Inferno
Dan Brown
Tradução: Fabiano Morais
e Fernanda Abreu
Editora Arqueiro - 449 páginas
Neste livro de Dan Brown, o autor nos traz mais uma aventura de Robert Langdon, o professor de simbologia de Harvard, que através de uma das obras primas literárias, O Inferno, - que é a primeira parte da "Divina Comédia" de Dante Alighieri - , o levará a uma corrida contra o tempo, para tentar impedir que um engenhoso plano leve, talvez, a destruição do mundo como conhecemos. Mistérios, reviravoltas, passagens secretas, símbolos e perseguições, tudo isso faz parte do enredo, comum nos livros do autor.
Boa parte da história se passa na Itália, quando Robert Langdon acorda em um hospital, sem saber como foi para lá. E desconfia que alguém o está perseguindo para tentar matá-lo. Contando com ajuda da médica Sienna Brooks, ele consegue fugir deste hospital, e Langdon tentará decifrar o significado do objeto estranho que ele encontrou em seu paletó. Um tubo de metal que projeta o “Mapa do Inferno” de Botticelli, uma famosa obra de arte inspirada no “Inferno” de Dante Alighieri. Junto com Sienna, eles partem em uma alucinada e frenética aventura pela Itália, para tentar desvendar o que está acontecendo. E o vilão da vez é o geneticista Bertrand Zobrist. Ele está empenhado em exterminar metade da população mundial.
O enredo principal da trama é sobre o crescimento desacelerado e desproporcional da população mundial, e o que isso implica, para o futuro da humanidade. O livro é uma mistura de cultura, religião, literatura, engenharia genética e tecnologia. Além disto tudo, o que acho bem legal nos livros de Dan Brown são as descrições que ele faz dos lugares, da arquitetura e das obras de arte mencionadas no livro.
O livro é bom, mas, não supera seus anteriores. Uma leitura para conhecermos mais sobre a cultura, a arte e a literatura italiana e discutirmos sobre o papel da Ciência e das Organizações Mundiais para o futuro da humanidade.
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“Os lugares mais sombrios do Inferno são reservados àqueles que se mantiveram neutros em tempos de crise moral.” - p. 7
Trechos:
> “As decisões do passado são os arquitetos do presente.” – p. 25
> "Seja o senhor quem for, deve saber muito bem que a OMS leva a questão da superpopulação muito a sério. Recentemente, gastamos milhões de dólares mandando médicos para a África com a missão de distribuir preservativos gratuitos e instruir as pessoas sobre métodos anticoncepcionais. – Ah, sim! – zombou o homem alto e magro. – E um exército ainda maior de missionários católicos foi para lá em seguida dizer aos africanos que, se eles usassem os tais preservativos, iriam todos para o Inferno. A África agora tem um novo problema ambiental: lixões transbordando de preservativos não utilizados." p. 102
> "– Era uma tese bem radical. O cronograma previsto era muito mais pessimista do que a estimativas anteriores, mas era sustentado por dados científicos bem sólidos. Zobrist fez muitos inimigos ao declarar que todos os médicos deveriam deixar de atuar porque aumentar a expectativa de vida humana só estava piorando o problema da superpopulação. Langdon agora entendia por que o artigo havia se espalhado tão rapidamente pela comunidade médica. – Como era de esperar – prosseguiu Sienna –, ele foi atacado por todos os lados: políticos, membros do clero, a OMS, todo mundo o ridicularizou como um maluco apocalíptico que estava apenas tentando gerar pânico.
O que causou tanto ressentimento foi a afirmação de que os filhos da juventude de hoje, caso ela decidisse se reproduzir, literalmente testemunhariam o fim da raça humana. Zobrist ilustrava seu argumento com um “Relógio do Apocalipse”, mostrando que, se todo o período da vida humana na Terra fosse concentrado em uma só hora... hoje estaríamos nos últimos segundos." - p. 203 e 204
> "Como em todos os grandes santuários, o tamanho prodigioso de Santa Sofia tinha dois objetivos. Em primeiro lugar, servia para provar a Deus quanto o homem era capaz de se esforçar para prestar homenagem a Ele. Em segundo, funcionava como uma espécie de tratamento de choque para os fiéis – um espaço tão imponente que aqueles que nele entravam se sentiam diminuídos, seus egos aniquilados e sua existência física e importância cósmica reduzida ao tamanho de uma simples partícula diante de Deus... um átomo nas mãos do Criador. Até o homem não ser nada, Deus nada pode fazer com ele. Martinho Lutero havia pronunciado essas palavras no século XVI, mas o conceito fazia parte da mentalidade dos construtores desde os primeiros exemplos de arquitetura religiosa." p. 378
> "A tradição cristã privilegiava imagens literais de Deus e santos, ao passo que o Islã se concentrava na caligrafia e nas formas geométricas para representar a beleza do universo de Deus. Segundo a tradição islâmica, como só Deus podia gerar a vida, não cabia ao homem criar imagens que a representassem – fossem elas de Deus, de pessoas ou mesmo de animais.
Langdon se lembrou de ter tentado explicar esse conceito a seus alunos certa vez:
– Um Michelangelo muçulmano, por exemplo, jamais teria pintado o rosto de Deus no teto da Capela Sistina. Em vez disso, teria escrito o nome de Deus. Retratar o rosto Dele teria sido considerado blasfêmia.
Em seguida, explicara por quê:
– Tanto o cristianismo quanto o islamismo são logocêntricos, ou seja, centrados na Palavra. Na tradição cristã, a Palavra se fez carne no livro de João: 'Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós.' Portanto, retratar a Palavra em forma humana era aceitável. Mas, na tradição islâmica, a Palavra não se fez carne, portanto, deve permanecer sob a forma de palavra. Na maioria dos casos, são representações caligráficas dos nomes das figuras sagradas do islamismo. Um de seus alunos resumira a complexa história com uma nota de rodapé curiosamente precisa:
-'Cristãos gostam de rostos; muçulmanos gostam de palavras.'” - p. 379
> "Por fim, Langdon tornou a falar:
– Existe um ditado antigo, muitas vezes atribuído ao próprio Dante...
– Ele fez uma pausa. – 'Lembre-se desta noite, pois ela é o início da eternidade.'” - p. 439
O Autor:
Dan Brown nasceu em Exeter (New Hampshire), em 22 de junho de 1964. É um escritor norte-americano. Seu primeiro livro, Fortaleza Digital, foi publicado em 1998 nos Estados Unidos. Seu maior sucesso foi o polêmico best-seller O Código da Vinci. É autor também de Anjos e Demônios, Ponto de Impacto e O Simbolo Perdido.
Fica a dica!
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