"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

domingo, 29 de abril de 2018

Criação de Novos Estados Brasileiros

Você sabia que, se todos os processos de fragmentação atualmente em trâmite na Câmara e no Senado fossem aprovados, o Brasil passaria a ter 40 unidades federativas? É claro que isso é extremamente improvável, mas só a título de curiosidade, olha só como ficaria o nosso mapa político:
(°< Via: Charlezine >>>

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Bar Don Juan, por Antonio Callado

Bar Don Juan
Antonio Callado

Quando estacionou diante do edifício, na Lagoa, Karin já estava na calçada à sua espera, sapatos de corda, um impermeável por cima da roupa de banho, e, no bolso, um frasco de prata com vodca.

Escandalizou-se ao ver que Mansinho não vinha de calção de banho por baixo da capa.

— Você não vai cair n’água?

— E você? Está querendo me ver, depois desse tempo todo, ou só quer tomar banho de mar?

No apartamento de Karin tinha uísque, vodca, sardinha e pão. Que besteira tomar banho de mar. Foram subindo a Rua Montenegro e, ao chegarem à praia, dobraram à direita. Resignado que estava de andar até o Arpoador, Mansinho se animou, achando que iam parar talvez diante do Country, mas Karin prosseguiu pela calçada. Pelas alturas do Cinema Miramar, Mansinho teve uma dúvida atroz. Será que a Karin queria andar pela Avenida Niemeyer até o Vidigal, a Gávea, a própria Barra? Karin parou no fim do Leblon e obrigou Mansinho a tirar os sapatos para andarem na beira do mar. Entre as pedras achou flores da véspera, três copos-de-leite de talos amarrados com fita branca. Karin declamou para o mar, restituindo as flores às ondas;

Todo coberto de lírios
de velas, fogos e círios
o ano estava estendido
das areias de Ipanema
aos rochedos do Leblon.
Diante do ano morto
lemanjá dá reveillon.

— O que é isso? — disse Mansinho.

— Ora! O poema do Murta. . –

— Você sabe tudo de cor, hem!

— Claro! Pois o poema foi feito para mim.

Mansinho ficou meio amuado. Karin tomou um trago de vodca. Apesar da ressaca, Mansinho, resignado, bebeu também. Estava se sentindo mofado, úmido.

— Por que é que Murta depois começou a fugir de mim? Eu sempre tive tanta vontade de ser amada por uma poeta.

— Murta é cineasta. Pelo menos é o que ele diz.

— Quem faz versos é poeta. Onde é que ele anda?

— Em caso de dúvida, procure no Don Juan’s. Se formos até lá é quase certo encontrar o Murta.

— Ele me adorou aquela noite na areia, se lembra, de joelhos, e depois deixou a festa e veio me procurar, andou comigo pela praia inteira, recitando os versos que tinha feito. Mas não me propôs nada.

Mansinho deu de ombros. Puseram-se a andar pela beira da praia, Karin apanhando conchas, cantarolando, inventando uma música para cantar com o poema:

Dançando no gume fino
da meia-noite lunar!

Mansinho foi ficando mais emburrado e Karin cada vez mais alegre e cantadeira. Ao passarem pela frente da Rua General Urquiza ele propôs que fossem para o Bar Don Juan mas Karin, sem responder, enfiou o braço no braço dele andando e cantando. Quando chegaram à desembocadura do canal do Jardim de Alá, sentou-se no paredão que avançava pelas ondas cinzentas. Mansinho já tinha molhado as calças até os joelhos e a garoa lhe pingava dos cabelos. Dois desocupados, no paredão oposto, olhavam em frente, ou vagamente estudavam a grande escavadeira empregada no alargamento do canal. Enquanto os trabalhadores, na areia, enchiam a boca com a comida tirada da marmita, a bocarra de ferro da escavadeira descansava, os dentes imensos imobilizados em torno de uma rocha. Karin passou a mão nos cabelos encharcados de Mansinho e tomou mais vodca.

— Fala alguma coisa

— Você gosta de versos e eu só tenho prosa. De mais a mais você e que deve ter alguma coisa a contar. O que é que fez durante uma semana inteira?

Karin o olhou séria.

— Aproveitei o pretexto de estudar a festa do Círio de Nazaré e fui conhecer a tua terra.

Mansinho arregalou os olhos.

— Você foi a Belém do Pará?

Karin fez que sim com a cabeça e tomou as mãos de Mansinho nas suas. Mansinho teve grande desejo dela e vontade de deitá-la ali mesmo, na areia ou até no dorso do paredão, mas ao mesmo tempo sentiu com certa melancolia aquele principio de enjôo que sempre lhe davam as mulheres quando passavam do porre da posse e da boa cegueira física inicial para uma fixação de sentimentos.

Domesticadas e ciscando o chão até as garças viram galinhas.

Da janela do escritório do Bar Don Juan, Aniceto viu Mansinho e Karin que chegavam da praia e ficou pensando na Da Glória. Que estaria fazendo em Pão de Açúcar da beira do São Francisco, ela da voz rouca e que sabia falar longa e misteriosamente —como se tivesse aprendido a falar com o rio — mas que era tão breve de carta e de escrita tão vazia? Tinha medo dos escritos.

“Palavra escrita é feito passarinho na gaiola”, dizia. “Se um dia eu receber um telegrama me mato mas não abro.”

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Frase da Vez

“Poucos vêem o que 
somos, mas todos vêem 
o que aparentamos.”
Maquiavel
(Florença, 3 de maio de 1469 — Florença, 21 de junho de 1527)
Foi um historiador, poeta, diplomata e músico
 de origem florentina do Renascimento.

sábado, 21 de abril de 2018

Trilha Sonora (303) - Billy Idol

Rebell Yell
Billy Idol

Last night a little dancer came dancing to my door
Last night a little angel came pumping on the floor
She said, come on baby, You got a license for love
And if it expires, pray help from above

Because in the midnight hour, she cried more, more, more
With a rebel yell she cried more, more, more
In the midnight hour babe more, more, more
With a rebel yell more, more, more, more, more, more

She don't like slavery, she won't sit and beg
But when I'm tired and lonely she sees me to bed
What set you free and brought you to me, babe
What set you free, I need you here by me, because

In the midnight hour, she cried more, more, more
With a rebel yell she cried more, more, more
In the midnight hour babe more, more, more
With a rebel yell more, more, more

He lives in his own Heaven
Collects it to go from the seven eleven
Well he's out all night to collect a fare
Just so long, just so long it don't mess up his hair

I walked the ward for you, babe
A thousand miles for you
I dried your tears of pain, babe
A million times for you

I'd sell my soul for you, babe
For money to burn with you
I'd give you all and have none, babe
Just to, just to, just to, just to have you here by me, because

In the midnight hour, she cried more, more, more
With a rebel yell she cried more, more, more
In the midnight hour babe more, more, more
With a rebel yell she cried more, more, more, more, more, more

Oh yeah, little baby
She wants more, more, more, more, more, more
Oh yeah, little angel
She wants more, more, more, more, more, more

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Poesia a Qualquer Hora (307) - Fernando Mendes Vianna

O poeta

Porque as flores florem e o flume flui, 
e o vento varre a fúria vã das ruas, 
eu desenfurno tudo quanto fui 
e me corôo com meus sóis e luas.

Porque o voo das aves é meu voo, 
e a nuvem é alcáçar que não rui, 
paro a mó do pensamento onde môo 
a vida, e abro no muro que me obstrui

a áurea, ástrea senda, a porta augusta. 
Que me importa se a clepsidra corrói 
as praças das infâncias em ruínas?

Poemas são meninos e meninas 
ao sol do Pai, que tudo reconstrói. 
Poeta é flor e flume em terra adusta.

Fernando Mendes Vianna

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Frase da Vez

"O orgulho é o 
complemento da
 ignorância."
Bernard Fontenelle
(Rouen, 11 de fevereiro de 1657 – Paris, 9 de janeiro de 1757) 
Foi um dramaturgo francês.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Poesia a Qualquer Hora (306) - Vinicius de Moraes

A um passarinho

Para que vieste 
Na minha janela 
Meter o nariz? 
Se foi por um verso 
Não sou mais poeta 
Ando tão feliz! 
Se é para uma prosa 
Não sou Anchieta 
Nem venho de Assis. 

Deixa-te de histórias 
Some-te daqui!

Vinicius de Moraes