"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Frase da Vez

“É melhor fracassar na
 originalidade do que ter 
êxito na imitação.”
Melville
(Nova Iorque, 1º de agosto de 1819 - Nova Iorque, 28 de setembro de 1891) 
Foi um escritor, poeta e ensaísta estadunidense.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

O Batizado da Vaca, por Chico Anísio

O Batizado da Vaca
Chico Anísio

O lugar era tão bonito, o clima tão bom, as flores tão rosas e as vacas tão bovinas, que o chefe da família achou que valeria a pena comprar ali uma fazenda. Consultou a família que, de pronto, foi contra. Isto colaborou demais para que o chefe da família entrasse, imediatamente, em conversações com o proprietário de uma, que se queria desfazer da fazenda, por achar que ela estava num lugar que não era lá essas coisas, o clima era idiota, as flores não fugiam daquela variedade: rosas, rosas, rosas, e as vacas, coitadas, eram simplesmente bovinas — numa total falta de imaginação. Vá-se querer que as vacas tenham isso! O negócio foi fechado por um dinheiro grande, e a família tomou posse da propriedade dois dias depois, data que coincidia com a véspera do fim das férias.

A fazenda ficava num vale e era separada em duas partes por um córrego como o que só corre na infância dos escritores. Tinha matas e vacas, rosas e charcos, galinhas e caseiros.

— Uma idiotice, comprar essa fazenda — vaticinou a esposa, numa contrariedade de quem faz doze pontos.

— Comprar terra sempre é bom negócio — vibrou o chefe da família, puxando o ar, a encher o peito com um cheiro de estrume que vinha do estábulo.

— Olhe em volta. Até onde a vista alcança, tudo é nosso. Está vendo o abacateiro? É nosso; Aquele caqui-chocolate? É nosso. A carreira de jabuticabeiras? Nossa. O mato, a casa, a cocheira, o estábulo, o caminho, tudo é nosso. Esse céu, que cobre a fazenda, é o único pedaço de céu que é nosso, porque o da cidade é do governo. Aqui, mandamos nós, porque aqui tudo é nosso!

— Pra quê? — sintetizou a mulher, numa pergunta de esposa.

— Ora — explicou admiravelmente o chefe da família —, para ser nosso. Nossa terra, nosso chão, nosso cantinho, nossas rosas! — e pegou numa, furando o dedo.

Durante o curativo no dedo magoado um dos trabalhadores da fazenda aproximou-se com uma notícia muito importante: a fazenda acabava de crescer de valor pelo nascimento de uma bezerrinha.

— Viu? — comentou, vitorioso, o chefe da família, batendo nas costas da esposa, de modo a fazê-la cuspir a primeira jabuticaba que tentava comer. — Nasceu uma vaquinha!

A notícia correu para os demais da família ao mesmo tempo em que, para os pais, corriam os filhos, estes, sim, felizes, ao saber do nascimento da novilha.

— É menino ou menina? — perguntou um menino que, de tão longos cabelos, nem se sabia se era menino ou menina.

— Não é assim que se fala, menino — esclareceu o pai. — A pergunta é: bezerra ou bezerro? É uma bezerrinha.

— Vamos ver? Vamos ver? — gritavam os filhos a sugestão lógica das crianças que nunca viram vaca a não ser nos desenhos das latas de leite em pó.

Foram. A vaca não deixou que se aproximassem da cria, que ficou sendo observada a distância pela família encantada e pelo caseiro indiferente e até um pouco irritado por haver uma vaca a mais no seu mundo.

— Quem é o pai? — perguntou a moça mais taluda.

— Um boi desses — errou o pai.

— Um touro! — corrigiu o caseiro, sabedor ele de que o boi é um touro que já era; boi é um touro que perdeu os documentos.

— Pois é — emendou o pai na mesma veemência —, um tourão danado desses. Olha a carinha dela. Os olhinhos ainda estão fechados.

— Vamos batizar! — gritou um menino.

— Boa ideia — concordou o chefe da família. — Quem vai escolher o nome?

— Eu. Eu. Eu. Eu — disseram, um a cada vez, os quatro filhos do casal.

E começou a discussão sobre o nome a ser posto na recém-nascida que, indiferente a tudo, mamava na mãe, provando, assim, que ela (a mãe) não era tão vaca quanto julgavam.

— Aretha Franklin!

— Janis Joplin.

— Jimi Hendrix — sugeriu o mais velho —, porque, até que me provem o contrário, essa vaquinha é touro; deixa levantar que vocês vão ver.

— É fêmea, que o caseiro viu — afirmou o pai, voltando-se para o caseiro, na indagação do que já afirmara: — O senhor não viu?

— Vi. É fêmea.

E tome de gritar nome: Califórnia, Disneylândia, Erva Maldita, Otorrinolaringologia. . . Havia os nomes sugeridos a sério e os de gozação.

Todos os que citei eram os a sério. Finalmente, o bom senso ajudou a solucionar o impasse. Foi a esposa quem sugeriu o nome que lhe pareceu o mais indicado para a novilhazinha que mamava no seio vaquerno: Long Island.

— Desculpe — desculpou-se o caseiro por não entender.

Long Island — repetiu a mulher com uma naturalidade de quem fala "mococa".

— A senhora podia escrever? — pediu o caseiro, confessando-se incapaz de decorar aquilo.

Arranjaram uma pequena tábua onde, com um prego, o chefe da família escreveu: LONG ISLAND, tabuazinha que, com o auxílio de um arame, ficou presa no pescoço da novilha para que ninguém, na fazenda, esquecesse que aquela jovem bovina atendia pelo nome de Long Island, nome que fica muito bem para parque de diversões, mas que não é dos mais adequados para quem tem cara de Mimosa, Formosa, Maravilha ou Vaquinha — modo, inclusive, que melhor ajuda o reconhecimento da peça.

Acabadas as férias, a família voltou à sua poluição metropolitana e só pôde retornar à fazenda dois anos depois.

Tudo continuava como dantes, com exceção de uma ou outra coisinha em pior estado, uma das quais o geral.

— Caseiro! — chamou o chefe da família, que não sabia que o caseiro tinha nome: José Caseiro da Silva.

— Pronto, doutor — obedeceu o caseiro meia hora depois, com a presteza de um favor bancário.

— Como vai a novilha?

— Está uma vaca! — elogiou o caseiro de um modo que soou ofensa aos ouvidos da família.

— Já dá leite? — perguntou um dos filhos.

— Dá, né? — respondeu o caseiro estranhando a pergunta, pelo fato de saber (ele é acostumado, porque vive ali) que as vacas não dão outra coisa senão leite.

— Pois eu quero beber um copo de leite da novilha — ordenou a esposa do chefe, madrinha de batismo da vaquinha.

E o caseiro, sem que a família ouvisse, comandou a um seu auxiliar que tirasse um pouco de leite da vaca "Tabuleta".

sábado, 21 de setembro de 2019

Trilha Sonora (327) - João Gilberto

Chega de Saudade
João Gilberto
Vai, minha tristeza
E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade
A realidade é que sem ela não há paz
Não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos, e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim

Não há paz
Não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos, e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim

Não quero mais esse negócio de você longe de mim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Athletico-PR é o Campeão da Copa do Brasil 2019

o Athletico-PR é o campeão da Copa do Brasil 2019. 
A equipe paranaense conquistou o título inédito na competição
 após vencer as duas partidas das finais por  1x0 e 2x1.

<>\/<> Tabela à partir das Oitavas de Final <>\/<>

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Poesia a Qualquer Hora (326) - Bernardino Lopes

Paraíso Perdido

Outro, não eu, que desespero, ao cabo
de, em pedrarias de arte e versos de ouro,
ter dissipado todo o meu tesouro,
como os florins e as jóias de um nababo;

outro, não eu, que para o chão desabo,
esquecendo-te as culpas e o desdouro,
e a teus pés de marfim, como o rei mouro,
em torrentes de lágrimas acabo:

outro conspurca-te a beleza augusta,
cujo anseio de posse ainda me custa
como um verme faminto andar de rastros.

E mais deploro este meu sonho falso
ao recordar que andei no teu encalço
pelo caminho rútilo dos astros!

Bernardino Lopes
[ Saiba + ]

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Todos os 27 Campeões e Vices dos Estaduais 2019

O último campeonato estadual (Amapaense) terminou 
na quinta-feira passada (29). Veja quem foi o campeão  
e vice em cada Estado e no Distrito Federal.  Em dois 
estados teve time conquistando o primeiro título: 
 Frei  Paulistano (Sergipe) e Vilhenense (Rondônia).