“O hábito nacional de deixar tudo para o dia seguinte”.
MÁRIO DE ANDRADE.
Eterna nação do futuro!
Sem noção da própria história
talvez por falta de memória.
É que estamos ligados à terra
e a terra é sempre o cotidiano
em renovação
com tudo que ela encerra:
(uma questão de meridiano)
luz, (in)salubridade, brotação
- nascer e renascer a cada ano
mas, por opção
preferimos o pôr-do-sol
aos arrebóis.
Seres diurnos
mas de hábitos noturnos
sob os lençóis da madrugada
amancebada.
Stephan Zweig a falar de futuro!
E com toda razão...
não cultuamos heróis:
vivemos de premonição
enquanto os fatos históricos
viram meras efemérides
— que eufemismo!!!
são datas oficiais
— nunca pessoais, entranhadas.
Nada sabemos da Independência
e de sua conseqüência
e a tal da Abolição da Escravatura
ficou mesmo na assinatura.
Em quem votamos
nas últimas eleições
(sem melhores opções)?
Indiferentes a qualquer governo
- em que nunca confiamos
nem creditamos esperanças –
pois não acreditamos em políticos.
Entre nós, o caudilhismo
fracassou
enquanto prosperou nas vizinhanças.
Sobreviveu ao coronelismo
do voto de cabresto,
pois votamos de arresto
compulsória e obrigatoriamente.
“Este futuro é sermos tudo”
vaticinou Fernando Pessoa.
O futuro é termos tudo
que o passado nos l(n)egou.
Antônio Miranda
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