"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

domingo, 31 de maio de 2015

"Loucos e Santos" de Wilde, declamado por Abujamra



Oscar Wilde (16/10/1854 - 30/11/1900) - Escritor Irlandês
Antônio Abujamra (15/9/1932 - 28/04/2015) - Ator e Apresentador Brasileiro

sábado, 30 de maio de 2015

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Trilha Sonora (193) - Djavan

Oceano
Djavan
Assim
Que o dia amanheceu
Lá no mar alto da paixão
Dava pra ver o tempo ruir
Cadê você? Que solidão!
Esquecera de mim

Enfim
De tudo que há na terra
Não há nada em lugar nenhum
Que vá crescer sem voce chegar
Longe de ti tudo parou
Ninguém sabe o que eu sofri

Amar é um deserto
E seus temores
Vida que vai na sela
Dessas dores
Não sabe voltar
Me dá teu calor

Vem me fazer feliz
Porque eu te amo
Você deságua em mim
E eu oceano
Esqueço que amar
É quase uma dor
Só sei
Viver
Se for
Por você

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Poesia a Qualquer Hora (196) - Caio Cardoso Tardelli

Soberania

"Na rude estrada em que me perdia,
Tingia o sol meu rumo inconstante...
A esperança era um vento arfante
Já sem manifesta feição ou melodia.

O meu peito exausto não mais pedia
A água para a sede apavorante:
Um manso descanso é o bastante
Quando a ilusão já não alumia.

A tristeza circundava os momentos:
O céu era o meu abrigo aos relentos,
As estrelas minhas amantes cristalinas.

E quando n'horizonte (ó êxtases belos!)
Floriu a visão de derrotados castelos,
Vi-me soberano entre íntimas ruínas..."

Caio Cardoso Tardelli

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Um Cinturão, de Graciliano Ramos

Um Cinturão
Graciliano Ramos

As minhas primeiras relações com a justiça foram dolorosas e deixaram-me funda impressão. Eu devia ter quatro ou cinco anos, por aí, e figurei na qualidade de réu. Certamente já me haviam feito representar esse papel, mas ninguém me dera a entender que se tratava de julgamento. Batiam-me porque podiam bater-me, e isto era natural.

Os golpes que recebi antes do caso do cinturão, puramente físicos, desapareciam quando findava a dor. Certa vez minha mãe surrou-me com uma corda nodosa que me pintou as costas de manchas sangrentas. Moído, virando a cabeça com dificuldade, eu distinguia nas costelas grandes lanhos vermelhos. Deitaram-me, enrolaram-me em panos molhados com água de sal – e houve uma discussão na família. Minha avó, que nos visitava, condenou o procedimento da filha e esta afligiu-se. Irritada, ferira-me à toa, sem querer. Não guardei ódio a minha mãe: o culpado era o nó. Se não fosse ele, a flagelação me haveria causado menor estrago. E estaria esquecida. A história do cinturão, que veio pouco depois, avivou-a.

Meu pai dormia na rede, armada na sala enorme. Tudo é nebuloso. Paredes extraordinariamente afastadas, rede infinita, os armadores longe, e meu pai acordando, levantando-se de mau humor, batendo com os chinelos no chão, a cara enferrujada. Naturalmente não me lembro da ferrugem, das rugas, da voz áspera, do tempo que ele consumiu rosnando uma exigência. Sei que estava bastante zangado, e isto me trouxe a covardia habitual. Desejei vê-lo dirigir-se a minha mãe e a José Baía, pessoas grandes, que não levavam pancada. Tentei ansiosamente fixar-me nessa esperança frágil. A força de meu pai encontraria resistência e gastar-se-ia em palavras.

Débil e ignorante, incapaz de conversa ou defesa, fui encolher-me num canto, para lá dos caixões verdes. Se o pavor não me segurasse, tentaria escapulir-me: pela porta da frente chegaria ao açude, pela do corredor acharia o pé do turco. Devo ter pensado nisso, imóvel, atrás dos caixões. Só queria que minha mãe, sinhá Leopoldina, Amaro e José Baía surgissem de repente, me livrassem daquele perigo.

Ninguém veio, meu pai me descobriu acocorado e sem fôlego, colado ao muro, e arrancou-me dali violentamente, reclamando um cinturão. Onde estava o cinturão? Eu não sabia, mas era difícil explicar-me: atrapalhava-me, gaguejava, embrutecido, sem atinar com o motivo da raiva. Os modos brutais, coléricos, atavam-me; os sons duros morriam, desprovidos de significação.

Não consigo reproduzir toda a cena. Juntando vagas lembranças dela a fatos que se deram depois, imagino os berros de meu pai, a zanga terrível, a minha tremura infeliz. Provavelmente fui sacudido. O assombro gelava-me o sangue, escancarava-me os olhos.

Onde estava o cinturão? Impossível responder. Ainda que tivesse escondido o infame objeto, emudeceria, tão apavorado me achava. Situações deste gênero constituíram as maiores torturas da minha infância, e as conseqüências delas me acompanharam.

O homem não me perguntava se eu tinha guardado a miserável correia: ordenava que a entregasse imediatamente. Os seus gritos me entravam na cabeça, nunca ninguém se esgoelou de semelhante maneira.

Onde estava o cinturão? Hoje não posso ouvir uma pessoa falar alto. O coração bate-me forte, desanima, como se fosse parar, a voz emperra, a vista escurece, uma cólera doida agita coisas adormecidas cá dentro. A horrível sensação de que me furam os tímpanos com pontas de ferro.

Onde estava o cinturão? A pergunta repisada ficou-me na lembrança: parece que foi pregada a martelo.

A fúria louca ia aumentar, causar-me sério desgosto. Conservar-me-ia ali desmaiado, encolhido, movendo os dedos frios, os beiços trêmulos e silenciosos. Se o moleque José ou um cachorro entrasse na sala, talvez as pancadas se transferissem. O moleque e os cachorros eram inocentes, mas não se tratava disto. Responsabilizando qualquer deles, meu pai me esqueceria, deixar-me-ia fugir, esconder-me na beira do açude ou no quintal. Minha mãe, José Baía, Amaro, sinhá Leopoldina, o moleque e os cachorros da fazenda abandonaram-me. Aperto na garganta, a casa a girar, o meu corpo a cair lento, voando, abelhas de todos os cortiços enchendo-me os ouvidos – e, nesse zunzum, a pergunta medonha. Náusea, sono. Onde estava o cinturão? Dormir muito, atrás de caixões, livre do martírio.

Havia uma neblina, e não percebi direito os movimentos de meu pai. Não o vi aproximar-se do torno e pegar o chicote. A mão cabeluda prendeu-me, arrastou-me para o meio da sala, a folha de couro fustigou-me as costas. Uivos, alarido inútil, estertor. Já então eu devia saber que gogos e adulações exasperavam o algoz. Nenhum socorro. José Baía, meu amigo, era um pobre-diabo.

Achava-me num deserto. A casa escura, triste; as pessoas tristes. Penso com horror nesse ermo, recordo-me de cemitérios e de ruínas mal-assombradas. Cerravam-se as portas e as janelas, do teto negro pendiam teias de aranha. Nos quartos lúgubres minha irmãzinha engatinhava, começava a aprendizagem dolorosa.

Junto de mim, um homem furioso, segurando-me um braço, açoitando-me. Talvez as vergastadas não fossem muito fortes: comparadas ao que senti depois, quando me ensinaram a carta de A B C, valiam pouco. Certamente o meu choro, os saltos, as tentativas para rodopiar na sala como carrapeta eram menos um sinal de dor que a explosão do medo reprimido. Estivera sem bulir, quase sem respirar. Agora esvaziava os pulmões, movia-me num desespero.

O suplício durou bastante, mas, por muito prolongado que tenha sido, não igualava a mortificação da fase preparatória: o olho duro a magnetizar-me, os gestos ameaçadores, a voz rouca a mastigar uma interrogação incompreensível.

Solto, fui enroscar-me perto dos caixões, coçar as pisaduras, engolir soluços, gemer baixinho e embalar-me com os gemidos. Antes de adormecer, cansado, vi meu pai dirigir-se à rede, afastar as varandas, sentar-se e logo se levantar, agarrando uma tira de sola, o maldito cinturão, a que desprendera a fivela quando se deitara. Resmungou e entrou a passear agitado. Tive a impressão de que ia falar-me: baixou a cabeça, a cara enrugada serenou, os olhos esmoreceram, procuraram o refúgio onde me abatia, aniquilado.

Pareceu-me que a figura imponente minguava – e a minha desgraça diminuiu. Se meu pai se tivesse chegado a mim, eu o teria recebido sem o arrepio que a presença dele sempre me deu. Não se aproximou: conservou-se longe, rondando, inquieto. Depois se afastou.

Sozinho, vi-o de novo cruel e forte, soprando, espumando. E ali permaneci, miúdo, insignificante, tão insignificante e miúdo como as aranhas que trabalhavam na telha negra.

Foi esse o primeiro contato que tive com a justiça.
*

Este conto foi publicado no livro "Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século" 

Org. Ítalo Moriconi -  Editora Objetiva (2000)

quarta-feira, 27 de maio de 2015

terça-feira, 26 de maio de 2015

Tupaciguara tem mais uma etapa de asfaltamento nas próximas semanas

Três milhões de reais serão investidos pela Prefeitura em obras de asfalto, drenagem pluvial, sinalização e abertura de ruas

No final de abril, a Prefeita Edilamar Novais Borges assinou contrato com a empresa CFL –Construtora Ferreira e Lima Ltda – para dar inicio à importantes obras na cidade.

Cerca de três milhões serão investidos em drenagem pluvial, pavimentação asfáltica, recapeamentos asfálticos, meio-fio, projeto de sinalização, sarjeta e abertura de ruas.

O projeto contempla os bairros Morada Nova, Cynthia, Distrito industrial, Andorinhas, Esplanada, Planalto e centro.

Reivindicação antiga, a ligação da Rua Josina de Paiva à Rua Maria Ferreira Rosa, no bairro Morada Nova, vai se tornar realidade, finalmente. Com trânsito intenso e confluência com os novos bairros como Jardim Esplanada e Planalto, o bairro Morada Nova tornou-se uma via de acesso importante. Cerca de 3000 pessoas moram nestes bairros e o fluxo de veículos e motos tem aumentado muito. Com a abertura da Rua Josina de Paiva para ligar a estes bairros a tendência que o trânsito flua melhor, sem contar os outros benefícios, segundo o Secretário de Obras, Ribamar.

Ribamar ainda mencionou que o projeto tem outra via de ligação importante, que é o bairro Andorinhas ao Distrito industrial, o que vai evitar o acesso pela Rodovia 452 e melhorar muito aquele setor, com pavimentação asfáltica, meio fio e sarjeta.

No projeto constam obras de infraestrutura urbana nas ruas: Lindolfo Vieira Tavares, Pascoal Manzan, Lady Fidélis, Amadeu Chiarotti, Lúcio de Barros, Heródoto Ferreira Pontes, Dario Faria Filho, Rodrigo do Vale, Bueno Brandão e Av. Tupaciguara.

Uma obra importante que deverá embelezar o centro da cidade, além de oportunizar conforto e segurança é o recapeamento asfáltico e nova sinalização de trânsito na Rua Bueno Brandão, que compreende o Trecho que vai da Rua Camilo Abdulmassih, até a Av. Tiradentes.

No bairro Cynthia, está previsto pavimentação asfáltica, construção de meio fio, sarjetas e sinalização de ruas e avenidas. A ligação do bairro Andorinhas ao Distrito Industrial, com pavimentação asfáltica, meio fio e sarjeta está também incluída no projeto.


"São importantes obras que trarão com certeza melhorias para o trânsito da cidade."

Recomendo a Leitura: Almanaque de Corruptos, Ditadores e Tiranos Nojentos

Almanaque de Corruptos,
Ditadores e Tiranos Nojentos

Fátima Mesquita

Ano: 2006 / Páginas: 251

Idioma: português

Editora: Panda Books


O Almanaque conta-nos como agem e agiram alguns políticos, ditadores e tiranos, no Brasil e no Mundo.  Como eles usam a máquina pública em benefício próprio e para os parentes. Você entenderá o que é propina, superfaturamento, apropriação de bens e serviços, caixa dois, licitações fraudulentas, sonegação fiscal, nepotismo, prevaricação, extorsão, crime do colarinho branco, abuso de poder, lavagem de dinheiro, entre outros crimes relacionados à política e aos governos mais corruptos do mundo. Tudo isso contado de modo irreverente, com muita história, curiosidades e fatos engraçados, mas sem perder a seriedade do assunto.

O livro é ricamente ilustrado por Fábio Sgroi.

Além dos políticos corruptos, aparecem no livro, listados os ditadores que mais enriqueceram depois de subir no poder, e os tiranos mais sádicos, que mandavam matar pessoas que eram contrárias às ideias deles, cometendo vários crimes contra a humanidade, além de genocídios.

E mais: a história das primeiras eleições no Brasil: O voto não era secreto; Tinha o voto de cabresto;  Tinha o “curral eleitoral”; Não existia partido político; Fraudes nasciam nas mesas eleitorais;  Em 1881 podia votar só quem tinha dinheiro, etc...

Uma verdadeira aula de política com grande conhecimento dos assuntos relacionados à política mundial, mas muito divertida, descontraída e elucidativa.

O livro se divide em 5 capítulos:
  • Corruptâncias, 
  • Antivírus djá,
  • Campeões do Trelelê,
  • Pausa para Votar e
  • Tiranozildos.
Este livro que é dedicado "a todo mundo que acha que vale a pena morar num país onde a gente pode dizer o que pensa e em que os corruptos podem ser localizados, investigados e punidos pelas maracutingas que fazem."

Excelente livro. Recomendo a todos que leem esta obra. Este livro estimula e muito a conscientização das pessoas, pois vivemos em um país corrupto, e não é de hoje.

Trechos:
“Pois é, tanta gente falando de corrupção o tempo todo e a gente nem sabe direito o que a dita palavra quer dizer de verdade, não é? Então eu fui olhar no dicionário para você. E está lá: vem do termo latino corruptus que, a princípio, significa, “quebrado em pedaços”, ou seja, estragado, corrompido e, por extensão, podre.” – página 8

“Nem todo político é corrupto, mas todo corrupto é criminoso.” – p. 9

“Pode até ser um prazer seu meter o pau nos governos, nos funcionários públicos e nos políticos, mas você não pode se esquecer de que a corrupção, em geral, envolve duas partes: um representante do governo (ou um político) de um lado e do outro uma empresa privada ou uma pessoa comum, assim com eu e, ora, vejam só, você.” – p. 17

“A corrupção brota da mistura de três fatores: da má fé das pessoas, do fato de as coisas não estarem bem organizadas, bem controladas, bem administradas nos três poderes e da certeza do corrupto de que ele não vai ser punido.” – p. 28

Você sabia que:

  • 9 de Dezembro: Dia Internacional  de Combate à Corrupção.
  • O Título Eleitoral surgiu no Brasil em 1875.
  • São formas de governo: O de muitos é a democracia. O de poucos (e seletos!) é a aristocracia. E o de um só é a monarquia. O de todos é a anarquia.”
A Autora:
Fátima Mesquita  nasceu em 1965, e é minera de Belo Horizonte. Morou em João Monvelade (MG), Belo Horizonte (MG), São José dos Campos (SP), campo Grande (MS), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Ware e Londres, na Inglaterra, Luanda em Angola e atualmente reside em Toronto. Sua vida profissional também é extensa: foi professora, produziu documentários, fez roteiros de vídeos, foi colunista do jornal Agora São Paulo, escreveu campanhas políticas, entre outras atividades. Com a mesma linguagem irreverente e divertida, publicou pela Panda Books o "Almanaque de puns, melecas e coisas nojentas" e o "Almanaque de baratas, minhocas e bichos nojentos".

Fica a dica!

Charges de Edra

5 Charges de Edra




Edra é Cartunista, Designer Gráfico, Produtor Cultural e Editor. 
Realizador do Salão Internacional de Humor de Caratinga, 
Diretor da Casa Ziraldo de Cultura. Chargista do Diário de
 Caratinga desde 2003. Tem 17 livros publicados.

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segunda-feira, 25 de maio de 2015

Filmes vencedores do Festival de Cannes 2015

Foram entregues na tarde de ontem (24/05) os prêmios
aos vencedores do 68º Festival de Cinema de Cannes.
O júri foi presidido pelos irmãos cineastas Ethan e Joel Coen.

Veja abaixo todos os premiados:

COMPETIÇÃO OFICIAL
Palma de Ouro: Dheepan (Jacques Audiard, França)

Grand Prix: Son of Saul (László Nemes, Hungria) 

Melhor diretor: Hou Hsiao-hsien (The Assassin, Taiwan) 

Prêmio do Juri: The Lobster (Yorgos Lanthimos, 
Grécia/Irlanda/Reino Unido/Holanda/França) 

Melhor Ator: Vincent Lindon (The Measure of a Man, França)

Melhor Atriz: Emmanuele Bercot (Mon Roi, França)
e Rooney Mara (Carol, Reino Unido)

Melhor roteiro: Michel Franco (Chronic, México/França)

MOSTRA UN CERTAIN REGARD
Melhor filme: Rams (Grimur Hakonarson, Islândia/Dinamarca)

Prêmio do Juri: The High Sun (Dalibor Matanic, Croácia/Eslovênia/Sérvia)

Melhor Diretor: Kiyoshi Kurosawa (Journey to the Shore, Japão/França)

Prêmio Futuro: Nahid (Ida Panahandeh, Irã) 
e Masaan (Neeraj Ghaywan, França/Índia)

A Certain Talent: Corneliu Porumboiu (The Treasure, Romênia)

OUTROS PRÊMIOS
Camera d'Or: La Tierra y la Sombra (Cesar Augusto Acevedo, Colômbia)

Directors' Fortnight Art Cinema Award: The Embrace of the Serpent
(Ciro Guerra, Colômbia)

Directors' Fortnight Europa Cinemas Label: Mustang (Deniz Gamze Erguven, França/Turquia/Alemanha)

Directors' Fortnight SACD Prize: My Golden Days (Arnaud Desplechin, França)

Grand Prix da crítica: Paulina (Santiago Mitre, Argentina/Brasil/França)

Visionary Prize da crítica: La Tierra y la Sombra

Menção honrosa da crítica: Agnes Varda

Palme d'Or curta-metragem: Waves '98 (Ely Dagher)

Juri Ecumênico: My Mother (Nanni Moretti)

PRÊMIOS FIPRESCI
Federação Internacional de Críticos de Cinema

Competição: Son of Saul (László Nemes, Hungria)

Un Certain Regard: Masaan

(°> Via: OMELETE >>>

Frase para a Semana

“Vou-lhe dizer um grande 
segredo, meu caro. Não 
espere o juízo final. Ele 
realiza-se todos os dias.” 
Albert Camus
 (Mondovi, 7 de novembro de 1913 — Villeblevin (FRA), 4 de janeiro de 1960) 
Escritor, romancista, ensaísta, dramaturgo e filósofo francês nascido na Argélia.
Camus foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura de 1957

sábado, 23 de maio de 2015

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Trilha Sonora (192) - Maria Rita

Cara Valente
Maria Rita
Compositor: Marcelo Camelo
Não, ele não vai mais dobrar
Pode até se acostumar
Ele vai viver sozinho
Desaprendeu a dividir

Foi escolher o mal-me-quer
Entre o amor de uma mulher
E as certezas do caminho
Ele não pôde se entregar
E agora vai ter de pagar com o coração 

Olha lá, ele não é feliz
Sempre diz
Que é do tipo cara valente
Mas, veja só
A gente sabe
Esse humor é coisa de um rapaz
Que sem ter proteção
Foi se esconder atrás
Da cara de vilão
Então, não faz assim, rapaz
Não bota esse cartaz
A gente não cai, não

Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver na pior
Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver nesse mundo de mágoas

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Poesia a Qualquer Hora (195) - Dante Milano

Canção Bêbeda

Estou bêbedo de tristeza,
De doçura, de incerteza,
Estou bêbedo de ilusão,
Estou bêbedo, estou bêbedo,
Bêbedo de cair no chão.

Os que me virem caído
Pensarão que estou ferido.
Alguém dirá: "Foi suicídio!"
"É um bêbedo!" outros dirão.

E ficarei estirado,
Bêbedo, desfigurado.

Talvez eu seja arrastado
Pelas ruas, empurrado,
Jogado numa prisão.

Ninguém perdoa o meu sonho,
Riem da minha tristeza,

Bêbedo, bêbedo, bêbedo,

Em mim, humilhada a glória,
Escarnecida a poesia,

Rasgado o sonho, a ilusão
Sumindo, a emoção doendo.

E ficarei atirado,
Bêbedo, desfigurado.

Dante Milano

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Sutilezas Literárias # 048 - Khaled Hosseini

"Quando as meninas estavam com nove anos, a família se reuniu na casa de Saboor para um iftar no início da tarde, para encerrar o jejum do Ramadã. Os adultos ocupavam almofadas em volta do aposento, e a conversa era barulhenta. Chá, votos de felicidade e fofocas eram passados em igual proporção. Os homens dedilhavam contas de orações. E Parwana mantinha-se em silêncio, feliz por respirar o mesmo ar que Saboor, estar na vizinhança de seus olhos escuros como os de uma coruja.

Durante o evento, lançava olhares na direção dele. Surpreendeu-o mordendo um cubo de açúcar, coçando a curva suave da testa, rindo com gosto de algo que um tio mais velho dissera. Se ele percebesse que estava olhando, Parwana logo desviava o olhar, tensa e constrangida. Os joelhos começavam a tremer. A boca ficava tão seca que mal conseguia falar.


Parwana pensava, então, no caderno de anotações escondido debaixo de uma pilha de coisas dela em casa. Saboor estava sempre contando histórias, cheias de jinis e fadas, demônios e devs; era comum os garotos da aldeia se juntarem ao seu redor, para ouvir em absoluto silêncio as fábulas que inventava para eles. Mais ou menos seis meses antes, Parwana entreouvira Saboor contando a Nabi que gostaria de escrever suas histórias algum dia. Tempos depois, Parwana estava com a mãe num bazar em outra cidade, e ali, numa banca que vendia livros usados, viu um caderno lindo, com páginas lisas e pautadas, com uma capa de couro marrom-escuro com relevos nas bordas. Segurou o caderno na mão, sabendo que não tinha dinheiro para comprar aquilo. Então Parwana escolheu um momento em que o lojista não estava olhando e rapidamente enfiou o caderno embaixo do suéter.

Mas, nos seis meses que haviam se passado desde então, Parwana ainda não tinha criado
coragem para dar o caderno a Saboor. Morria de medo que ele caçoasse dela, ou que visse o que era e devolvesse o presente. Todas as noites, ao deitar, Parwana se agarrava ao caderno, escondido nas mãos embaixo da colcha, os dedos acariciando os relevos da capa de couro. Amanhã, prometia a si mesma. Amanhã eu vou dar o caderno a ele. Mais tarde naquele dia, depois do jantar em comemoração ao iftar, todos os meninos correram para brincar lá fora. Parwana, Masooma e Saboor se revezavam no balanço que o pai de Saboor havia pendurado num galho forte do carvalho gigante. Era a vez de Parwana se balançar, mas Saboor sempre se esquecia de empurrar o balanço, entretido em contar mais uma história. Dessa vez, era sobre o gigantesco carvalho, que ele dizia ter poderes mágicos. Se você tivesse um desejo, falou, só precisava se ajoelhar diante da árvore e dizê-lo em voz baixa. E se a árvore concordasse em realizar o desejo, soltaria exatamente dez folhas em sua cabeça.

Quando o balanço estava quase parando, Parwana virou-se para pedir a Saboor que continuasse empurrando, mas as palavras morreram em sua garganta. Saboor e Masooma estavam sorrindo um para o outro, e Parwana viu o caderno nas mãos de Saboor. O caderno dela. Eu encontrei lá em casa, disse Masooma depois. Era seu? Um dia eu pago de alguma forma, prometo. Você não achou ruim, achou? Simplesmente achei que era perfeito para ele. Para as histórias que conta. Você viu a expressão que ele fez? Você viu, Parwana?

Parwana disse que não, que não achava ruim, mas se sentiu dilacerada por dentro. Vezes sem conta visualizou a irmã e Saboor sorrindo um para o outro, o olhar que trocavam. Parwana poderia até ter desaparecido em pleno ar, como um gênio das histórias de Saboor, tão alheios os dois estavam de sua presença. Foi uma ferida profunda. Naquela noite, na cama, ela chorou bem baixinho."


Khaled Hosseini, em "O Silêncio das Montanhas". 
Tradução de: Claudio Carina - Páginas 58 e 59, Editora Globo

terça-feira, 19 de maio de 2015

Gif: Vândalos Nerds


Tiras de Adão Iturrusgarai

6 Tiras de Adão Iturrusgarai
 
 
 
 
 
Adão Iturrusgarai nasceu no ano de 1965 na cidade de Cachoeira do
Sul, Rio Grande do Sul. No Brasil publica seus quadrinhos nos
 Jornais Folha de São Paulo e O Liberal. Publica também
 na revista Fierro (Argentina). Adão atualmente vive com sua
mulher e dois filhos na província de Córdoba, Argentina.
(°> Veja mais: Blog do Adão >>>

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Frase para a Semana

"Excesso de expectativa
é o caminho mais curto
para a frustração."
Martha Medeiros
 (20 de agosto de 1961, em Porto Alegre - RS).
É jornalista, escritora e poetisa brasileira.