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Josefina Parafina
Josefina Parafina
A mulher tinha o nome de Josefina de Jesus Campos, mas, era mais conhecida mesmo como Josefina Parafina. Ela tinha um pequeno negócio na esquina perto do cemitério Jardim da Saudade em sua cidade natal. Josefina era conhecida por ser uma vendedora de velas muito habilidosa, carismática e brincalhona. Daí o apelido de Parafina, também pra rimar com seu primeiro nome. E quando a chamavam de Josefina Parafina completava com um: fala gente fina, e ria, um riso gostoso e alegre.
Tinha um corpo esbelto, estatura média, cabelos já grisalhos e os olhos enrugados revelavam os anos de experiência que tinha como vendedora ambulante de velas e flores, flores de plástico, que não morrem, mas enfeitam os jazigos dos cemitérios. Já estava com 62 anos, viúva desde os 47. Seu falecido marido João Pedro Campos, motorista de caminhão, faleceu quando estava próximo de completar 50 anos. A causa mortis foi um infarto do miocárdio. Não tiveram filhos.
Mas voltando a história de Josefina.
Todas as manhãs ela arrumava sua modesta barraca com velas brancas, algumas aromáticas e com flores e arranjos diversos e coloridos. Ela acreditava que as velas podiam iluminar as almas dos entes queridos que foram embora, trazendo conforto para aqueles que ainda os lembravam. Seu maior orgulho era ver a alegria e a paz que as velas proporcionavam aos seus clientes.
Os moradores da cidade frequentemente visitavam o cemitério para honrar seus entes queridos. Mas antes, alguns passavam na esquina de cima pra comprar velas e flores da sorridente ambulante. E lá estava Josefina, com seu sorriso fácil e gentil, prontamente oferecendo suas velas e palavras de conforto aos seus clientes.
Um dia, um jovem chamado Luís se aproximou de Josefina com uma expressão triste no rosto. Ele havia acabado de perder seu avô e estava encontrando dificuldades para encontrar consolo. Josefina olhou nos olhos do rapaz e sabia exatamente o que ele precisava.
"Meu jovem, venha comigo", disse ela, e fechando sua barraca, pois já eram quase 17 horas, horário costumeiro quando encerrava seu dia na venda. Indicou ao rapaz o caminho para o cemitério. Juntos, eles caminharam entre as lápides e os túmulos enquanto Josefina explicava a importância de honrar e lembrar os entes queridos que se foram.
Ao chegarem ao túmulo do avô de Luís, eles acenderam uma vela que ela havia levado em sua bolsa e a colocaram ao lado da foto do velho senhor. Josefina incentivou Luís a contar suas histórias e memórias dele. Enquanto as lágrimas de tristeza escorriam pelo rosto de Luís, a chama da vela parecia dançar com alegria, trazendo um consolo inesperado e um alento ao coração do jovem rapaz.
Ao longo dos meses, Josefina e Luís desenvolveram uma amizade especial. Ela não só o ajudou a encontrar paz em tempos de luto, como também o orientou a seguir o exemplo de seu avô, que era conhecido por sua generosidade e caridade.
Inspirado pelas palavras e ações de Josefina, Luís decidiu iniciar seu próprio projeto para ajudar os mais necessitados. Josefina apoiou sua ideia e o ajudou a conseguir recursos para promover ações comunitárias.
Passados alguns anos, o pequeno negócio já não vendia muito, as pessoas, por mais que ela as incentivava a comprar velas e flores já não se interessavam tanto em adquirir e Josefina já tinha se aposentado e cansada resolveu desistir de sua barraca que manteve por mais de 30 anos no mesmo lugar. Mas Josefina se tornou uma figura conhecida e respeitada, uma alma iluminada que espalhava conforto, paz e esperança para todos que a conheciam.
E, embora Josefina Parafina tenha partido um dia, seu legado continuou. Sua história de superação e generosidade foi contada para as gerações futuras, inspirando muitos a seguirem seus passos, iluminando os corações das pessoas com velas de amor e compaixão.