1) - O Drible
Sérgio Rodrigues
Desenganado pelos médicos, um cronista esportivo de oitenta anos, testemunha dos anos dourados do futebol brasileiro, tenta se reaproximar do filho com quem brigou há um quarto de século. Toda semana, em pescarias dominicais, Murilo Filho preenche com saborosas histórias dos craques do passado o abismo que o separa de Neto. Revisor de livros de autoajuda, Neto leva uma vida medíocre colecionando quinquilharias dos anos 1970 e conquistando moças que trabalham no comércio perto de sua casa, no bairro carioca da Gávea. Desde os cinco anos, quando a mãe se suicidou, sente-se desprezado pelo pai famoso. Como nos romances anteriores de Sérgio Rodrigues, há um contraponto de vozes narrativas. Entremeado com o relato principal transcorre o livro que Murilo escreve sobre um extraordinário jogador dos anos 1960 chamado Peralvo, dotado de poderes sobrenaturais e que teria sido 'maior que Pelé' se não tivesse encontrado um fim trágico. A alternância entre o realismo da história de Neto, seco e desencantado, e o realismo mágico da história de Peralvo sinaliza a perícia de Sérgio Rodrigues, um dos narradores mais habilidosos de sua geração. O personagem do velho cronista é o veículo de uma celebração da história do futebol raras vezes empreendida pela literatura brasileira. Murilo Filho, porém, é mais do que isso. Com atraso, como se tomasse um drible, Neto entrevê nas frestas da narrativa do pai - e o leitor, um pouco antes dele - um sombrio segredo de família e um episódio tenebroso dos porões da ditadura militar.
2) - Histórias do Futebol
João Saldanha
João Saldanha, um dos maiores cronistas esportivos que o Brasil já viu, leu e ouviu, emérito contador e criador de casos, conta suas viagens pelo Brasil e pelo mundo com o fantástico grupo de jogadores que ele dirigia quanto foi técnico do Botafogo de Mané Garrincha, Didi, Nilton Santos, Zagallo e tantos outros que se tornaram ídolos do futebol carioca, brasileiro e mundial. É imperdível mesmo para quem não teve o prazer de conhecer Joião Saldanha e só ouviu falar dele. Publicado originalmente em 1963 sob o título "Os subterrâneos do futebol".
3) - O Negro no Futebol Brasileiro
Mario Filho
"O negro no futebol brasileiro" foi publicado pela primeira vez em 1947 tendo como tese central que o futebol seria o meio pelo qual o negro e o mulato conseguiriam ascender socialmente. Ao longo do livro, Filho desenvolve uma historicidade própria do futebol brasileiro partindo de um início elitista e branco para alcançar ao final a democratização racial. Outro aspecto essencial do livro é a sua intenção de construir uma identidade brasileira a partir do futebol. A especificidade do Brasil originada pela miscigenação também estaria representada no esporte.
4) - Quando é Dia de Futebol
Carlos Drummon de Andrade
Publicados em sua maioria nos jornais Correio da Manhã e Jornal do Brasil, nos quais o autor ocupou cadeira cativa durante muitos anos, os textos de Quando é dia de futebol mostram um Carlos Drummond de Andrade atento ao futebol em suas múltiplas variantes: o esporte, a manifestação popular, a metáfora que nos ajuda a entender a realidade brasileira. São crônicas e poemas escritos a partir da observação do autor sobre campeonatos, Copas do Mundo, rivalidades entre grandes times e lances geniais de Pelé, Mané Garrincha e outros.
Selecionados por Luis Mauricio e Pedro Augusto Graña Drummond, netos do poeta, os textos oferecem um passeio - muito drummondiano, e portanto leve, inteligente e arguto - por nove Copas do Mundo: de 1954, na Suíça, até a última testemunhada pelo autor, em 1986, no México. Não são, claro, resenhas de certames nem tentativas de análise futebolística. Vão além, em seu aparente descompromisso, pois capturam no futebol aquilo que mais interessava ao autor: a capacidade que o bate-bola tem de estilizar, durante os noventa minutos de duração de uma partida, as grandes paixões humanas.
“Confesso que o futebol me aturde, porque não sei chegar até o seu mistério”, anota o mineiro em um dos textos. Pura modéstia, como se verá na leitura deste Quando é dia de futebol, pois, se houve algum escritor brasileiro habilitado à decifração desse esporte apaixonante, foi mesmo Carlos Drummond de Andrade.
5) - A Pátria de Chuteiras
Nélson Rodrigues
“Já descobrimos o Brasil e não todo o Brasil. Ainda há muito Brasil para descobrir. Não há de ser num relance, num vago e distraído olhar, que vamos sentir todo o Brasil. Este país é uma descoberta contínua e deslumbrante.” Nelson Rodrigues marcou um lugar indiscutível, revolucionário no teatro. No entanto, o Nelson cronista, o comentarista de futebol, não é menos importante. Nelson Rodrigues foi o escritor brasileiro que “leu”, “releu” nosso país pelo campo, pela bola, pelos craques. Ele viu e compreendeu, antes de todos, a grandiosidade da nossa pátria. Defendeu a nação com uma paixão pura. “Anunciou”, “promoveu”, “profetizou” a força do Brasil.
6) - Futebol ao Sol e à Sombra
Eduardo Galeano
Acima do futebol está a lenda. Uma estranha magia se impõe ao esporte. E o jogo se transforma em saga, desperta paixões, cria mitos, heróis, glórias e tragédias. Exaltado pelas multidões, criou em seu lado sombrio um mundo à parte, onde envolve poderosíssimos interesses políticos e financeiros.
Mas nada se sobrepõe ao encanto desta "festa pagã". Para captar este fascinante universo de perdas e conquistas, Eduardo Galeano penetrou nas profundezas da história e das histórias que se passam dentro e fora das quatro linhas. Construiu este livro como um verdadeiro monumento à paixão. Através de sua prosa consagrada, tudo tem sabor. Pelé, Di Stéfano, Maradona, Zizinho, Didi, Garrincha, Obdúlio Varella o carrasco uruguaio de 1950 , o aranha negra Yachin, Leônidas, Platini, Domingos da Guia, Friedenreich e muitos outros craques são mostrados nos seus momentos de esplendor e desgraça.
Ágil, emotivo, este livro flui prazerosamente. Não é preciso ser um apaixonado da bola para apreciar esta saga. Basta se apreciar a grande literatura.
7) - Anatomia de uma Derrota
Paulo Perdigão
Este livro aborda a maior tragédia do futebol brasileiro em todos os tempos: a perda da Copa do Mundo de 1950 em pleno Maracanã. O jornalista Paulo Perdigão analisa e reconstitui passo a passo cada momento do jogo final, da euforia de todos os brasileiros pela certeza da vitória antes do jogo, à incredulidade diante da vitória uruguaia.
8) - A Dança dos Deuses
Hilário Franco Jr.
No Brasil, o futebol é bastante jogado, mas insuficientemente estudado. Esta constatação estimulou o medievalista Hilário Franco Júnior a empreender uma abrangente viagem em torno do tema. 'A dança dos deuses' está dividido em duas partes, uma histórica e outra de viés analítico. Do ponto de vista histórico, o autor mostra como o futebol não pode ser dissociado da história geral das civilizações. Exemplo eloqüente encontra-se na lógica da sua propagação e rejeição, a partir da Inglaterra, tendo sido bem-aceito nos países que sofriam forte influência cultural inglesa, mas nunca devidamente incorporado em países que constituíram o império, como Austrália e Canadá. A própria evolução das regras e das táticas do esporte responderam, é fato, a necessidades específicas do jogo, mas também só podem ser entendidas em contextos de adaptação do futebol às mudanças no mundo. Na segunda parte, Franco Júnior procura investigar o esporte como metáfora sociológica, antropológica, religiosa, psicológica e linguística. Somos levados a pensar, por exemplo, sobre os diferentes usos políticos do futebol, seja por regimes autoritários ou democráticos, tanto uns quanto outros sempre abraçados ao nacionalismo. O autor nos convida a refletir sobre os sentidos ocultos em toda a ritualização do mundo esportivo, nos nomes dos times, nas cores das camisas, nos escudos, e ainda recorre a Freud para examinar a fascinação que o esporte exerce. Hilário Franco Júnior leva ao limite a ideia de que o futebol é uma imitação da vida.
9) - Brasil em Campo
Nélson Rodrigues
Nelson Rodrigues e o futebol. Pode parecer mera repetição, mais do mesmo, mas não é! Brasil em Campo é uma antologia em que se conjugam ironia, versatilidade, repetição - com muito estilo - e belíssimos chutes a gol de um dos maiores cronistas esportivos do país. E não é só isso. Nas crônicas aqui reunidas, percebe-se que, a partir do chute inicial, com belos e inesperados dribles na pauta de sua coluna, Nelson passa a bola para questões políticas, culturais e acaba chegando ao mais fundo da alma brasileira. Porque esse é seu espaço por excelência de discussão do humano e de suas verdades. Mas Brasil em Campo é ainda, sobretudo, o retrato de uma paixão. Paixão pessoal, coletiva, brasileira. Talvez essa seja mesmo a palavra que grite mais alto nas páginas deste livro, como um torcedor em final de campeonato ou quando sente que seu time foi garfado pela arbitragem. Paixão é o sentimento que todos os brasileiros devotam a esse esporte e com Nelson não foi diferente. Sabidamente apaixonado por futebol e pelo seu time, o Fluminense, Nelson elege esse esporte como nosso maior traço de união, fazendo dele uma verdadeira metáfora do Brasil e dos brasileiros.
10) - Os Garotos do Brasil
Ruy Castro
Ruy Castro passeia pela alma dos craques com a ginga que só os melhores têm, revelando o caráter, os sonhos e as motivações de alguns dos nossos maiores ídolos. Pelé, Garrincha, Zico, Sócrates, entre outros campeões, são apresentados nesse livro por um torcedor -ele próprio- que usa as palavras para conduzir a bola e chutar a gol, nos mostrando o essencial sobre esses homens que consagraram o futebol brasileiro.
11) - O Futebol Explica o Brasil
Marcos Guterman
De esporte de elite a entretenimento das massas, do amadorismo ao profissionalismo, dos salários modestos à globalização-exportação, o uso político do esporte e o uso da política pelo esporte. Quando se estuda futebol no Brasil, não se fala "só" de um jogo, mas da própria história do país, emaranhada com a evolução nas quatro linhas do campo.
O jornalista e historiador Marcos Guterman mostra a trajetória do futebol no país desde sua chegada da Inglaterra, a formação dos primeiros clubes, os craques, os grandes fracassos, as peculiaridades. O livro narra os acontecimentos do último século no Brasil, mas principalmente mostra como política, economia, sociedade e futebol estão muito mais associados do que costumamos imaginar. Assim, o esporte mais popular do mundo, se lido corretamente, consegue explicar o Brasil.
(º> Fonte das Sinopses dos Livros: SKOOB >>>
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