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"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês
segunda-feira, 14 de dezembro de 2020
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
Centenário de Nascimento de Clarice Lispector
Hoje, 10 de Dezembro de 2020, 100 anos do nascimento de Clarice Lispector
Clarice Lispector foi uma das mais destacadas escritoras da terceira fase do modernismo brasileiro, chamada de "Geração de 45".
Recebeu diversos prêmios dentre eles o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal e o Prêmio Graça Aranha.
Biografia de Clarice Lispector
Haya Pinkhasovna Lispector nasceu no dia 10 de dezembro de 1920 na cidade ucraniana de Tchetchelnik.
Descendente de judeus, seus pais Pinkhas Lispector e Mania Krimgold Lispector, passaram os primeiros momentos de vida de Clarice fugindo da perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa (1918-1920).
Diante disso, chegam ao Brasil em 1921 e vivem nas cidades de Maceió, Recife e Rio de Janeiro onde passaram algumas dificuldades financeiras.
Desde pequena, Clarice estudou várias línguas (português, francês, hebraico, inglês, iídiche) e teve aulas de piano. Era boa aluna na escola e gostava de escrever poemas.
Após a morte de sua mãe em 1930, Clarice termina o terceiro ano primário no Collegio Hebreo-Idisch-Brasileiro.
Mais tarde, sua família vai viver no Rio de Janeiro. Em 1939, com 19 anos, ingressa na Escola de Direito da Universidade do Brasil e começa a dedicar-se totalmente à sua grande paixão: a literatura.
Fez cursos de antropologia e psicologia e, em 1940, publica seu primeiro conto, intitulado “Triunfo”.
Após a morte de seu pai, em 1940, Clarice começa sua carreira de jornalista. Nos anos seguintes, trabalha como redatora e repórter na Agência Nacional, no Correio da Manhã e no Diário da Noite.
Em 1943, casa-se com o Diplomata Maury Gurgel Valente, com quem teve dois filhos. Seu primogênito, Pedro, foi diagnosticado com esquizofrenia. Seu segundo filho, Paulo, foi afilhado do escritor Érico Veríssimo.
Devido à profissão de seu marido, Clarice viveu em muitos países do mundo, desde Itália, Inglaterra, Suíça e Estados Unidos. O relacionamento durou até 1959, e quando resolveram se separar, Clarice retornou ao Rio com seus filhos.
A escritora foi naturalizada brasileira e se declarava pernambucana. Seu nome, Clarice, foi uma das formas que seu pai encontrou de esconder toda sua família quando chegaram ao Brasil.
Clarice falece no dia 09 de dezembro de 1977, véspera de seu aniversário de 57 anos, na cidade do Rio de Janeiro, vítima de câncer de ovário.
Curiosidades
- Clarice se apaixonou por quem viria a ser seu grande amigo confidente, o escritor Lúcio Cardoso (1912-1968), contudo, não ficaram juntos porque Lúcio era homossexual.
- Um episódio marcante de sua vida foi o incêndio que ocorreu em sua casa, em 1966, provocado por um cigarro. Como consequência, ficou hospitalizada durantes meses e quase teve de amputar sua mão.
Principais Obras de Clarice Lispector
Conhecida como uma das melhores escritoras brasileiras, Clarice escreveu romances, contos, crônicas, literatura infantil.
De personalidade singular e forte, pouco se importava com as críticas e, segundo ela:
“Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro...”.
Algumas de suas obras:
- Perto do coração selvagem (1942)
- O Lustre (1946)
- A Cidade Sitiada (1949)
- Laços de Família (1960)
- A Maçã no Escuro (1961)
- A Legião Estrangeira (1964)
- A Paixão Segundo G. H (1964)
- O Mistério do Coelho Pensante (1967)
- A Mulher que Matou os Peixes (1968)
- Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (1969)
- Felicidade Clandestina (1971)
- Água Viva (1973)
- A Imitação da Rosa (1973)
- Via Crucis do Corpo (1974)
- Onde Estivestes de Noite? (1974)
- Visão do Esplendor (1975)
- A Hora da Estrela (1977)
Poemas de Clarice Lispector
Embora sua poesia não utilize a forma em versos, Clarice se destacou com seus poemas repletos de lirismo.
Confira abaixo alguns:
Mas há Vida
Mas há a vida
que é para ser
intensamente vivida, há o amor.
Que tem que ser vivido
até a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata.
Estrela Perigosa
Estrela perigosa
Rosto ao vento
Marulho e silêncio
leve porcelana
templo submerso
trigo e vinho
tristeza de coisa vivida
árvores já floresceram
o sal trazido pelo vento
conhecimento por encantação
esqueleto de idEias
ora pro nobis
Decompor a luz
mistério de estrelas
paixão pela exatidão
caça aos vagalumes.
Vagalume é como orvalho
Diálogos que disfarçam conflitos
por explodir
Ela pode ser venenosa como às vezes o cogumelo é.
No obscuro erotismo de vida cheia
nodosas raízes.
Missa negra, feiticeiros.
Na proximidade de fontes,
lagos e cachoeiras
braços e pernas e olhos,
todos mortos se misturam e clamam por vida.
Sinto a falta dele
como se me faltasse um dente na frente:
excrucitante.
Que medo alegre,
o de te esperar.
Precisão
O que me tranquiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.
Frases de Clarice Lispector
“Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.”
“Minhas desequilibradas palavras são o luxo do meu silêncio.”
“Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas.”
“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.”
“Mas quero ter a liberdade de dizer coisas sem nexo como profunda forma de te atingir. Só o errado me atrai, e amo o pecado, a flor do pecado.”
“O medo sempre me guiou para o que eu quero. E porque eu quero, temo. Muitas vezes foi o medo que me tomou pela mão e me levou. O medo me leva ao perigo. E tudo o que eu amo é arriscado.”
“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.”
“Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.”
Entrevista com Clarice Lispector
Confira a última entrevista de Clarice Lispector realizada pelo jornalista Júlio Lerner. O vídeo foi veiculado no programa “Panorama”, da TV Cultura, dia 1º de fevereiro de 1977, ano da morte da escritora.
(º> Via: Toda Matéria >>>
segunda-feira, 16 de novembro de 2020
Resultado das Eleições 2020 em Tupaciguara-MG
Total: 15 365
Abstenção: 4 486 (22,60%)
Para Prefeito:
Votos Válidos: 14 663 (95,43%)
Brancos - 193 votos - 1,26%
Nulos - 509 votos - 3,31%
Neto da Edilamar - PSDB - 5 362 votos - 36,57%
Tenente Carlos - PROS - 4 617 votos - 31,49%
Dr. Lauro Júnior - Patriota - 4 599 votos - 31,36%
Prof. Carlos - PCdoB - 85 votos - 0,58%
Para Vereadores:
Votos válidos: 14 624 (95,18%)
Votos Brancos: 320 (2,08%)
Votos Nulos: 421 (2,74%)
Professor Dalmo - PROS - 609 votos - 4,16%
Fernando Sorriso - Patriota - 442 votos - 3,02%
Jerominho Enfermeiro - Avante - 442 votos - 3,02%
Darço PSDB - 377 votos - 2,58%
Kézia Gomes - DEM - 369 votos - 2,52%
Moacir Júnior - Republicanos - 367 votos - 2,51%
Juninho da Padaria - PSD - 347 votos - 2,37%
Cupim da Aroeira - PSDB - 321 votos - 2,20%
Hildebrando - Republicanos - 307 votos - 2,10%
Licim - Avante - 287 votos - 1,96%
Túllio Pinhal - PSC - 260 votos - 1,78%
sábado, 31 de outubro de 2020
Assim naTerra como Embaixo da Terra, de Ana Paula Maia
como Embaixo
da Terra
Ana Paula Maia
144 Páginas – 2017
Editora Record
Assim na Terra como Embaixo da Terra, em uma linguagem direta e intensa, Ana Paula Maia nos traz a história de uma colônia penal isolada, onde o agente superior Melquíades é o algoz dos condenados, onde ele os caça e os mata por simples satisfação pessoal. A colônia que era pra ser modelo de detenção da qual nenhum preso conseguiria fugir, está prestes a ser desativada, mas antes disso, este lugar que fora construído em um terreno que guarda tenebrosas histórias de assassinatos e torturas de escravos, se tornará um campo de extermínio por obra de seu agente Melquíades e comparsas, como Taborda, que cumpre ordens de Melquíades sem resignação e sem sentimentos humanos. Os presos que são poucos agora, entre eles, Pablo, Índio e Bronco Gil, estão sempre planejando a fuga deste inferno, mesmo sabendo que poderão ser caçados e mortos como animais selvagens.
Só pelo título, o livro já desperta curiosidades. O texto flui dinamicamente prendendo a atenção desde o início com uma narrativa reflexiva e pujante, em um cenário cruel e violento. Faz referência sobre um importante assunto, a questão atual dos presídios brasileiros, com lotações acima do permitido e de maioria negra.
“... Esta obra de Ana Paula Maia será lembrada como um instante de alta voltagem literária que desloca seu leitor de algum lugar confortável.” – Marcia Tiburi [Orelha do Livro]
Assim na terra como embaixo da terra é o sexto romance de Ana Paula Maia – vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura de 2018.
Excelente livro!
Trechos:
- "Taborda separa o couro do osso e deixa pele pendurada num galho de árvore, limpa a cabeça do javali, removendo todo o conteúdo. Ele é hábil nessa atividade, e o cheiro fétido ao seu redor faz com que apenas as moscas se aproximem dos resíduos ensanguentados. Com uma faquinha, ele raspa o excesso de carne colada ao osso. Seca o suor da testa com as costas da mão. Dá-se por satisfeito ao ver um monte de carne desfiada ao lado de sua perna. Levanta-se apanha o esqueleto e uma pá e segue até o formigueiro, localizado nos fundos do pavilhão central. Com agilidade, ele cava a terra de onde centenas de formigas saem e ali coloca o crânio do javali. Joga a terra por cima e afasta-se apressadamente, debatendo-se e pisando com força no chão. Dali a dois meses, as formigas terão feito a limpeza geral no crânio, devorando dia e noite as carnes que não foram removidas manualmente. Apanha o couro que havia pendurado no galho de uma árvore e o leva para ser curtido no sal grosso dentro de um quartinho abandonado que servia outrora de depósito de feno." - páginas 23 e 24
- "Logo depois de amanhecer, o dia refletia uma brancura intransponível que fazia os limites entre céu e terra desaparecerem. As montanhas que contornam a região amanheceram cobertas pela geada. Horas depois, o sol apareceu, vigoroso. Os homens que ainda restam na Colônia dividem-se no trabalho do roçado e da cozinha desde muito cedo. O galinheiro e a pocilga já foram devidamente cuidados. Pablo puxa uma carroça cheia de sacos de lixo. Sente-se um jumento, uma besta de carga. Desde que os cavalos foram mortos, são eles que puxam as carroças. Atravessa uma parte da fazenda cujo solo é mais arenoso, provocando, assim, o afundamento das rodas. Isso dificulta seu labor de besta e, vez ou outra, precisa parar para se recompor. O lixão atrai abutres para o local, e o fato de incinerarem a imundície não os espanta. Pelo contrário, como um sinaleiro, a fumaça parece atraí-los ainda de mais longe. Observa o voejar das aves negras, cortando o céu com suas asas arqueadas, grasnando uma para a outra, numa comunicação que ecoa a quilômetros de distância. Não é raro uma ave ou outra prender-se na cerca eletrificada e morrer depois de se debater inutilmente. Em algumas partes da cerca é possível ver restos dos esqueletos das aves que foram capturadas. Às vezes, Taborda utiliza uma longa vara de madeira para removê-los." - páginas 65 e 66
- “Nos primeiros anos, comboios com presos chegavam semanalmente, eram divididos em funções e disciplinados com rigor quando cometiam uma infração. Diversas fugas foram planejadas, mas nenhuma realmente fora posta em prática. Os presos que ameaçavam a boa convivência no local eram mortos longe dos outros e enterrados em covas coletivas. Alguns anos depois de inaugurada, a Colônia tornou-se um lugar de extermínio. As ordens vinham por escrito, enviadas por telegramas ou telefonemas lacônicos. Os comboios com apenados para serem mortos chegavam com regularidade. Homens de todas as partes, culpados de crimes hediondos, julgados e condenados. Melquíades abatia os homens como quem abate o gado. Eram ordens que deveriam ser cumpridas e não questionadas.” – página 70
-“'Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem.' Esse versículo da Bíblia permanecia pregado na porta do seu armário no quartel. Todos sabiam que era um homem de fé e de sangue. Acreditava que se Deus fez o homem conforme a sua imagem, então a justiça de Deus deveria ser feita por intermédio do homem, já que todo ser humano é a manifestação de Deus na Terra. Quando um homem mata um homem, ele mata a imagem de Deus; e, assim, a imagem de Deus torna-se assassina e assassinada ao mesmo tempo.
Era comum cair em longos silêncios depois de matar. Por um lado, justiça havia sido feita; por outro, um pouco de Deus estava morto.” – página 81
-“ O confinamento de homens assemelha-se a um curral de animais. O gado é abatido para se transformar em alimento; os homens, por sua vez, são abatidos para deixarem de existir. Não é um lugar de recuperação ou coisa que o valha, é um curral para se amontoarem os indesejados, muito semelhante aos espaços destinados às montanhas de lixo, que ninguém quer lembrar que existem, ver ou sentir seus odores.” – página 97
“No fim, somos todos livres, porque, no fim, estaremos mortos.”
- Bronco Gil [Personagem do livro]
A Autora:
Escritora e roteirista, Ana Paula Maia é autora de romances de tom naturalista. Venceu duas vezes o Prêmio São Paulo de Literatura, com os livros "Assim na terra como embaixo da terra" (2018) e "Enterre seus mortos" (2019).
Suas obras tematizam a relação do homem com o trabalho, a moldagem do caráter pelas atividades diárias e a inferiorização do homem pelo trabalho que exerce. Seus personagens são, em suas palavras, "homens-bestas" - trabalham duro, sobrevivem com muito pouco, esperam o mínimo da vida e, em silêncio, carregam seus fardos e o dos outros. Destaca-se a trilogia "A Saga dos Brutos", composta pelas novelas "Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos" (2009), "O trabalho sujo dos outros" (2009) e "Carvão animal" (2011).
Fica a Dica!
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
Barlavento x Sotavento
Barlavento
Borda do navio que fica para o lado de onde o vento sopra nas velas.
Sotavento
Borda do navio oposta àquela de onde o vento sopra; lado oposto ao barlavento.
(º> Fonte: Dicio >>>
segunda-feira, 5 de outubro de 2020
sábado, 26 de setembro de 2020
Trilha Sonora (337) - Stuck in the Sound
Let´s Go
Stuck in the Sound
Stuck in the Sound
Here I am tied and bound
Every night feeling low
Bad days come back whatever
In the sun I bathe, in everyday light
You draft me down for a split second tomorrow
What am I supposed to do
I know you would make me happy
Girl I found my way out
I found it at last, now I'm sober
Wouhouwhou
Let's go
Hey (whouhouwhou)
Hey
You cryin'
How sweet the sound
Silence's on, I attempt
Bow and scrape, tope the line
Never get back together
With the same old style rand down my life
You drag and drop, attract me after all
Anyway I'm gone tomorrow
I know you would make me happy
Girl I found my way out
I found it at last, now I'm sober
I know it would make it concrete
Now you're cryin'
(Whouhouwhou)
How sweet the sound
Let's go
Hey!
(Whouhouwhouwhou)
Let's go
Hey
You cryin'
How sweet the sound
Hey
Let's go
We're back to back for hours
We're weak and what they say
'Bout loving like we do
We'll never give this up
You cryin'
How sweet the sound
Bad days come back whatever
In the sun I bathe, in everyday light
You draft me down for a split second tomorrow
What am I supposed to do
I know you would make me happy
Girl I found my way out
I found it at last, now I'm sober
Wouhouwhou
Let's go
Hey (whouhouwhou)
Hey
You cryin'
How sweet the sound
Silence's on, I attempt
Bow and scrape, tope the line
Never get back together
With the same old style rand down my life
You drag and drop, attract me after all
Anyway I'm gone tomorrow
I know you would make me happy
Girl I found my way out
I found it at last, now I'm sober
I know it would make it concrete
Now you're cryin'
(Whouhouwhou)
How sweet the sound
Let's go
Hey!
(Whouhouwhouwhou)
Let's go
Hey
You cryin'
How sweet the sound
Hey
Let's go
We're back to back for hours
We're weak and what they say
'Bout loving like we do
We'll never give this up
You cryin'
How sweet the sound
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Projeto Nacional: O Dever da Esperança de Ciro Gomes
O Dever da Esperança
Ciro Gomes
Editora: LeYa
2020 – 272 páginas
Projeto nacional: O dever da esperança, livro inédito de Ciro Gomes, é um convite para debater racionalmente o país que somos e o país que desejamos ser. “É minha contribuição pessoal a uma reflexão inadiável sobre o Brasil, as raízes de seus graves problemas e as pistas para sua solução”, escreve o autor na introdução. A frase reflete o espírito da obra e de seu autor: não só oferecer um diagnóstico das principais questões que atrapalharam o nosso desenvolvimento com democracia, liberdade e justiça, como também apresentar um vasto conjunto de ideias capazes de direcionar o Brasil rumo a um futuro desejável. É o que Ciro Gomes chama de um novo Projeto Nacional de Desenvolvimento – ele segue a linha de pensadores do nacional-desenvolvimentismo, de que, para superar o atraso e a desigualdade, não basta crescimento econômico: é necessário criar condições para promover a justiça social, reparar dívidas históricas com o próprio povo, gerar oportunidades menos desiguais e, ao mesmo tempo, garantir dinamismo a este gigantesco mercado interno chamado Brasil. [contracapa do livro]
Neste livro Ciro Gomes nos apresenta seu Projeto Nacional de Desenvolvimento e traz também suas ideias para serem debatidas civilizadamente para que possamos devolver ao Brasil a esperança, para voltarmos a acreditar na política e através dela possamos reconstruir um país, uma nação, com o consenso de todos.
Ciro viaja e viajou por todos os lados do Brasil, observando, desenvolvendo, palestrando e apresentando ideias e propostas, se tornando assim uma das vozes mais relevantes no debate dos vários problemas em várias áreas deste país. Neste livro Ciro propõe diversos pontos fundamentais para um Projeto Nacional de Desenvolvimento, trazendo e abordando questões sobre o Estado, os impostos, geração de empregos, meio ambiente, segurança, sobre as reformas necessárias e principalmente sobre a defesa da democracia. Este livro traz ideias claras, bem sucintas e soluções reais sobre o cenário político e econômico atual, um verdadeiro projeto de (re)construção e (re)industrialização de um país que esta completamente perdido e incapacitado com este (des)governo que aí está e dos que o antecederam. Ciro é sóbrio, atento, tem conhecimento e argumentos sólidos para defender estes projetos e garantir a soberania do Brasil...
Excelente livro, bem coeso e embasado, uma das melhores leituras do ano!
Recomendo!
Trechos:
- “Determinado a fundar a transformação necessária na circunstância histórica real, Ciro Gomes explica o que aconteceu ao país nas últimas décadas e como e por que chegamos ao quadro de estagnação econômica, desagregação política e rendição nacional em que nos
encontramos. Para isso, ele contrasta sua proposta com os dois ideários que predominaram nos governos desse período. Um deles – que atravessou os mandatos de Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso na década de 1990, e ressurgiu com Michel Temer e Jair Bolsonaro nos últimos anos – foi o fiscalismo financista. Travestido de liberalismo e de ortodoxia econômica, apostou na retração do Estado e na busca da confiança financeira. Atuou na suposição – desmentida em todo o mundo – de que a obediência traria o investimento e que nosso país cresceria com o dinheiro dos outros. O realismo fiscal é indispensável, sim, como Ciro Gomes sempre reconheceu e praticou, não para ganhar a confiança financeira, mas pela razão oposta: para que o Brasil e seu governo não dependam da confiança financeira e possam ousar na construção de estratégia insubmissa de desenvolvimento. Abdicar da rebeldia, e da construção institucional que ela exige, foi o maior pecado dessa conspiração contra nosso futuro. O outro ideário – que acabou prevalecendo nos governos petistas – foi o nacional-consumismo. Teve o mérito de diminuir a pobreza, mas tomou o caminho fácil de usar as riquezas naturais do país – na agricultura, na pecuária e na mineração – para pagar a conta do consumo urbano. Em vez de organizar a qualificação do aparato produtivo do país e a capacitação dos brasileiros, aceitou nossa regressão a um primarismo produtivo, do qual a desindustrialização foi apenas um dos aspectos. Renegou a construção de um produtivismo inclusivo, voltado para o horizonte da economia do conhecimento, e organizou um sistema geral de cooptação – dos pobres pelas transferências sociais, das corporações pelos direitos adquiridos, dos graúdos pelos favores tributários e pelo crédito subsidiado, e dos rentistas pelos juros desnecessários e irresponsáveis. Quando a riqueza fácil acabou, a tentativa de dar sobrevida a um modelo econômico malogrado aprofundou a ruína, desorganizando as finanças públicas. E a cooptação multiplicou oportunidades para a corrupção nos acertos entre as elites de poder e de dinheiro.” – págs.: 14 e 15
- “Para mim, de nada vale crescimento econômico sem liberdade e sem promoção de justiça social.” – pág.: 41
- “Para minha grande decepção, o partido que eu tinha ajudado a fundar para implantar uma socialdemocracia no Brasil, o PSDB, e o plano econômico que tinha ajudado a consolidar, o Real, se desvirtuaram completamente durante o Governo FHC, se deixando corromper pelos interesses do novo rentismo e pela embriaguez eleitoreira de uma emenda de reeleição obtida por suborno. Logo após a posse, esses novos protagonistas da vida econômica passaram a comandar o governo e a submeter todas as outras frações do capitalismo nacional, cooptando a maioria da classe política. Ou seja, o Plano Real foi uma iniciativa muito séria, mas era como uma espécie de antipirético, um comprimido para febre. Melhor explicando: a inflação não era a doença; era, como as febres, um sintoma das doenças. É preciso tratar a febre alta, mas, controlada a febre, é preciso levar o paciente a identificar a infecção. Essa sim é a doença. A doença era o colapso do modelo e a febre era a inflação. FHC experimentou a popularidade extraordinária do fim da febre e em vez de levar o paciente para a terapia ou cirurgia, levou o paciente para o baile funk, se é possível tratar com bom humor com esse momento crítico de nossa história.” – págs.: 57 e 58
- “Não resta mais qualquer dúvida razoável hoje de que o Brasil sofreu um golpe. O uso de uma forma constitucional sem o conteúdo acusatório adequado não torna legal o processo. E hoje sabemos que o mesmo Congresso que se inflamou contra as pedaladas tornou-as legais dois dias depois de afastar a presidente legítima. Esse mesmo Congresso negou a autorização para investigação do golpista que ocupou a Presidência da República desonrando nosso país e nosso povo, mesmo diante de malas de dinheiro e confissões de crimes gravadas. O ex-presidente da Câmara e hoje condenado por corrupção Eduardo Cunha, que outrora me processou por tê-lo chamado de corrupto, aceitou e conduziu o pedido de impeachment.” –Pág.: 71
- “Ao transformarem as eleições num circo de fake news e debates sobre absurdos, Bolsonaro venceu, o PT sobreviveu e o Brasil foi atirado no abismo do neoliberalismo, do protofascismo, do colonialismo norte-americano e do governo tecnicamente mais desqualificado da história brasileira.” – Pág.: 81
- “Isto é o neoliberalismo: lucro privado, prejuízo socializado, ou seja, pago pelo povo.” – pág.: 117
- “Não podemos abrir mão de nossa vocação agropecuária, mas sem indústria forte seremos condenados a padrões de consumo de países pobres, ainda enfrentando uma contínua pressão pela expansão da fronteira agrícola sobre a Amazônia. Já hoje estamos sentindo o dramático efeito da queda dos preços das commodities agrícolas e minerais, tornando nosso balanço de pagamentos insustentável. Assim, temos que pactuar com toda a sociedade – governo, patrões e empregados – uma nova política industrial definindo exatamente o que pretendemos produzir para financiar nossa pauta de importações.” – pág.: 147
- “Acredito que, como dizia Churchill: “Um governante que reclama de sua imprensa é como um marinheiro que reclama do mar”. Em vez de se lamentar sobre as distorções, omissões e mentiras de uma imprensa comercial que defende os próprios interesses econômicos, devemos, na oposição, fazer uso frequente das mídias sociais, e, no governo, dos canais institucionais de comunicação com o povo brasileiro, procurando a apresentação de posições e informações sem intermediários. Sites oficiais, redes nacionais de rádio e TV, redes sociais: furar o bloqueio e o filtro dos interesses econômicos e políticos da mídia para manter um canal direto com a população é fundamental.” – pág.: 194
- “Na minha opinião, ninguém é de esquerda porque se diz ser ou gostaria de ser. O que determina se alguém é de esquerda é sua prática, é a posição que toma nas lutas concretas da sociedade e a obra que realiza quando tem poder. Da mesma forma, ninguém é de direita só porque pensa diferente de nós ou porque defende valores como eficiência, planejamento, honestidade, patriotismo e segurança pública. Muito pelo contrário, esses deveriam ser valores de toda a sociedade. Enfim, a diferença entre esquerda e direita continua sob qualquer ponto de vista, mas a classificação de alguém como tal é sempre relativa à sociedade em que está atuando.” – pág.: 199
- “... não defendo nem o Estado máximo nem o Estado mínimo, mas o Estado necessário.” – pág.: 200
- “Acredito que não é possível ser feliz numa sociedade infeliz, rodeado de pessoas vivendo em situação de sofrimento extremo, injustiça e crueldade.” – Pág.: 201
-“ Esse é nosso ambiente social e econômico atual. Se a esquerda fracassou, é porque não deu resposta adequada a ele. Como disse o ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, “a esquerda falhou por criar consumidores e não cidadãos”. –Pág.: 208
- “Defender os interesses de sua própria nação não faz ninguém ser de esquerda ou de direita. Mas é o que define alguém como um patriota ou um apátrida. Entregar setores econômicos estratégicos para nosso desenvolvimento para a China não faz de você um comunista ou socialista, mas um traidor. Prestar continência para a bandeira e os interesses imperialistas norte-americanos não faz de você um liberal ou conservador, mas um traidor.” – pág.: 216
- “ ... o Brasil vai começar a dar certo. Se eu estarei aqui para ver, não sei. O que sei é que não serei eu que salvarei o Brasil. Porque o que o salvará um dia é seu próprio povo munido de um projeto e da determinação de executá-lo. E para ajudar nosso povo a entender isso dedicarei até o último dia de minha vida.” – pág.: 256
- “Aos que pediam minha “Carta aos brasileiros”, deixo este livro. Nele, a reiteração dos compromissos de toda a minha vida. Porque minha verdadeira ambição não é ser presidente, minha verdadeira ambição é mudar meu país. Minha ambição é ajudar a transformar o Brasil no país fantástico que ele ainda pode ser. E se um dia eu tiver a honra de presidir este país, antes de tomar posse me despedirei de minha família que amo tanto e entrarei no cargo preparado para mudar o Brasil ou morrer tentando. Se não tiver, continuarei com a outra honra de dedicar minha vida política à luta para debater com as novas gerações sobre os problemas brasileiros e a necessidade de seguirmos projetos, não pessoas. Já minha ambição ao escrever este livro é a de despertar em você, que me deu a honra de ler algumas de minhas ideias, um pouco dessa ambição, para que nos ajude nessa caminhada.” – pág.: 260
O autor:
Ciro Gomes, nascido em 1957, é político, advogado e professor universitário. Foi deputado estadual (1983-1988), prefeito de Fortaleza (1988-1990), governador do Ceará (1991-1994), ministro da Fazenda (1994-1996), ministro da Integração Nacional (2003-2006), deputado federal (2006-2010), secretário da Saúde do Ceará (2013-2015) e três vezes candidato à presidência da República. Projeto Nacional: O dever da esperança é seu quarto livro.
Fica a Dica!
sábado, 29 de agosto de 2020
Trilha Sonora (336) - Supertramp
The Logical Song
Supertramp
Compositores: Rick Davies e Roger Hodgson
When I was young
It seemed that life was so wonderful
A miracle, oh it was beautiful, magical
And all the birds in the trees
Well they'd be singing so happily
Oh joyfully, oh playfully watching me
But then they sent me away
To teach me how to be sensible
Logical, oh responsible, practical
And then they showed me a world
Where I could be so dependable
Oh clinical, oh intellectual, cynical
There are times when all the world's sleep
The questions run too deep
For such a simple man
Won't you please, please tell me what we've learned
I know it sounds absurd
But please tell me who I am
Now watch what you say
Or they'll be calling you a radical
A liberal, oh fanatical, criminal
Oh won't you sign up your name
We'd like to feel you're
Acceptable, respectable, oh presentable, a vegetable
At night when all the world's sleep
The questions run so deep
For such a simple man
Won't you please, please tell me what we've learned
I know it sounds absurd
But please tell me who I am, who I am, who I am, who I am
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
domingo, 23 de agosto de 2020
Bayern de Munique é o Campeão da Liga dos Campeões 2020
O Bayern de Munique conquistou a Liga dos Campeões de
2020ao derrotaro Paris Saint-Germain por 1x0, e
conquistou seu sexto título na competição.
<<< Tabela à partir das Oitavas de Final >>>
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