(Por um Triz - 2003) +
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"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
terça-feira, 29 de setembro de 2015
11 Frases de Machado de Assis
Hoje, 107 anos da morte de Machado de Assis
Machado de Assis é considerado por muitos o maior escritor brasileiro.
Ele foi cronista, contista, dramaturgo, jornalista,
poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta.
Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839.
E faleceu em sua cidade Natal, em 29 de setembro de 1908.
<><><> Abaixo 11 frases do escritor brasileiro <><><>
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
Frase para a Semana
"Falar é uma necessidade,
escutar é uma arte."
Goethe
(Frankfurt am Main, 28 de Agosto de 1749 - Weimar, 22 de Março de 1832)
Foi um escritor alemão e pensador que também fez incursões pelo campo
da ciência. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes figuras da
literatura alemã e do Romantismo europeu, nos finais do século XVIII
e inícios do século XIX.
domingo, 27 de setembro de 2015
sábado, 26 de setembro de 2015
Trilha Sonora (208) - Skid Row
I Remember You
Skid Row
Compositores: Dave "The Snake" Sabo e Rachel Bolan
Woke up to soothing sound of pouring rain
The wind would whisper and I'd think of you
And all the tears you cried
That called my name
And when you needed me I came through.
I paint a picture of the days gone by
When love went blind and you would make me see
I'd stare a lifetime into your eyes
So that I knew that you were there for me
Time after time, you were there for me
Remember yesterday, walking hand in hand
Love letters in the sand, I remember you
Through the sleepless nights, through every endless day
I'd wanna hear you say, I remember you
We spent the summer with the top rolled down
Wished ever after would be like this
You said "I love you babe," without a sound
I said I'd give up my life for just one kiss
I'd live for your smile, and die for your kiss
Remember yesterday, walking hand in hand
Love letters in the sand, I remember you
Through the sleepless nights, through every endless day
I'd wanna hear you say, I remember you
We've had our share of hard times
But that's the price we paid
And through it all, we kept the promise that we made
I swear you'll never be lonely
Woke up to soothing sound of pouring rain
Washed away a dream of you
But nothing else could ever take you away
'cause you'll always be my dream come true
Oh my darling, I love you
Remember yesterday, walking hand in hand
Love letters in the sand, I remember you
Through the sleepless nights, through every endless day
I'd wanna hear you say, I remember you
Remember yesterday, walking hand in hand
Love letters in the sand, I remember you
Through all the sleepless nights, through every endless day
I'd wanna hear you say
I remember, I remember you
Ohhh uhhh yeah
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
Poesia a Qualquer Hora (213) - Augusto dos Anjos
A meu irmão Odilon dos Anjos
Primavera gentil dos meus amores,
- Arca cerúlea de ilusões etéreas,
Chova-te o Céu cintilações sidéreas
E a terra chova no teu seio flores!
Esplende, Primavera, os teus fulgores,
Na auréola azul dos dias teus risonhos,
Tu que sorveste o fel das minhas dores
E me trouxeste o néctar dos teus sonhos!
Cedo virá, porém, o triste outono,
Os dias voltarão a ser tristonhos
E tu hás de dormir o eterno sono,
Num sepulcro de rosas e de flores,
Arca sagrada de cerúleos sonhos,
Primavera gentil dos meus amores!
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
A Metamorfose, de Luís Fernando Veríssimo
A Metamorfose
Luís Fernando Veríssimo
Uma barata acordou um dia e viu que tinha se transformado num ser humano. Começou a mexer suas patas e viu que só tinha quatro, que eram grandes e pesadas e de articulação difícil. Não tinha mais antenas. Quis emitir um som de surpresa e sem querer deu um grunhido. As outras baratas fugiram aterrorizadas para trás do móvel. Ela quis segui-las, mas não coube atrás do móvel. O seu segundo pensamento foi: “Que horror… Preciso acabar com essas baratas…”
Pensar, para a ex-barata, era uma novidade. Antigamente ela seguia seu instinto. Agora precisava raciocinar. Fez uma espécie de manto com a cortina da sala para cobrir sua nudez. Saiu pela casa e encontrou um armário num quarto, e nele, roupa de baixo e um vestido. Olhou-se no espelho e achou-se bonita. Para uma ex-barata. Maquiou-se. Todas as baratas são iguais, mas as mulheres precisam realçar sua personalidade. Adotou um nome: Vandirene. Mais tarde descobriu que só um nome não bastava. A que classe pertencia?… Tinha educação?…. Referências?… Conseguiu a muito custo um emprego como faxineira. Sua experiência de barata lhe dava acesso a sujeiras mal suspeitadas. Era uma boa faxineira.
Difícil era ser gente… Precisava comprar comida e o dinheiro não chegava. As baratas se acasalam num roçar de antenas, mas os seres humanos não. Conhecem-se, namoram, brigam, fazem as pazes, resolvem se casar, hesitam. Será que o dinheiro vai dar ? Conseguir casa, móveis, eletrodomésticos, roupa de cama, mesa e banho. Vandirene casou-se, teve filhos. Lutou muito, coitada. Filas no Instituto Nacional de Previdência Social. Pouco leite. O marido desempregado… Finalmente acertou na loteria. Quase quatro milhões ! Entre as baratas ter ou não ter quatro milhões não faz diferença. Mas Vandirene mudou. Empregou o dinheiro. Mudou de bairro. Comprou casa. Passou a vestir bem, a comer bem, a cuidar onde põe o pronome. Subiu de classe. Contratou babás e entrou na Pontifícia Universidade Católica.
Vandirene acordou um dia e viu que tinha se transformado em barata. Seu penúltimo pensamento humano foi : “Meu Deus!… A casa foi dedetizada há dois dias!…”. Seu último pensamento humano foi para seu dinheiro rendendo na financeira e que o safado do marido, seu herdeiro legal, o usaria. Depois desceu pelo pé da cama e correu para trás de um móvel. Não pensava mais em nada. Era puro instinto. Morreu cinco minutos depois , mas foram os cinco minutos mais felizes de sua vida.
Kafka não significa nada para as baratas…
(°> Via: Conto Brasileiro >>>
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
Imagens da Vez: A Arte de Taylor Mazer
O artista norte-americano Taylor Mazer faz desenhos incríveis
de paisagens urbanas, usando apenas canetas de bico fino.
(°> Veja mais: Behance >>>
terça-feira, 22 de setembro de 2015
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
Texto para Reflexão: Súplica da Árvore
O Dia da Árvore é comemorado em
21 de setembro e foi instituído no Brasil
pelo presidente Castelo Branco. Ele sancionou um
decreto-lei em 24 de fevereiro de 1965.
Súplica da Árvore
"Tu, que passas e levantas contra mim o teu braço,
antes de fazer-me o mal, olha-me bem.
Eu sou o calor do teu lar nas noites frias de inverno.
Eu sou a sombra amiga que te protege contra o sol de dezembro.
Meus frutos saciam tua fome e acalmam tua sede.
Eu sou a viga que suporta o teto de tua casa, e a cama em que descansas.
Sou o cabo das tuas ferramentas, a porta de tua casa.
Quando nasces, tenho a madeira para o teu berço, quando morres,
em forma de ataúde, ainda te acompanho ao seio da terra.
Sou ramo de bondade e flor de beleza.
Se me amas como mereço, defende-me contra os insensatos."
(Texto fundido em bronze encontrado sobre o portal do
Pavilhão Iugoslavo na Exposição Internacional de Paris,
em 1937. Desconhecem-se os nomes do autor e do tradutor.)
Frase para a Semana
"Nenhum projeto é viável se não
começa a construir-se desde já:
o futuro será o que começamos
a fazer dele no presente."
Içami Tiba
(Tapiraí-SP, 15 de março de 1941 - São Paulo-SP, 2 de agosto de 2015)
Foi um médico psiquiatra, escritor de livros sobre educação
familiar e escolar e palestrante brasileiro.
domingo, 20 de setembro de 2015
sábado, 19 de setembro de 2015
11 Músicas do Nenhum de Nós
Nenhum de Nós é uma banda de rock brasileira, fundada em 1986 no estado do Rio Grande do Sul.
Sady Homrich e Carlos Stein se conheceram nos tempos da primeira série escolar, mais tarde, na 5º série, conhecem Thedy Corrêa. Na faculdade, Stein foi um dos fundadores do grupo Engenheiros do Hawaii. Depois de dois shows, saiu para formar o Nenhum de Nós com Corrêa e Homrich.
O primeiro álbum, o disco homônimo, foi lançado em 1987.
Thedy Corrêa - Vocal e Violão,
Veco Marques - Guitarra Solo
Carlos Stein - Guitarra Base
Sady Homrich - Bateria
João Vicenti - Teclados, Acordeon
Discografia
Nenhum de Nós (1987)
Cardume (1989)
Extraño (1990)
Nenhum de Nós (1992)
Acústico ao Vivo (1994)
Mundo Diablo (1996)
Paz e Amor (1998)
Onde Você Estava em 93? (2000)
Histórias Reais, Seres Imaginários (2001)
Acústico ao Vivo 2 (2003)
Pequeno Universo (2005)
A Céu Aberto (2007)
Paz e Amor Acústico (2009)
Contos de Água e Fogo (2011)
Nenhum de Nós - Outros (2012)
Contos Acústicos de Água e Fogo (2013)
Sempre É Hoje (2015)
(°> Fonte: Wikipédia >>>
Minhas 11 canções preferidas do Nenhum de Nós
11) - Animais
Compositores: Thedy Corrêa,
Sady Marques, Veco Marques e Carlos Stein
Trecho:
Compositores: Thedy Corrêa,
Sady Marques, Veco Marques e Carlos Stein
"Eu vi os animais descendo a rua
Ouvi os seus cantos descendo a rua
Eu vi que os animais carregavam bandeiras
Eu vi que os animais se julgavam humanos..."
10) - Sobre o Tempo
Compositor: Thedy Corrêa
Trecho:
Compositor: Thedy Corrêa
"...O tempo passa e nem tudo fica
A obra inteira de uma vida
O que se move e
O que nunca vai se mover..."
9) - Você Vai Lembrar de Mim
Compositores: Carlos Stein, João Vicenti,
Sady Homrich, Thedy Corrêa e Veco Marques
Trecho:
Compositores: Carlos Stein, João Vicenti,
Sady Homrich, Thedy Corrêa e Veco Marques
"...Tudo bem se não deu certo
Eu achei que nós chegamos tão perto
Mas agora com certeza eu enxergo
Que no fim eu amei por nós dois
Esse foi um beijo de despedida
Que se dá uma vez só na vida
Explica tudo sem brigas
E clareia o mais escuro dos dias..."
7) - Ao Meu Redor
Compositores: Thedy Corrêa,
Carlos Stein e Veco Marques
Trecho:
Carlos Stein e Veco Marques
"Ao meu redor
O rumo das coisas me desagrada
Se o meu futuro
Esta guardado em tuas mãos
Ao meu redor
Ciganas já não valem nada
Se o meu destino
Está escrito em tuas mãos..."
6) - Das Coisas que Eu Entendo
Compositores: Carlos Stein, Sady Homrich,
Thedy Corrêa e Veco Marques
Trecho:
Thedy Corrêa e Veco Marques
"Então eu sentei e esperei
E resolvi desprezar o tempo
Eu não sabia mais o que vestir e eu não tinha mais pra onde ir
Você não ligou quando eu disse para ter cuidado
E tinha razão você precisa ser livre..."
5) Extraño
Compositor: Thedy Corrêa
Trecho:
"O que eu sinto a respeito dos homens, é estranho.
É estranho como é frio, é estranho como perdi a fé.
É estranho como é estranho perguntar um nome.
O que eu sinto a respeito de nós, é estranho.
É estranho como é triste, é estranho como olhar pra trás.
É estranho como é estranho esquecer um nome."
4) Jornais
Compositor: Thedy Corrêa
Trecho:
"Quantos filhos esperaram a chegada de seus pais
Tantos deles não vieram Não chegaram nunca
A calçada não é casa, não é lar Não é nada
Nada mais do que um caminho que se passa
Tão estranho pra quem fica... pra quem fica..."
3) Amanhã ou Depois
Compositores: Carlos Stein, João Vicenti,
Sady Homrich, Thedy Corrêa e Veco Marques
Trecho:
Sady Homrich, Thedy Corrêa e Veco Marques
"Deixamos pra depois uma conversa amiga
Que fosse para o bem, que fosse uma saída
Deixamos pra depois a troca de carinho
Deixamos que a rotina fosse nosso caminho
Deixamos pra depois a busca de abrigo
Deixamos de nos ver fazendo algum sentido..."
2) Camila Camila
Compositor: Thedy Corrêa
Trecho:
"Depois da última noite de festa
Chorando e esperando amanhecer, amanhecer
As coisas aconteciam com alguma explicação
Com alguma explicação
Depois da última noite de chuva
Chorando e esperando amanhecer, amanhecer
Às vezes peço a ele que vá embora
Que vá embora...oh..."
1) - O Astronauta de Mármore
Compositor: David Bowie - Versão: Nenhum de Nós
Trecho:
"...O tolo teme a noite
Como a noite vai temer o fogo
Vou chorar sem medo
Vou lembrar do tempo
De onde eu via o mundo azul..."
*
Mais 5 músicas para o Banco de Reservas:
12) - Sinais de Fumaça
13) - Julho de 83
14) - Eu Caminhava
15) - Compaixão
16) - Milagre
Veja e escute também:
sexta-feira, 18 de setembro de 2015
Poesia a Qualquer Hora (212) - Carlos Henrique Rangel
Auto-retrato
Pequeno
Gordo
Alto
Magro...
Bonito
Feio
Falante
Gago...
Com...
Sem...
Negro
Branco...
Esbelto
Torto
Vesgo
Manco...
Jovem
Velho
Homem
Mulher...
Alegre
Triste
Conhecido
Um qualquer...
Em paz
Em guerra
Tranquilo
Teimoso...
Odiado
Odiando
Desconhecido
Famoso...
Verdadeiro
Falso
Covarde
Mentiroso...
Sendo
Não sendo
Amando
Amado...
Corajoso
Perdido
Passado
Cansado...
Retratando
Retratado...
Carlos Henrique Rangel
quinta-feira, 17 de setembro de 2015
Recomendo a Leitura: Holocausto Brasileiro
Holocausto Brasileiro
Autora: Daniela Arbex
255 páginas
Editora: Geração
"Holocausto Brasileiro - Neste livro-reportagem fundamental,
a premiada jornalista Daniela Arbex resgata do esquecimento um dos capítulos
mais macabros da nossa história: a barbárie e a desumanidade praticadas,
durante a maior parte do século XX, no maior hospício do Brasil, conhecido por
Colônia, situado na cidade mineira de Barbacena. Ao fazê-lo, a autora traz à
luz um genocídio cometido, sistematicamente, pelo Estado brasileiro, com a
conivência de médicos, funcionários e também da população, pois nenhuma
violação dos direitos humanos mais básicos se sustenta por tanto tempo sem a
omissão da sociedade.
Pelo menos 60 mil pessoas morreram entre os muros da
Colônia. Em sua maioria, haviam sido internadas à força. Cerca de 70% não
tinham diagnóstico de doença mental. Eram epiléticos, alcoólatras,
homossexuais, prostitutas, gente que se rebelava ou que se tornara incômoda
para alguém com mais poder. Eram meninas grávidas violentadas por seus patrões,
esposas confinadas para que o marido pudesse morar com a amante, filhas de
fazendeiros que perderam a virgindade antes do casamento, homens e mulheres que
haviam extraviado seus documentos. Alguns eram apenas tímidos. Pelo menos 33 eram
crianças.
Quando chegavam ao hospício, suas cabeças eram raspadas,
suas roupas arrancadas e seus nomes descartados pelos funcionários, que os
rebatizavam. Daniela Arbex devolve nome, história e identidade aos pacientes,
verdadeiros sobreviventes de um holocausto, como Maria de Jesus, internada
porque se sentia triste, ou Antônio Gomes da Silva, sem diagnóstico, que, dos
34 anos de internação, ficou mudo durante 21 anos porque ninguém se lembrou de
perguntar se ele falava.
Os pacientes da Colônia às vezes comiam ratos, bebiam água
do esgoto ou urina, dormiam sobre capim, eram espancados e violados. Nas noites
geladas da Serra da Mantiqueira, eram deixados ao relento, nus ou cobertos
apenas por trapos. Pelo menos 30 bebês foram roubados de suas mães. As
pacientes conseguiam proteger sua gravidez passando fezes sobre a barriga para
não serem tocadas. Mas, logo depois do parto, os bebês eram tirados de seus
braços e doados.
Alguns morriam de frio, fome e doença. Morriam também de
choque. Às vezes os eletrochoques eram tantos e tão fortes, que a sobrecarga
derrubava a rede do município. Nos períodos de maior lotação, 16 pessoas
morriam a cada dia. Ao morrer, davam lucro. Entre 1969 e 1980, 1.853 corpos de
pacientes do manicômio foram vendidos para 17 faculdades de medicina do país,
sem que ninguém questionasse. Quando houve excesso de cadáveres e o mercado
encolheu, os corpos foram decompostos em ácido, no pátio da Colônia, diante dos
pacientes, para que as ossadas pudessem ser comercializadas. Nada se perdia,
exceto a vida.
No início dos anos 60, depois de conhecer a Colônia, o
fotógrafo Luiz Alfredo, da revista O Cruzeiro, desabafou com o chefe: 'Aquilo é
um assassinato em massa'. Em 1979, o psiquiatra italiano Franco Basaglia, pioneiro
da luta pelo fim dos manicômios que também visitou a Colônia, declarou numa
coletiva de imprensa: “Estive hoje num campo de concentração nazista. Em lugar
nenhum do mundo, presenciei uma tragédia como essa'".
[ O texto acima está nas “orelhas do livro”
]
Milhares de pessoas foram internados no hospício Colônia em
Barbacena-MG, algumas sem diagnóstico de doença. Considerado o maior hospício
do Brasil, ali as pessoas foram violentadas, torturadas e mortas, sem que
ninguém se importasse com isso. A autora resgata várias histórias sobre o lugar, com
entrevistas feitas com jornalistas, fotógrafos, funcionários e pacientes que sobreviveram a esta tragédia, e serviram de testemunha para a composição do livro. E
os que foram chamados de 'doidos ' denunciaram as loucuras dos 'normais'.
Holocausto Brasileiro. Este título veio a calhar, pois, se
compara ao Holocausto Nazista. 60 mil pessoas foram vilipendiadas, desprezadas e
mortas, onde dignidades foram subtraídas e a humanidade retirada. Uma barbárie que aconteceu com a conivência e
compactuação do Estado, de médicos, funcionários e da população. Alguns denunciaram, e poucos sobreviveram pra contar a história.
O livro conta com várias fotos. É um soco no estômago. Lendo este livro e vendo as fotos, você
sentirá ojeriza de ser, um ser humano. O bicho homem é de uma crueldade sem fim!
Um livro comovente, assustador e impactante. Uma história
que causa revolta e indignação. Um capítulo horrendo e tenebroso na história do Brasil. Indignação, indigna nação!
Desumano, demasiadamente desumano.
Trechos:
_ “Desde o início do século XX, a falta de critério médico para as internações era rotina no lugar onde se padronizava tudo, inclusive os diagnósticos. Maria de Jesus, brasileira de apenas vinte e três anos, teve o Colônia como destino, em 1911, porque apresentava tristeza como sintoma. Assim como ela, a estimativa é que 70% dos atendidos não sofressem de doença mental. Apenas eram diferentes ou ameaçavam a ordem pública. Por isso, o Colônia tornou–se destino de desafetos, homossexuais, militantes políticos, mães solteiras, alcoolistas, mendigos, negros, pobres, pessoas sem documentos e todos os tipos de indesejados, inclusive os chamados insanos. A teoria eugenista, que sustentava a ideia de limpeza social, fortalecia o hospital e justificava seus abusos. Livrar a sociedade da escória, desfazendo-se dela, de preferência em local que a vista não pudesse alcançar.” – p. 25
Eles abarrotavam os vagões de carga de maneira idêntica
aos judeus levados,
durante a Segunda Guerra Mundial, para os campos de
concentração nazistas de
Auschwitz. A expressão “trem de doido” surgiu ali. Criada
pelo escritor
Guimarães Rosa, ela foi incorporada ao vocabulário dos
mineiros para definir
algo positivo, mas, à época, marcava o início de uma
viagem sem volta ao
inferno.” – p.27
-“O hospital acabou tendo a sua finalidade deturpada desde os primeiros tempos. Já em 1914, há registros de queixas sobre as condições inadequadas de atendimento, apesar das constantes liberações de suplementos de créditos aprovados pela Assembleia Legislativa. Considerado pela história oficial como um presente de grego para Barbacena — já que o hospício foi construído na cidade como prêmio de consolação, após perder a disputa com Belo Horizonte para ser a capital de Minas —, o Colônia, pelo contrário, atendeu a interesses políticos, impulsionando ainda a economia local. Além de produtor de flores, o município consolidou sua vocação para o comércio. Ganhou (e muito) fornecedores, além de moradores que viam no lugar a chance de um emprego bem remunerado, apesar da pouca qualificação dos candidatos. Mesmo com baixíssimo nível de escolaridade, os barbacenenses trocavam postos de trabalho por votos. Muitos coronéis da política mineira “nasceram” junto com o Colônia, transformando o hospital em grande curral eleitoral.” – p. 30
- “— A tolerância mórbida dos psiquiatras se estendeu ao meio médico, em cujas faculdades os cursos de anatomia são abastecidos por generosa quota de cadáveres provenientes de Barbacena. Os hospitais de crônicos da rede pública são “instituições finais”, numa alusão à “solução final” do nazismo. A realidade brutal de nossos hospitais psiquiátricos, enquanto permanecer restrita aos meios profissionais, mostra-se inteiramente inócua, pois há uma acomodação, na qual todo aquele horror se torna banal.” P. 204
- “O fato é que a história do Colônia é a nossa história. Ela representa a vergonha da omissão coletiva que faz mais e mais vítimas no Brasil. Os campos de concentração vão além de Barbacena. Estão de volta nos hospitais públicos lotados que continuam a funcionar precariamente em muitas outras cidades brasileiras. Multiplicam–se nas prisões, nos centros de socioeducação para adolescentes em conflito com a lei, nas comunidades à mercê do tráfico. O descaso diante da realidade nos transforma em prisioneiros dela. Ao ignorá-la, nos tornamos cúmplices dos crimes que se repetem diariamente diante de nossos olhos. Enquanto o silêncio acobertar a indiferença, a sociedade continuará avançando em direção ao passado de barbárie. É tempo de escrever uma nova história e de mudar o final.” – p. 255
A autora:
Daniela Arbex é uma das jornalistas do Brasil mais premiadas
de sua geração. Repórter especial do jornal Tribuna de Minas há 18 anos, tem no
currículo mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, entre eles três
prêmios Esso, o mais recente recebido em 2012 com a série “Holocausto Brasileiro”, dois prêmios Vladimir Herzog (menção honrosa), o Knight
International Journalism Award, entregue nos Estados Unidos (2010), e o prêmio
IPYS de Melhor Investigação Jornalística da América Latina e Caribe
(Transparência Internacional e Instituto Prensa y Sociedad), recebido por ela
em 2009, quando foi a vencedora, e 2012 (menção honrosa). Em 2002, ela foi
premiada na Europa com o Natali Prize (menção honrosa).
*
Veja também:
Barbacena: o local onde morreram mais de 60 mil brasileiros >>>Veja também:
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