"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

quarta-feira, 30 de abril de 2014

terça-feira, 29 de abril de 2014

Gato Gato Gato, de Otto Lara Resende

Gato Gato Gato
Otto Lara Resende


Familiar aos cacos de vidro inofensivos, o gato caminhava molengamente por cima do muro. O menino ia erguer-se, apanhar um graveto, respirar o hálito fresco do porão. Sua úmida penumbra. Mas a presença do gato. O gato, que parou indeciso, o rabo na pachorra de uma quase interrogação.

Luminoso sol a pino e o imenso céu azul, claro, sobre o quintal O menino pactuando com a mudez de tudo em torno - árvores, bichos, coisas. Captando o inarticulado segredo das coisas. Inventando um ser sozinho, na tontura de imaginações espontâneas, como um gás que desprende.

Gato - leu no silêncio da própria boca. Na palavra não cabe o gato, toda a verdade de um gato, aquele ali, ocioso, lento, emoliente - em cima do muro. As coisas aceitam a incompreensão de um nome que não está cheio delas. Mas bicho, carece nomear direito: como rinoceronte, ou girafa se tivesse mais uma sílaba para caber o pescoço comprido. Girarafa, girafafa. Gatimonha, gatimanho. Falta um nome completo, felinoso e peludo, ronronante de astúcias adormecidas. O pisa-macio, as duas bandas de um gato. Pezinhos de um lado, pezinhos de outro, leve, bem de leve para não machucar o silêncio de feltro nas mãos enluvadas.

Capacete !?!

Baldecete...

Há Caminhos Mais Fáceis...

"A Futilidade da Existência"
"Nem todos os caminhos são para todos os caminhantes."
Johann Wolfgang von Goethe

segunda-feira, 28 de abril de 2014

A Roupa de Gandhi

A Roupa de Gandhi

Mahatma Gandhi provou que a "roupa não faz o homem". 

Só usava uma tanga a fim de se identificar com 
as massas simples da Índia.

Certa vez chegou assim vestido numa festa 
dada pelo governador inglês.

Os criados não o deixaram entrar.

Voltou para casa e enviou um pacote ao
 governador, por um mensageiro.

Continha um terno.

O governador ligou para a casa dele e lhe
 perguntou o significado do embrulho.

O grande homem respondeu:

- "Fui convidado para a sua festa, mas não me permitiram
 entrar por causa da minha roupa. Se é a roupa que vale,
 eu lhe enviei o meu terno..."


Frase para a Semana

"Não existe vento favorável à
 quem não sabe onde deseja ir."
Arthur Schopenhauer
(Danzig, 22 de fevereiro de 1788 - Frankfurt, 21 de setembro de 1860)
Foi um filósofo alemão do século XIX.Seu pensamento sobre o 
amor é caracterizado por não se encaixar em nenhum dos 
grandes sistemas de sua época. Sua obra principal é 
"O mundo como vontade e representação" (1819).

sábado, 26 de abril de 2014

5 Links - # 072 >>>

Trilha Sonora (143) - Zero

Quimeras
Zero
Compositores: Eduardo Amarante,
Freddy Haiat, Guilherme Isnard e Rick Villas-Boas.

Sem caminhos pra seguir
Na incerteza de chegar
Quem decide por partir
Só pensa em procurar
Um futuro com alguém
Não importa o que passou
Já nem se lembra mais
Quer é recomeçar
Tantas vidas pra viver
Tentando se encontrar
Tantas coisas por fazer
Pra se purificar
Não consigo mais sonhar
Já me basta o que vivi
Sofrendo ao desejar
Quimeras que não consegui

Deuses do além
Duendes do ar
Anjos do bem
Vão te mostrar uma luz maior
Capaz de convencer
Que um mundo bem melhor
Existe em você
Só pro seu prazer

Tantas vidas pra viver...
Deuses do além...
Uma luz maior
A força e o poder
Sangue e suor
De quem te fez viver
Hoje eu sei porque
Eu não vou mais fugir de mim
Eu não vou mais fugir de mim

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Escudos e Mascotes dos 20 Times do Campeonato Brasileiro 2014 - Série C

Poesia a Qualquer Hora (147) - Antônio Pereira Apon

A Pedra

O distraído, nela tropeçou,
o bruto a usou como projétil,
o empreendedor, usando-a construiu,
o campônio, cansado da lida,
dela fez assento.
Para os meninos foi brinquedo,
Drummond a poetizou,
Davi matou Golias...
Por fim;
o artista concebeu a mais bela escultura.
Em todos os casos,
a diferença não era a pedra.
Mas o homem.

Antônio Pereira Apon
O poema acima saiu no livro "Essência" de 1999

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Sutilezas Literárias # 038 - Jonathan Swift

(...)
"Aquele dos Liliputianos que não acreditar na providência divina é declarado incapaz de exercer qualquer cargo público. Como os soberanos se julgam, muito justamente, delegados da Providência, os Liliputianos supõem que nada há mais absurdo nem mais incoerente do que o procedimento de um príncipe que se serve de gente sem religião, que nega essa suprema autoridade de que se considera depositário e da qual, de fato, recebe a que possui.

Referindo-me a estas leis e às seguintes, apenas falo das leis originais e primitivas dos Liliputianos. Sei que, pelas modernas leis, estes povos caíram em um grande excesso de corrupção; prova-o o vergonhoso uso de obter os mais elevados empregos dançando na corda e os lugares de distinção os que saltam à vara larga. Note o leitor que esse indigno uso foi introduzido pelo pai do atual imperador.

Entre aquele povo, a ingratidão é tida como um crime enorme, como em outro tempo o foi, segundo refere a história, aos olhos de algumas nações virtuosas. Dizem os Liliputianos que todo indivíduo que se torna ingrato para com o seu benfeitor, deve ser necessariamente inimigo de todos os outros homens.

Julgam os naturais de Lilipute que o pai e a mãe não devem ser encarregados da educação dos filhos, e há, em todas as cidades, colégios públicos, para onde todos os progenitores, exceto camponeses e operários, são obrigados a mandar os filhos de ambos os sexos, para serem educados e instruídos. Assim que atingem a idade de vinte luas, supõem-nos dóceis e capazes de aprender. As escolas são de diversas espécies, consoante à diferença de sexo ou de sangue. Professores hábeis educam as crianças para um modo de vida conforme a sua ascendência, os seus próprios dotes de espírito e as suas tendências.

Os seminários para os filhos de nobres têm professores sérios e eruditos. O vestuário e subsistência dos rapazes são simples. Inspiram-lhes princípios de honra, de justiça, de coragem, de modéstia, de religião e de amor pela pátria. Até à idade dos quatro anos são vestidos pelos homens; dessa idade em diante, são obrigados a se vestirem sós, embora sejam de nobre estirpe. Só têm licença para brincar na presença do professor e por esse sistema evitam funestas impressões de doidice e de vício que cedo começam a corromper os costumes e as tendências da mocidade. Os pais podem visitá-los duas vezes por ano. A visita pode durar apenas uma hora, com a liberdade de beijar o filho à entrada e à saída; um professor, que assiste sempre a essas visitas, não consente que falem em segredo com as crianças, que as lisonjeiem, nem lhes dêem confeitos ou bolos.

Nos colégios para o sexo feminino, as meninas nobres são educadas quase como rapazes, com uma diferença: é que são vestidas por criadas, mas sempre na presença de uma professora, até que cheguem aos cinco anos, idade em que principiam a vestir-se sem auxílio de ninguém.

Quando se sabe que as aias ou criadas graves entretêm as raparigas com histórias extravagantes, contos insípidos ou capazes de lhes causar medo, (o que é uso corrente das governantas em Inglaterra), são açoitadas publicamente três vezes por toda a cidade, presas durante um ano e por fim exiladas para o ponto mais deserto do país. Assim as raparigas e os rapazes, entre aquele povo, envergonham-se de ser covardes e tolos; desprezam todo o ornamento exterior e só têm em consideração a compostura e o asseio. Os seus exercícios são menos violentos do que os dos rapazes e não as fazem aplicar tanto. Entretanto, aprendem ciências e belas-letras. Há um provérbio que diz que a mulher, devendo ser uma companhia sempre agradável ao marido, carece de ornar o espírito que nunca envelhece.

Ao contrário dos Europeus, os Liliputianos pensam que nada demanda mais cuidado e aplicação do que a educação das crianças. É fácil gerá-las, dizem eles, tão fácil como semear e plantar, mas conservar certas plantas, fazê-las crescer bem, precavê-las contra os rigores do inverno, contra os ardores e tempestades de verão, contra os ataques dos insetos, de, em suma, fazer-lhes dar frutos em abundância, é o resultado da atenção e do cuidado de um hábil jardineiro.

Escolhem o professor que tenha o espírito mais bem formado do que espírito sublime, mais morigeração do que ciência.

Não podem suportar os professores que atordoam incessantemente os ouvidos dos discípulos com gramaticais combinações frívolas, discussões pueris, observações e que, para lhes ensinar a antiga língua, que pouca relação tem com a que se fala hoje, lhes enchem o espírito de regras e exceções e põem de lado o uso e o exercício para lhes atulhar o cérebro de princípios supérfluos e preceitos dificultosos; querem que o professor se familiarize dignamente com os seus alunos, porque não há nada mais contrário à boa educação do que o pedantismo e a fingida seriedade; segundo eles, devem mais baixar-se do que elevar-se perante eles, embora não deixem de o considerar algo difícil, pois que muitas vezes é preciso mais esforço e vigor e sempre mais atenção para descer sem perigo do que para subir.

São de opinião de que os professores devem aplicar-se mais a formar o espírito das crianças para as lutas da vida do que a enriquecê-lo com conhecimentos curiosos, quase sempre inúteis. Ensinam-lhes, pois, logo, a ser prudentes e filósofos, a fim de que, mesmo na idade dos prazeres, saibam gozá-los filosoficamente. Não será ridículo — perguntam eles — só conhecer-lhes a natureza e o verdadeiro uso quando já se encontram inaptos, aprender a viver quando a vida está quase passada e principiar a ser homem quando se está prestes a deixar de o ser? Dão-se recompensas para a confissão sincera e ingênua dos erros, e os que melhor sabem raciocinar sobre os seus próprios defeitos, obtêm honras e mercês. Querem que sejam curiosos e façam amiudadas perguntas acerca de tudo o que ouvem, e são punidos severamente aqueles que, em presença de uma coisa extraordinária e notável, demonstrem pouca admiração ou curiosidade.

Recomenda-se-lhes que sejam muito fiéis, muito submissos, muito dedicados ao príncipe, mas de uma dedicação geral e de dever não particular, que fere muitas vezes a consciência e sempre a liberdade, e que expõe a grandes fatalidades." (...)

Jonathan Swift, em "As Viagens de Gulliver", Capítulo VI 
Tradução de Cruz Teixeira - Livro Digital da Ebooks Brasil

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Dia Mundial do Livro


450 anos do Nascimento de William Shakespeare

William Shakespeare nasceu em Stratford-upon-Avon, na Inglaterra, em 23 de 
abril de 1564. Foi poeta e dramaturgo, tido como o maior escritor do idioma 
inglês e o mais influente dramaturgo do mundo. É chamado frequentemente 
de poeta nacional da Inglaterra e de "Bardo do Avon" (ou simplesmente
"O Bardo"). De suas obras restaram até os dias de hoje 38 peças, 
154 sonetos, dois longos poemas narrativos, e diversos outros poemas. 
Suas peças foram traduzidas para os principais idiomas do globo, e são 
encenadas mais do que as de qualquer outro dramaturgo. Muitos de seus
 textos e temas, especialmente os do teatro, permaneceram vivos até 
aos nossos dias, sendo revisitados com frequência pelo teatro, televisão, 
cinema e literatura. Entre suas obras mais conhecidas estão 
"Romeu e Julieta", que se tornou a história de
 amor por excelência, e "Hamlet", que possui uma
 das frases mais conhecidas da língua inglesa:
 "To be or not to be: that's the question" 
(Ser ou não ser, eis a questão).

Shakespeare produziu a maior parte de sua obra 
entre 1590 e 1613. Suas primeiras peças eram
 principalmente comédias e obras baseadas em 
eventos e personagens históricos, gêneros que 
ele levou ao ápice da sofisticação e do talento 
artístico ao fim doséculo XVI.

William Shakespeare morreu em 23 de Abril de 1616, no mesmo dia e
 cidade em que nasceu.

Principais obras
- Comédias:
Sonho de uma Noite de Verão / O Mercador de Veneza / A Comédia dos Erros /
Muito Barulho por Nada / Medida por Medida / A Megera Domada  /
Tudo Bem quando Termina Bem / As Alegres Comadres de Windsor /
Trabalhos de Amores Perdidos / A Tempestade

- Tragédias:
Tito Andrônico / Romeu e Julieta / Júlio César / Macbeth / Antônio e Cleópatra /
Rei Lear / Otelo, o Mouro de Veneza / Hamlet

- Dramas históricos:
Ricardo III / Henrique IV, Parte 1 / Henrique IV, Parte 2 / Henrique V /
Henrique VIII / Eduardo III

Fonte: Wikipédia >>>  [clique e saiba mais ]

- Algumas frases de Shakespeare:

- "Os homens de poucas palavras são os melhores."

- "O louco, o amoroso e o poeta estão recheados de imaginação."

- "O ouvido humano é surdo aos conselhos e agudo aos elogios."

- "Até mesmo a bondade, se em demasia, morre do próprio excesso."

- "É muito melhor viver sem felicidade do que sem amor."

- "A verdade nunca perde em ser confirmada."

- "O amor é a única loucura de um sábio e a única sabedoria
   de um tolo."

- "Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor."

- "Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente."

- "Sábio é o pai que conhece o seu próprio filho."

* * *
3 Sonetos do bardo inglês:
SONETO 1
Dentre os mais belos seres que desejamos enaltecer,
Jamais venha a rosa da beleza a fenecer,
Porém mais madura com o tempo desfaleça,
Seu suave herdeiro ostentará a sua lembrança;

Mas tu, contrito aos teus olhos claros,
Alimenta a chama de tua luz com teu próprio alento,
Atraindo a fome onde grassa a abundância;
Tu, teu próprio inimigo, és cruel demais para contigo.

Tu, que hoje és o esplendor do mundo,
Que em galhardia anuncia a primavera,
Em teu botão enterraste a tua alegria,

E, caro bugre, assim te desperdiças rindo.
Tem dó do mundo, ou sê seu glutão –
Devora o que cabe a ele, junto a ti e à tua tumba.

SONETO 30
Quando, em silêncio, penso, docemente,
Sobre fatos idos e vividos,
Sinto falta do muito que busquei,
E desperdiço um tempo precioso com antigos lamentos:

Então meus olhos naufragam sem mais saber chorar,
Por queridos amigos envoltos pela noite do esquecimento,
E novamente choro o amor há tanto abandonado,
Gemendo por algo que não mais vejo:

Assim, posso sofrer as velhas dores,
E lamentar, de pesar em pesar,
Uma triste história de antigas mágoas,

Que pranteio como se não as tivesse pranteado antes.
Mas quando penso em ti, querida amiga,
Todas as perdas cessam, e a tristeza finda.

SONETO 120
Tu, que um dia me ofendeste, sê meu amigo agora,
E aquela mágoa que então senti
Devo relevar como uma antiga transgressão,
A menos que meus nervos fossem de aço ou de ferro.

Se fosses atacado por minha grosseria,
Como fui por ti, viverias um inferno,
E eu, tirano, não sossegaria,
Até mostrar-te quanto sofri com a tua ofensa.

Ó, que nossa noite de pesar nos lembre,
No fundo, quão dura é a tristeza,
E logo para ti, como de ti para mim, então servido

O humilde bálsamo que unge o peito ferido!
Mas teu ultraje agora assume um preço;
O meu te redime, e o teu redime a mim.
*
Tradução dos sonetos: Thereza Christina Motta

Imagens da Vez: Arte e Leitura

Hoje 23 de Abril comemora-se o Dia Mundial do Livro.
Abaixo 21 Pinturas de Arte com Livros e Leituras...








segunda-feira, 21 de abril de 2014

Brasília é o Campeão da Copa Verde 2014

O  Brasília venceu o Paysandu nos pênaltis por 7x6, e conquistou a 
Copa Verde 2014. Depois de uma vitória pra cada lado, por placares
 iguais (2x1), a decisão foi pra os pênaltis, onde o Brasília se deu melhor, 
conquistando a taça inédita e uma vaga na Copa Sul-americana de 2015.

Tabela à partir das quartas de final:

Frase para a Semana

"Quem não sabe o que busca, 
não identifica o que acha."
Immanuel Kant
(Königsberg, 22 de abril de 1724 - Königsberg, 12 de fevereiro de 1804)
Foi um filósofo alemão, geralmente considerado como o último grande
 filósofo dos princípios da era moderna. O livro mais lido e mais influente 
de Kant é a "Crítica da Razão Pura" (1781)