"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Fortaleza é o Campeão da Copa do Nordeste 2019

O Fortaleza é o campeão da Copa do Nordeste 2019. O time comandado 
por Rogério Ceni conquistou pela primeira vez o título da competição.

Chelsea é o Campeão da Liga da Europa 2019

O Chelsea é o campeão da Liga da Europa 2019, ao derrotar o 
Arsenal por 4x1. é o segundo título da equipe inglesa na competição.

<><> Tabela à partir das Quartas de Final <><>

 

Hoje, 100 Anos do Primeiro Grande Título da Seleção Brasileira

Há exatos 100 anos a Seleção Brasileira de futebol masculino comemorava seu primeiro grande título internacional. No dia 29 de maio de 1919, os canarinhos, com gol do craque Arthur Friedenreich, venceram o Uruguai por 1 a 0 e levantaram o inédito caneco do Campeonato Sul-Americano, hoje conhecida como Copa América, no Rio de Janeiro.

A campanha do Brasil começou com uma goleada sobre o Chile por 6 a 0, com o Estádios das Laranjeiras lotado (construído parcialmente para o torneio naquele ano). Depois, triunfo em cima da Argentina por 3 a 1 e um empate por 2 a 2 com os uruguaios, jogo este que forçou uma partida final para desempate. Na grande decisão, então, Friedenreich, conhecido como El Tigre, o primeiro ídolo do nosso futebol, balançou as redes e garantiu o primeiro troféu da história da Seleção Brasileira.

A caminhada do Brasil no Campeonato Sul-Americano de 1919:
Flag of Brazil.svg
– 11/05/1919 – Brasil 6 x 0 Uruguai. Gols: Arthur Friedenreich (3), Neco (2) e Haroldo;

– 18/05/1919 – Brasil 3 x 1 Argentina. Gols: Heitor, Amílcar e Millon (Brasil); Carlos Izaguirre (Argentina);

– 25/05/1919 – Brasil 2 x 2 Uruguai. Gols: Neco (2); Isabelino Gradín e Carlos Scarone (Uruguai)

– 29/05/1919 – Brasil 1 x 0 Uruguai. Gol: Arthur Friedenreich


FICHA TÉCNICA

BRASIL 1 x 0 URUGUAI

Data: 29/05/1919

Competição: Campeonato Sul-Americano
Local: Estádio das Laranjeiras, Rio de Janeiro (RJ)
Público: 27.500 espectadores

Árbitro: Juan Barbera (ARG)
Assistentes: Ernesto Matozzi (ARG) e Armindo Castagnola (ARG).

Gol: Friedenreich, aos 122.

BRASIL: Marcos de Mendonça (Fluminense); Píndaro (Flamengo); Bianco (Palestra Itália, atual Palmeiras); Sérgio Pires (Paulistano-SP); Amílcar (Corinthians); Fortes (Fluminense); Millon (Santos); Neco (Corinthians); Friedenreich (Paulistano); Heitor (Palestra Itália-SP) e Arnaldo (Santos).
Comissão Técnica: Arnaldo da Silveira (capitão), Amílcar, Mário Pollo, Affonso de Castro e Ferreira Vianna Netto.

URUGUAI: Cayetano Saporiti, Manuel Varela e Alfredo Foglino; Rogelio Naguil, Alfredo Zibechi e José Vanzzino; José Pérez, Héctor Scarone, Angel Romano, Isabelino Gradín e Rodolfo Marán.
Treinador: Severino Castillo.

terça-feira, 21 de maio de 2019

Chico Buarque é o Vencedor do Prêmio Camões de Literatura 2019

O cantor, compositor e escritor brasileiro Chico Buarque ganhou o Prêmio Camões 2019. O anúncio foi realizado nesta terça-feira, 21, no Rio de Janeiro, após uma reunião na sede da Biblioteca Nacional. Chico é o 13º brasileiro a levar a honraria, que premia escritores lusófonos pelo conjunto da obra.

O vencedor foi escolhido por uma equipe de seis jurados indicados pela Biblioteca Nacional do Brasil, pelo Ministério da Cultura de Portugal e pela comunidade africana. São eles os portugueses Clara Rowland e Manuel Frias Martins, os brasileiros Antonio Cicero Correia Lima e Antônio Carlos Hohlfeldt, a angolana Ana Paula Tavares e o moçambicano Nataniel Ngomane. O Prêmio Camões dá a seus vencedores a quantia de 100 mil euros.

Chico Buarque já havia vencido, em 2010, o Jabuti, principal prêmio literário brasileiro, pelo seu romance Leite Derramado, em 2006, com Budapeste, e em 1992, com Estorvo.

Embora sua carreira musical seja a mais proeminente, Chico já escreveu peças de teatro, como Roda Viva, Gota d’Água, Calabar e Ópera do Malandro, e livros como Estorvo, Benjamim, Budapeste, Leite Derramado e O Irmão Alemão.

(°> Fonte: IstoÉ >>>

*
O Prêmio Camões, foi instituído pelos governos do Brasil e de 
Portugal em 1988, é atribuído aos autores que tenham contribuído para 
o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua portuguesa.

Todos os vencedores do Prêmio Camões:
1) 1989: Miguel Torga (Portugal)
2) 1990: João Cabral de Melo Neto (Brasil)
3) 1991: José Craveirinha (Moçambique)
4) 1992: Vergílio Ferreira (Portugal)
5) 1993: Rachel de Queiroz (Brasil)
6) 1994: Jorge Amado (Brasil)
7) 1995: José Saramago (Portugal)
8) 1996: Eduardo Lourenço (Portugal)
9) 1997: Pepetela (Angola)
10) 1998: Antonio Candido (Brasil)
11) 1999: Sophia de Mello Breyner Andresen (Portugal)
12) 2000: Autran Dourado (Brasil)
13) 2001: Eugénio de Andrade (Portugal)
14) 2002: Maria Velho da Costa (Portugal)
15) 2003: Rubem Fonseca (Brasil)
16) 2004: Agustina Bessa Luís (Portugal)
17) 2005: Lygia Fagundes Telles (Brasil)
18) 2006: José Luandino Vieira (Angola,
recusou o Prêmio Camões)
19) 2007: António Lobo Antunes (Portugal)
20) 2008: João Ubaldo Ribeiro (Brasil)
21) 2009: Armênio Vieira (Cabo Verde)
22) 2010: Ferreira Gullar (Brasil)
23) 2011: Manuel António Pina (Portugal)
24) 2012: Dalton Jérson Trevisan (Brasil)
25) 2013: António Emilio Leite Couto (Moçambique)
26) 2014: Alberto da Costa e Silva (Brasil)
27) 2015: Hélia Correia (Portugal)
28) 2016: Raduan Nassar (Brasil)
29) 2017: Manuel Alegre (Portugal)
30) 2018: Germano Almeida (Cabo Verde)
31) 2019: Chico Buarque de Hollanda (Brasil)

Os 20 melhores livros que li de 2009 à 2018


Pra quem quer excelentes leituras e grandes aprendizados, 
ficam aí dicas de 20 livros, que li nestes últimos 10 anos. Não são 
só livros lançados neste período e sim dos quais li e mais gostei.
Na verdade 22 livros, por causa da trilogia de Laurentino Gomes.

[ Clique no título para saber mais ]

Confiram:














07) - Trilogia (1808, 1822 e 1889) - Laurentino Gomes








Talvez não necessariamente nesta ordem. São excelentes livros.
Leituras obrigatórias.

Destes 20 (22) livros, 11 foram adaptados para o cinema. 
Em asterisco os que viraram filmes. Eu assisti apenas 4 deles. 

< Namastê >

Vai depender de quem dirige


segunda-feira, 20 de maio de 2019

Frase da Vez

"A educação é para
a alma o que a
escultura é para um
bloco de mármore".
Joseph Addison
(Milston, Inglaterra, 1 de maio de 1672 - 17 de junho de 1719)
Foi um poeta e ensaísta inglês.

sábado, 18 de maio de 2019

Trilha Sonora (321) - Alceu Valença

Anunciação
Alceu Valença
Na bruma leve das paixões que vêm de dentro
Tu vens chegando pra brincar no meu quintal
No teu cavalo, peito nu, cabelo ao vento
E o Sol quarando nossas roupas no varal

Na bruma leve das paixões que vêm de dentro
Tu vens chegando pra brincar no meu quintal
No teu cavalo, peito nu, cabelo ao vento
E o Sol quarando nossas roupas no varal

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais

A voz do anjo sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido, já escuto os teus sinais
Que tu virias numa manhã de domingo
Eu te anuncio nos sinos das catedrais

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais

Na bruma leve das paixões que vêm de dentro
Tu vens chegando pra brincar no meu quintal
No teu cavalo, peito nu, cabelo ao vento
E o Sol quarando nossas roupas no varal

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais


A voz do anjo sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido, já escuto os teus sinais
Que tu virias numa manhã de domingo
Eu te anuncio nos sinos das catedrais

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Liberalismo x Intervencionismo



Considerados como importantes doutrinas do capitalismo, frequentemente algum dele está em prática para o desenvolvimento das nações. É certo pensar que em épocas de crise mundial acontece maior intervencionismo em detrimento do liberalismo demandado pelos críticos. Conheça os dois pensamentos:


 

Liberalismo

Pensamento econômico e político que acredita no funcionamento liberdade individual em diversos campos da sociedade. John Locke e Adam Smith são tidos como os dois pais do pensamento, ambos mudaram a forma de encarar o mundo com as suas teses publicadas entre os séculos XVII e XVIII.


Neste sentido, os cidadãos podem agir com individualidade por compreenderem de forma clara como funciona a realidade. A propriedade privada representa ponto chave na discussão por ser algo exclusivo ao possuidor. Os liberais acreditam que a liberdade humana representa presunção universal.

As leis precisam de aspiração igual para todos os grupos da sociedade, independente do nível social ou econômico. O liberalismo jurídico representa pressões e ao mesmo tempo, imparcialidade nas decisões. O mercado livre pode ser considerado como ações realizadas sobre recursos escassos sem que exista interferência política ou mesmo de interessantes particulares. Vale ressaltar que o sistema difere da visão mercantilista.

A maior representação do governo liberal aconteceu entre 1839 e 1840 em território francês. O nacionalismo fica em alta entre os componentes das nações, influenciando inclusive nas decisões de Bismarck na Unificação da Alemanha e de Manzini e Garibaldi, durante a Unificação da Itália.

Alguns historiadores apontam o surgimento do liberalismo como resultado das expansões napoleônicas somadas com a história da democracia. A teoria política pressupõe a doutrina liberal como aquela diferentes das não-liberais, como no caso do populismo, totalitarismo e plebiscitário. Em termos gerais, o pensamento liberal na economia se apresenta em tempos, locais e datas diferentes. Nesta ótica fica impossível fazer algum plano pontual.

O liberalismo começa na Guerra Civil Inglesa. Representou um pensamento utilizado inclusive, como força da intelectual para exterminar as guerras religiosas. O reconhecimento mundial começou com a Revolução Americana, que de certa forma se iniciou como um novo ritmo sobre a concepção do desenvolvimento humano.

A tendência do pensamento foi diminuída com o surgimento das Grandes Guerras Mundiais, evidenciando que a doutrina acabou com as batalhas da religião para estar presente nos dois maiores conflitos da história humana. Hoje em dia, as democracias liberais defendem a descentralização política de ordem econômica.
Economia Descentralizada e Liberalismo de Adam Smith

Economias descentralizadas são conhecidas pela falta de ordens, com produções e consumos correntes de maneira involuntária. As decisões econômicas funcionam em consequência do sistema de preços. Curiosos podem se perguntar como os produtos podem parar nos supermercados sem nenhuma ordem centralizada. Para responder esta pergunta, os teóricos relembrando do liberalismo explicado com extensão pelo economista Adam Smith, tido como o pai da economia moderna.

Os lápis são feitos após uma produção que utiliza como matérias primas principais as árvores e o mineral utilizado para a fabricação do grafite. Desde o momento de cortar a madeira até a hora de colocar os produtos nas prateleiras dos comércios, existem trabalhadores participando da produção em troca de salários mesmo sem a força de trabalho, não tendo a menor ideia do que está sendo produzido.

Conforme o pensamento de Smith, os trabalhadores não estão preocupados com a produção do lápis, mas sim em receber remunerações para poder sobreviver no sistema capitalista. Os preços se estabilizam sozinhos conforme o auto interesse dos donos dos meios de produções e das decisões descentralizadas. Seguindo esta ótica, é possível imaginar que os lápis podem ser industrializados e colocados nos supermercados sem ordens específicas, vindas de apenas um escritório central.
Problemática dos Sistemas de Preços

Os sistemas de preços podem resolver os problemas sobre o que e para quem produzir os bens de consumo duráveis e não duráveis. A informação do preço é transmitida no momento em que todos os trâmites da produção forem solucionados, resultando assim nas determinadas distribuições de produção aos próprios empregados, que colaboraram nos setores produtivos de diferentes empreendimentos.

O problema do “para quem produzir” é solucionando visto que os trabalhadores assalariados compram lápis por diversos motivos, com a papelaria vendendo e crescendo de forma econômica junto com todas as outras iniciativas que participaram da produção. Interessante notar que após o esgotamento do estoque, os consumidores estarão dispostos a pagar valores superiores para comprarem lápis extras, acréscimo que estimula aos donos do comércio solicitarem novos pedidos aos produtores.


Intervencionismo
A Crise de 29 tornou grande parte do mundo empobrecido por causa dos destroços. Falta de emprego e grande desvalorização monetária foram marcas presentes nas grandes nações do mundo. O problema na geração de emprego deixava milhares de famílias aflitas com uma só certeza: Liberalismo econômico retardava o crescimento coletivo dos pobres enquanto que os donos dos meios de produções eram os únicos protegidos.

Foi neste cenário que brilhou a figura de John Maynard Keynes com oposição ao ideal de que o mercado liberal oferecia empregos de forma automática, assim como nas demandas de ajustes salariais. As ideias do economista foram adotadas principalmente na metade do século XX. O sucesso das adaptações foi eminente, sendo aderido por diversas economias ocidentais.

A capacidade do Estado como agente regulador passou a ser questionada com a crise economia da década de 1970, por causa do intervencionismo inglês e estadunidense e da Crise do Petróleo, que culminou no tabelamento do recurso. Porém, o ciclo econômico muda de opinião com constância e o pensamento ressurgiu no início do século XXI. Barack Obama, Gordon Brow e Lula são três exemplos de chefes executivos que apostaram no intervencionismo como arma principal das políticas, aplicadas de forma interna e externa.

Keynes foi nomeado como uma das personalidades mais influentes do século passado pela revista Time, no ano de 1999. Neste sentido é considerado como o pai da macroeconomia moderna.

Intervencionismo de Lula
O chamado populismo aplicado por governantes do passado virou intervencionismo no presente de acordo com alguns especialistas em política. O Governo interfere na economia principalmente para: Estimular consumo interno diminuindo taxa e juros e elevar geração de emprego, mantendo economia quente e fortificando empreendimentos nacionais.

Teorias de Adam Smith relacionadas com a “mão-invisível” ficaram em cheque em terras nacionais, principalmente depois do apogeu keynesianista proporcionado pelo governo Lula.

(º> Via: Cultura Mix >>>

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Sutilezas Literárias # 063 - Lilia Moritz Schawrcz

"No entanto, uma tosse insistente começava a acompanhar d. Pedro: era uma pneumonia que lhe tomava o pulmão esquerdo. O ex-imperador do Brasil passou o aniversário de 66 anos confinado em seu quarto, com os amigos, a filha e os netos, que não dissimulavam a preocupação. No dia 3 de dezembro chegaram os príncipes Pedro Augusto e Augusto de Saxe para as últimas

despedidas. A meia-noite e meia do dia 5 de dezembro de 1891, o antigo monarca falecia e a princesa Isabel tornava-se a sucessora legal do Trono do Império do Brasil: d. Pedro morrera sem abdicar de seu cargo.

O atestado de óbito foi lavrado por Mota Maia, Charcot e Bouchard, que apresentaram como causa da morte uma pneumonia aguda do lado esquerdo. Em meio à confusão de seu quarto, entre crucifixos e livros de anotações, jazia o imperador, cuja barba, tantas vezes comentada, aparentava estar ainda mais branca, quase artificial em razão da pequena porção de cola que recebera para ficar mais lisa e dura sobre o peito.

Ritual derradeiro, na morte os símbolos ganham papel destacado. Vestiram-no imperialmente, pondo-lhe o colar da Ordem da Rosa sob a barba e, perto do crucifixo de prata, enviado pelo papa, a Ordem do Cruzeiro do Sul, que ele parecia tanto estimar. Duas bandeiras brasileiras foram utilizadas para cobrir as compridas pernas do morto. Como que por acaso, por ideia do fotógrafo Nadar — que buscava um melhor ângulo —, um livro grosso foi colocado debaixo da cabeça do imperador, para mantê-la elevada: pela última vez, e dessa feita como uma feliz coincidência, os livros compunham a imagem de d. Pedro. Por fim, o conde D’Eu completou a cena: encontrou um pacote lacrado que

continha terra trazida do Brasil a pedido do monarca. Sobre ele estava escrito pelo próprio punho de d. Pedro: “É terra de meu país; desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de minha pátria”. O ex-monarca seguia à risca o costume oriental de levar para o exílio um punhado de terra da pátria. Diz a tradição que “o galho não esquece o tronco e que a areia faz parte do areai”. De manhã, um grupo de brasileiros residentes em Paris deixou no hotel dois ramos — um de fumo e outro de café. Novamente o ritual e o teatro se confundem com a vida. A imagem do imperador condecorado com elementos nacionais — a terra brasileira, o céu do Brasil representado pelo Cruzeiro do Sul,

os ramos de fumo e de café que saem da casaca e se juntam ao féretro — ganha autonomia no imaginário.

Para desconforto do governo brasileiro, d. Pedro recebeu na morte o tratamento e as honras de chefe de Estado; o então presidente francês, Sadi Carnot, mandou um ajudante-de-ordens ao Hotel Bedford para apresentar pêsames. O ritual em Paris duraria três dias e depois o corpo seguiria para Portugal, onde o pousariam ao lado do de Teresa Cristina. Na morte o imperador deposto perde lugar para um rei mistificado que nesse momento parece recuperar o espaço de uma monarquia imaginária em que

a figura física não tem quase nenhuma relevância. Nesse caso, “o rei morto é cada vez mais rei”. O rei exilado é enterrado como imperador brasileiro, adornado com os símbolos de sua terra. O antigo abandono se converte em mais um grande ritual, como se d. Pedro fizesse jus ao ditado: “Rei que é rei, jamais perde a realeza”.


Lilia Moritz Schwarcz , em "As Barbas do Imperador" – pp. 489 e 490 – Editora Companhia das Letras

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Poesia a Qualquer Hora (323) - Marcelo Yuka

Se Tudo der Errado
                                          para Nelson Meireles

se tudo der errado
nós ganhamos por w.o.
se tudo der errado
os helicópteros ocuparão
o lugar dos anjos
no nosso imaginário

se tudo der errado
ainda teremos
alguém no meio do caos
comemorando o aniversário

se tudo der errado
eu prefiro ser errante
do que solitário

se tudo der errado
que tenhamos a coragem
de admitir
como último apelo
que o mundo é lindo
e nossos fantasmas
estão vindo do espelho

Marcelo Yuka
Saiba + ]

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Muito além da 'Mona Lisa': 11 legados científicos de Leonardo da Vinci, morto há 500 anos

Por Edison Veiga
para a BBC News Brasil >>>

Pelo menos duas de suas obras estão entre as pinturas mais conhecidas da humanidade: a 'Mona Lisa', atração do museu do Louvre, em Paris, e 'A Última Ceia', afresco que estampa parede de uma igreja de Milão. Mas o talento artístico é apenas um dos predicados que faz de Leonardo di Ser Piero da Vinci ser considerado por muitos o maior gênio da história da humanidade.

Polímata inveterado, Da Vinci foi anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta, músico, cientista, matemático, engenheiro, inventor... Encarnou como poucos o ideal do homem renascentista. A crítica de arte Helen Gardner (1908-1986), que foi professora na Universidade de Oxford, classificou-o como um homem de profundidade e talentos diversos sem precedentes. "Sua mente e personalidade nos parecem sobre-humanos."

A BBC News Brasil elencou algumas descobertas e estudos de Da Vinci, morto aos 67 anos em 2 de maio de 1519, que acabaram influenciando a humanidade desde então.

'Mona Lisa' é uma das obras mais famosas, reproduzidas e misteriosas
do mundo, mas está longe de ser o único legado de Da Vinci

1. Funcionamento do cérebro
Leonardo da Vinci foi o primeiro a compreender o funcionamento do nervo olfativo, identificando-o como um nervo craniano. Em artigo publicado em abril no periódico The Lancet, o psicólogo, farmacologista e cientista molecular Jonathan Pevsner, pesquisador do Instituto Kennedy Krieger, ressaltou a importância dos estudos anatômicos realizados pelo gênio renascentista, dissecador curioso e autor de requintados desenhos.

Da Vinci determinou forma e tamanhos gerais dos ventrículos cerebrais, por exemplo. "O trabalho de Leonardo da Vinci reflete o surgimento da era científica moderna e constitui uma parte fundamental de sua abordagem integrada à arte e à ciência", avalia o cientista. "Ele fez perguntas sobre como o cérebro funciona, tanto na saúde quanto na doença. E procurou compreender as mudanças do cérebro em quadros como o de epilepsia, ou como o estado mental de uma mãe grávida pode afetar diretamente o bem-estar físico do bebê."

"Até hoje, muitos de nós lutamos para responder às mesmas perguntas", reconhece. "Enquanto a ciência e a tecnologia avançam a um ritmo alucinante, ainda precisamos das qualidades de Da Vinci: paixão, curiosidade, capacidade de visualizar conhecimento e pensamento claro."

2. Economia de água
Da Vinci foi o primeiro a notar importante fenômeno de mecânica dos fluidos.

Em seus estudos de mecânica dos fluidos, Leonardo da Vinci foi o primeiro a notar um fenômeno chamado de salto hidráulico. Trata-se do fato de a água se espalhar - pela pia, por exemplo - antes de tomar a direção do ralo. Esse comportamento intrigou cientistas e só foi desvendado em 2018, quando pesquisadores da Universidade de Cambridge demonstraram que isso ocorre por conta da tensão superficial e da viscosidade da água.

A compreensão desse fenômeno, conforme afirmam os cientistas de Cambridge, pode vir a ter uma aplicabilidade prática: o melhor aproveitamento da água em serviços de limpeza, representando portanto uma economia do líquido.

"Saber como manipular o limite de um salto hidráulico é muito importante. Agora podemos facilmente estender ou reduzir o limite do fenômeno", afirma o engenheiro químico Rajesh Bhagat, um dos autores da pesquisa. "Entender esse processo tem grandes implicações e pode reduzir drasticamente o uso industrial da água."

3. Máquinas voadoras
Da Vinci esboçou equipamentos voadores, um paraquedas e dois tipos diferentes de planadores, como este

Cientistas contemporâneos são unânimes em cravar: se construída, a engenhoca de Da Vinci jamais voaria. Mas o helicóptero desenhado pelo italiano é de uma criatividade impressionante para a época e inspirou a tecnologia contemporânea que permitiu que o homem voasse.

Muito antes de Santos Dumont (1873-1932) e dos irmãos Wilbur (1867-1912) e Orville Wright (1871-1948), Da Vinci ainda esboçou outros equipamentos voadores, um paraquedas e dois tipos diferentes de planadores.

Em 2002, o britânico Robbie Whittall, ex-campeão mundial de paragliding, decidiu testar o modelo que parecia mais propenso a funcionar. Não deu muito certo: foram dezenas de tombos e a conclusão de que faltava estabilidade.

4. Coração Direito 
Desenhos anatômicos de Da Vinci
eram de grande precisão

Professor de cirurgia cardiotorácica da Universidade de Cambridge, o médico cardiologista Francis C. Wells reconhece os desenhos anatômicos de Leonardo da Vinci como pioneiros a demonstrarem com grande precisão a estrutura e o funcionamento do coração humano. Em 2013, ele publicou o livro 'The Heart Of Leonardo' em que comparou os desenhos de Da Vinci com imagens de dissecações contemporâneas.

Wells avalia que o uso de diagramas e representações detalhados do renascentista, com descrições verbais cheias de conceitos fisiológicos, simboliza o auge dos estudos anatômicos realizados por ele. Para o professor, algumas das conclusões de Da Vinci foram tão avançadas que, só hoje em dia, com o advento da tecnologia de diagnósticos, é que é possível interpretá-las. E, na maior parte das vezes, a análise de Leonardo da Vinci continua a fazer sentido de acordo com o entendimento moderno de fisiologia e função cardíaca.


5. Energia solar
Da Vinci foi também um precursor da ideia de utilizar a energia solar para o aquecimento. Ele projetou um mecanismo em que a luz do sol seria concentrada por meio de espelhos côncavos de modo a aquecer diretamente um reservatório de água.

Em seus escritos, manifestou preocupação ambiental. Acreditava que seu invento, se concretizado, iria diminuir a necessidade de corte de árvores - em um tempo em que o aquecimento era baseado na lenha. Da Vinci acreditava que seu sistema poderia ser usado em grande escala.

A ideia de Leonardo da Vinci é uma das que aparecem no livro 'Let It Shine - The 6,000-year Story of Solar Energy', escrito pelo pesquisador John Perlin, professor da Universidade da Califórnia.


6. Leis do atrito
Dois séculos antes do cientista francês Guillaume Amontons (1663-1705), Leonardo da Vinci esboçou as leis do atrito. A partir de análises de anotações feitas pelo renascentista, classificadas anteriormente como "irrelevantes", o engenheiro Ian Hutchings, professor da Universidade de Cambridge, concluiu que o italiano estudou o fenômeno físico por pelo menos duas décadas. E compreendeu seu funcionamento.

De acordo com Hutchings, em 1493 Da Vinci já havia traçado as linhas gerais do atrito. Em estudo publicado em 2017, o cientista Prasenjit Das, pesquisador da Universidade Jawaharlal Nehru, descobriu mais: Da Vinci estava certo sobre os estudos da dinâmica de matéria seca granular, quando sistematizou como forças de atrito sólido afetam materiais como areia e grãos de trigo em repouso.


7. A reinvenção da roda
Engrenagem em espiral desenhada por da Vinci

Acredita-se que a roda tenha sido inventada pelo homem há cerca de 3.500 anos. Mas Leonardo da Vinci a reinventou, de modo que ela tenha a ampla utilidade contemporânea. Na verdade, ele foi o primeiro a conceber os rolamentos, a partir da descoberta de que o atrito seria reduzido se as rodas não se tocassem em uma estrutura. Ele então projetou separadores que garantiam que pequenas esferas se movessem de forma isolada.

Da Vinci não viu sua ideia sair do papel. Mas após a Revolução Industrial, os rolamentos foram incorporados ao dia a dia da humanidade.



8. Robôs
Leonardo da Vinci concebeu engenhocas movidas a corda que são consideradas precursoras dos robôs. Uma das mais inventivas era um leão mecânico que dava vários passos e abria automaticamente o peito, exibindo flores. Os movimentos eram garantidos por engrenagens e a sequência era dada mediante uma programação analógica
.

Autorretrato de Leonardo da Vinci comprado 
durante pesquisa do Instituto Central de 
Restauração da Herança de Arquivo 
e Bibliotecária, em Roma


9. Regras da natureza
O renascentista italiano fez cálculos e estimativas vislumbrando determinadas proporções da natureza. Com isso, chegou a "regras" ou padrões de repetição. Em 2013, cientistas da Universidade do Arizona concluíram que ele tinha razão, após analisarem cinco espécies diferentes de árvores.

"Se você imaginar o colapso de todos os galhos mais externos de uma árvore em um cilindro, tal cilindro seria do tamanho do tronco. De acordo com a regra formulada por Leonardo da Vinci, a área total de ramos é conservada à medida que você vai do tronco até os galhos do topo", afirma a pesquisadora Lisa Bentley, principal autora do estudo.


10. Tecnologia de guerra
Veículo bélico desenhado 
por Da Vinci


Da Vinci era um pacifista e costumava lamentar, em seus escritos, os horrores da guerra. Mesmo assim ele projetou artefatos e equipamentos que poderiam ser utilizados para ataque e defesa: de pontes móveis, armamentos sofisticados até um veículo com uma carapaça gigante, precursor dos tanques de guerra.

Blindada de madeira e folhas de metal, a geringonça contaria com torre de observação e poderia ser equipada com 20 canhões. Sua mobilidade seria garantida por oito tripulantes, incumbido de girar um conjunto de manivelas.

11. Águas
Algumas engenhocas projetadas por Da Vinci serviriam para o ser humano vencer o mar. Uma delas foi o escafandro: o renascentista desenhou vestes de couro para mergulhadores, com capacete e canos flexíveis que, boiando graças a cortiças, garantiriam o ar para a respiração. A roupa de mergulho proposta contava até com uma bolsa para armazenar a urina, em caso de vontade de ir ao banheiro.

O italiano também chegou a projetar artefatos especiais que, vestidos nos pés, serviriam para o ser humano caminhar sobre as águas.


* * *
"Quem não estima a vida não a merece".
Leonardo Da Vinci 
(15 de abril de 1452 - 02 de maio de 1519)