar ia se arrastando, graças aos esforços da esposa. Bem! As cousas iam mudar! Ele iria a uma cartomante e havia de descobrir o que e quem atrasavam a sua vida.

Saiu, foi à venda e consultou o jornal. Havia muitos videntes, espíritas, teósofos anunciados; mas simpatizou com uma cartomante, cujo anúncio dizia assim: “Madame Dadá, sonâmbula, extralúcida, deita as cartas e desfaz toda espécie de feitiçaria, principalmente a africana. Rua etc.”.

Não quis procurar outra; era aquela, pois já adquirira a convicção de que aquela sua vida vinha sendo trabalhada pela mandinga de algum preto mina, a soldo do seu cunhado Castrioto, que jamais vira com bons olhos o seu casamento com a irmã. Arranjou, com o primeiro conhecido que encontrou, o dinheiro necessário, e correu depressa para a casa de Madame Dadá. O mistério ia desfazer-se e o malefício ser cortado. A abastança voltaria à casa; compraria um terno para o Zezé, umas botinas para Alice, a filha mais moça; e aquela cruciante vida de cinco anos havia de lhe ficar na memória como passageiro pesadelo.

Pelo caminho tudo lhe sorria. Era o sol muito claro e doce, um sol de junho; eram as fisionomias risonhas dos transeuntes; e o mundo, que até ali lhe aparecia mau e turvo, repentinamente lhe surgia claro e doce. Entrou, esperou um pouco, com o coração a lhe saltar do peito. O consulente saiu e ele foi afinal à presença da pitonisa. 
Era sua mulher.
*

Em "Histórias e Sonhos" - Lima Barreto

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Frase da Vez

"É mais eficaz a moderação com
que se repreende, do que a 
severidade com que se castiga."
Marquês de Pombal
[Marquês de Pombal e Conde de Oeiras]
(Lisboa, 13 de maio de 1699 – Pombal, 8 de maio de 1782)
Foi um nobre, diplomata e estadista português.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Poesia a Qualquer Hora (311) - Carvalho Júnior

No relevo indigno da minha lápide

se eu tenho um chão
desses para os quais se inventam
hinos e outras pompas de maldizer,
fica abaixo da cintura de uma flor de cemitério
dos entrenós feridos
em que as borboletas acrobatas se distraem
nas manhãs de visita aos mortos desconhecidos.

quando a caçula da família destroça a cabeça
do último bailarino sem sombra
e rasga com vidro sujo de sangue
o corpo sem tinta da flor,
lê no relevo indigno da minha lápide:
nunca nasceu tal como a sua pátria.

Carvalho Júnior

quarta-feira, 18 de julho de 2018

100 Anos do Nascimento de Nelson Mandela

Hoje 18/07/2018, 100 anos do nascimento de Nelson Mandela
Por Juliana Bezerra

Nelson Rolihlahla Mandela (1918-2013) foi um advogado, ativista político e presidente da África do Sul de 1994 a 1999.

Mandela foi um dos líderes do movimento contra o regime do apartheid no país e ficou 27 anos na prisão por consequência de sua luta política.

Biografia
Nelson Rolihlahla Mandela nasceu na vila de Mvezo, no dia 18 de julho de 1918, numa família de aristocratas.

Recebeu o nome Rolihlahla dos seus pais e na escola, o nome de “Nelson”, segundo o costume de receber um nome inglês dos professores, pois os britânicos não conseguiam pronunciar os nomes africanos.

Em 1927, com a morte de seu pai, Henry Mgadla, Nelson Mandela, antes de completar 10 anos, foi morar com seu tio e, assim, teve acesso a uma ampla educação formal.

Estudou na escola preparatória “Clarkebury Boarding Institute”, escola de negros da elite, e no “Colégio Healdtown”, um internato.

Em 1939, com 21 anos, ingressa na “Universidade Fort Hare”, a primeira Universidade da África do Sul, fundada em 1916.
Nelson Mandela visita a prisão onde esteve recluso por 27 anos

Naquela época, a África do Sul estava governada pelos “afrikaners”, descendentes dos colonizadores ingleses que continuavam a manter sua posição privilegiada.

A população negra era marginalizada através de leis que regulavam os espaços públicos com praias específicas para brancos e negros até a utilização de banheiros e bebedouros. Também proibiam o casamento inter-racial.

Luta contra o Apartheid
Envolvido em movimentos estudantis e protestos dentro da Universidade, Mandela resolve deixar a faculdade, antes de terminar o curso, e vai para Joanesburgo, capital da África do Sul.

Foi nesse momento, diante dos problemas enfrentados na cidade grande e ainda do abismo existente entre negros e brancos, que Mandela resolve voltar a estudar e lutar contra o racismo em seu país.

Em meados da década de 40, graduou-se em Artes na “Universidade da África do Sul” e Direito na “Universidade de Witwatersrand”.

Nesse contexto, Mandela começa a frequentar as reuniões da CNA (Congresso Nacional Africano), movimento contra o Apartheid. Em 1944, junto com Walter Sisulo e Oliver Tambo fundam a “Liga Juvenil do CNA”. Nesse mesmo ano, casa-se com Evelyn Mase, com quem teve 4 filhos. A união, entretanto, durou 12 anos.

Em 1960, ocorre o “Massacre de Sharpeville”, quando a polícia reprime negros que protestavam pacificamente contra o regime e foram mortos pela polícia. A ação deixou 69 negros mortos e mais de cem feridos.

Este fato foi decisivo para que Mandela se envolvesse ainda mais na militância política. Torna-se o comandante do braço armado da CNA, contudo, em 1962 foi condenado e preso permanecendo até 1990, por 27 anos.

Prisão
A prisão de Nelson Mandela provou uma onde de indignação em todo mundo. Vários protestos foram organizados em Londres, Paris e Estados Unidos exigindo a libertação do líder.

Mesmo encarcerado em terríveis condições que incluíam trabalhos forçados e isolamento, Mandela não deixou de escrever e militar.

Sua segunda esposa, Willie, continuou a luta contra o segregacionismo ao mesmo tempo em que pedia a libertação do marido.

Mandela proclama que deve trilhar o “Caminho das provas” se quiser alcançar o seu objetivo de criar uma África do Sul para negros e brancos.

Os presidentes sul-africanos, no entanto, recusaram constantemente libertá-lo. Somente em 1984 houve uma oferta. Mandela poderia sair da prisão, sob condição que se afastasse da política. Ele recusou a proposta e ficaria preso mais seis anos.

No dia 11 de fevereiro de 1990, o presidente da África do Sul, Frederik de Klerk, liberta Nelson Mandela e ademais, retira da ilegalidade o CNA. Assim, acabaria oficialmente com a lei do apartheid.

Nelson Mandela e Frederik de Klerk recebem o Prêmio Nobel da Paz
Três anos depois, ambos foram agraciados com o prêmio Nobel da Paz por sua luta pelos direitos civis e humanos no país. Mandela ainda ganharia o título de "Pai da Pátria" da moderna nação sul-africana.

Destarte, Mandela foi eleito presidente do país em 1994 e governou até 1999.

Ao sair da prisão, Mandela fez um discurso chamando o país à reconciliação:

“Eu lutei contra a dominação branca, e lutei contra a dominação negra. Eu tenho prezado pelo ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas possam viver juntas em harmonia e com iguais oportunidades. É um ideal pelo qual eu espero viver e que eu espero alcançar. Mas, caso seja necessário, é um ideal pelo qual eu estou pronto para morrer.”

Faleceu dia 5 de dezembro de 2013, em Houghton, Joanesburgo, África do Sul, com 95 anos.

Frases:
“A educação é a mais poderosa arma pela qual se pode mudar o mundo.”

“Seja qual for o Deus, eu sou mestre do meu destino e capitão da minha alma.”

“Eu odeio o racismo, pois o considero uma coisa selvagem, venha ele de um negro ou de um branco.”

“Democracia com fome, sem educação e saúde para a maioria, é uma concha vazia.”

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”

“Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria linguagem, você atinge seu coração.”

“A educação é o grande motor do desenvolvimento pessoal. É através dela que a filha de um camponês pode se tornar uma médica, que o filho de um mineiro pode se tornar o diretor da mina, que uma criança de peões de fazenda pode se tornar o presidente de um país.”

Curiosidades
Em 2010, a ONU (Organização das Nações Unidas) define o “Dia Internacional de Nelson Mandela” (Mandela Day), comemorado dia 18 de julho, data de seu nascimento.​

Diversos livros, filmes e documentários foram inspirados na trajetória de Nelson Mandela, dos quais se destacam:

Os livros de memórias: “Conversas que tive comigo” (2010) e “Longa caminhada até a liberdade” (2012);

Os filmes: “Discursos de Nelson Mandela” (1995), “Mandela, luta pela liberdade” (2007), “Invictus” (2009), “Mandela: longo caminho para a liberdade” (2013);

Os documentários: “Nunca perca a esperança” (1984), “Viva Mandela” (1990), “Contagem regressiva para a liberdade: dez dias que mudou a África do Sul” (1994), “Mandela: Filho da África, pai de uma nação” (1996) e “Nelson Mandela: um homem justo” (2000).