Renato Russo -
O Filho da Revolução
Autor: Carlos Marcelo
Editora: Agir
416 páginas
2009
O livro é de 2009, mas,
só agora tive a oportunidade
de lê-lo.
O livro do jornalista Carlos Marcelo, sobre o líder da banda brasileira Legião Urbana, Renato Russo, é uma obra cuidadosa e planejada, um ensaio riquíssimo em detalhes. O livro traça um paralelo entre a formação do cidadão-compositor-cantor, com a história do Brasil à época. Da construção e inauguração de Brasília, sua vivência na cidade controlada pelos militares, indo até a morte dele em outubro de 1996, e com um capítulo que ganha lugar central na obra: sobre o fatídico show da Legião Urbana no Estádio Mané Garrincha, em 18 de junho de 1988, onde acabou em pancadaria generalizada, violência policial e invasão de palco por um fã alucinado. Com esse caos todo, a banda sendo vaiada, a apresentação foi suspensa, mais de 50 pessoas foram presas, mais de 300 ficaram feridas, a partir daí a Legião passou a fazer pouquíssimos shows, se voltando mais para os estúdios. O livro vai além de Renato Russo, é sem dúvida uma aula de história sobre o Brasil, à época, da ditadura e censura que imperava neste país.
Trecho (Prólogo – página 09)
só agora tive a oportunidade
de lê-lo.
O livro do jornalista Carlos Marcelo, sobre o líder da banda brasileira Legião Urbana, Renato Russo, é uma obra cuidadosa e planejada, um ensaio riquíssimo em detalhes. O livro traça um paralelo entre a formação do cidadão-compositor-cantor, com a história do Brasil à época. Da construção e inauguração de Brasília, sua vivência na cidade controlada pelos militares, indo até a morte dele em outubro de 1996, e com um capítulo que ganha lugar central na obra: sobre o fatídico show da Legião Urbana no Estádio Mané Garrincha, em 18 de junho de 1988, onde acabou em pancadaria generalizada, violência policial e invasão de palco por um fã alucinado. Com esse caos todo, a banda sendo vaiada, a apresentação foi suspensa, mais de 50 pessoas foram presas, mais de 300 ficaram feridas, a partir daí a Legião passou a fazer pouquíssimos shows, se voltando mais para os estúdios. O livro vai além de Renato Russo, é sem dúvida uma aula de história sobre o Brasil, à época, da ditadura e censura que imperava neste país.
Trecho (Prólogo – página 09)
"Brasília, junho de 1988
Renato submerge.
Deixa o corpo escorregar na banheira. Quilos de sal grosso foram adicionados à água quente. Enfim, um momento de paz.
Trancado no banheiro do apartamento onde morou por doze anos, ele não ouve o telefone tocar na sala. A irmã, Carmem Teresa, corre para atender. Uma voz masculina grita do outro lado da linha:
— A gente vai jogar uma bomba aí! Fala para o Renato Russo que ele vai morrer!
Assustada, Carmem desliga e deixa o aparelho fora do gancho. Não adianta muito.
Poucos minutos depois, o interfone toca na cozinha. Mais uma voz de homem, que também não se identifica:
— O Renato Russo tá aí, né? Aquele fi lho-da-puta...
Ela não deixa o agressor fi nalizar a frase. Desliga e vai para a sala conversar com Ana
Paula, que preparou a água do banho, e Cynthia, outra amiga do irmão. Carmem volta à cozinha e fala com o porteiro pelo interfone:
— Pelo amor de Deus, não deixa ninguém subir!
O irmão sai do banho. Está pálido, cabisbaixo. E, mais preocupante, monossilábico:
jamais foi de usar poucas palavras.
— Júnior, você quer comer alguma coisa? ..."
*
O autor entrevistou centenas de pessoas envolvidas, ligadas direta ou indiretamente com Renato Russo, narrando a história e a transformação do estudante Renato Manfredini Júnior, no maior ídolo do rock brasileiro. O livro traz muitas informações, sobre o vocalista: fala das excentricidades , paixões, sonhos, angústias, sentimentos de um artista quando jovem. Repleto de depoimentos bem captados, Carlos Marcelo esmiuçou arquivos, fazendo um levantamento e trazendo imagens, letras inéditas, documentos pessoais, esboços, rabiscos e ideias do genial Renato Russo. Sua ideologia, identificação e turbulências com Brasília, as relações familiares, as amizades e suas influências: na literatura, no cinema e na música;
O sucesso, o isolamento, as conquistas e seu envolvimento com álcool e drogas, os lugares por onde passou, estudou jornalismo e deu suas aulas de inglês, o veto às suas composições, está tudo no livro.
Renato com 15 anos em 1975 foi diagnosticado com uma doença: a epifisiólise, um desgaste dos ossos e cartilagens no fêmur. Isso o fez ficar imobilizado numa cama por dois anos. Nesse período começam a nascer as primeiras ideias de Renato. Ele cria uma banda de rock imaginária, a 42nd Street Band, cujo alter ego, era o vocalista Eric Russell. Ele escreveu em vários cadernos, em inglês, a história da banda. Depois, recuperado da doença, ele com seus rascunhos que esmiuçara, funda a banda Aborto Elétrico, se torna o Trovador Solitário , para em 1982 criar a Legião Urbana, e em 1985, lançar seu primeiro disco. E como letrista e vocalista da Legião, Renato se tornou o maior nome da história do rock brasileiro, peça-chave dos anseios dos jovens para um Brasil melhor, com seu lirismo e sua ideologia nas canções, que ainda soam atuais.
O livro traz várias histórias inéditas, interessantes, sutis e ricas em detalhes
sobre o roqueiro e artista multifacetado Renato Russo, o filho da revolução.
Obrigatório, para quem é fã da Legião Urbana. Excelente livro.
“O Rock é um movimento musical que revolucionou a música popular porque
é o único gênero feito por jovens e para jovens. Por isso, se tornou sinônimo
de rebeldia.” - Renato Russo – página 94
“Você de esquerda, você de direita, são todos babacas e velhos demais,
vivendo intrigas de tempos atrás.” - Renato Russo, em Verde Amarelo
“Já me falaram muitas vezes que a voz do povo é a voz de Deus.
Será que Deus é mudo?” - Renato Russo, em Helicópteros no Céu
O autor do livro, Carlos Marcelo nasceu em 1970 em João Pessoa (PB).
Mora no Distrito Federal desde 1985. É formado em jornalismo pela
Universidade de Brasília (UnB). Foi um dos vencedores do Prêmio Esso em
2005. Escreveu também o livro "Nicolas Behr: Eu Engoli Brasília" (2004).
“... - Tudo passa, tudo passará...
E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.”
---> Renato Russo em "Metal conta as nuvens"
>> Fica a dica !!!
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