"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

quinta-feira, 10 de março de 2016

O Pântano das Borboletas

O Pântano das
Borboletas

Federico Axat


Título Original: El pântano de las mariposas

Tradução de: Fátima Couto
295 páginas 
Editora: Tordesilhas

“Uma história cujo grande valor reside no fato de os leitores desejarem que ela não acabe.”
- El Comercio


Sam e Billy têm 12 anos e moram na pequena Carnival Falls. Amigos inseparáveis, eles percorrem o bosque de bicicleta e preparam-se para terminar a construção da sonhada casa na árvore. Compartilham tudo, inclusive a paixão por Miranda, a menina rica que acaba de se mudar para a cidade. Juntos, os três vivem as descobertas e as transformações típicas da idade e desvendam o mistério que assombra a vida de Sam: o paradeiro de sua mãe. Com esses ingredientes e doses generosas de lirismo, Federico Axat escreveu uma história admirável sobre a delicada passagem da infância para a adolescência e desta para a vida adulta. 

Mas não só. Romance de crescimento e suspense com incursões pelo fantástico, O Pântano das Borboletas reserva uma desconcertante reviravolta final: um segredo que, revelado, arremessa o leitor em um torvelinho de emoções e confere à trama um sentido totalmente novo.  [Texto da contracapa] 

O livro me atraiu por esta sinopse e pelo título, resolvi lê-lo. No começo parecia bem legal, depois foi ficando meio maçante, mas sem perder o fio da meada, mas não desisti, ainda bem, aí veio o final, o epílogo, trazendo a coerência aos fatos narrados. É daquelas histórias que tem um final que te deixa de boca aberta e fazendo várias perguntas do tipo: ‘como não percebi’; 'como não pensei nisso’; ‘isso explica aquilo’, ‘agora eu entendi’; ‘genial mesmo este escritor’. Confesso que li umas duas ou três vezes o epílogo, para ver se era aquilo mesmo que estava escrito, se eu não estava entendendo errado.

O livro é dividido em 4 partes:
- Primeira parte - Suposição 1985: O autor nos conta sobre o acidente automobilístico em que Sam com 1 ano de idade perde sua mãe, e, é acolhido em um abrigo por Amanda e Randall. Relata a amizade de Sam com Billy e logo depois da chegada de Miranda a um casarão vizinho deles.

- Segunda parte - Hoje (I) 2010: Sam está com 40 anos, e fala sobre os acontecimentos naquele verão de 1985, e o que se seguiu em sua vida.

- Terceira parte - Os Homens Diamantes 1985: Nesta parte o autor dá destaque ao acidente da mãe de Sam. O que teria acontecido exatamente naquela noite chuvosa do acidente? Mistérios e realidade com toques fantásticos, os três tentam descobrir o que realmente aconteceu, pois um homem afirma que a mãe de Sam foi levada por alienígenas, pois o corpo nunca fora encontrado...

- Quarta parte - Hoje (II) 2010: esta quarta e última parte ele volta a contar mais sobre a vida de Sam.

*
O autor traz uma bela história de amizade verdadeira entre Billy, Sam e Miranda. Uma história que envolve aventuras, confidências, lealdade e companheirismo. Em um tom nostálgico, o autor nos remete a aquela fase de transição entre infância e adolescência, cheia de descobertas, imaginações e sonhos. Uma narrativa encantadora e singela. Um enredo original com personagens inesquecíveis e bem construídos. A reviravolta que a história se dá no final é o surpreendente deste livro. Valeu a pena a leitura. Superou e muito, minhas expectativas. 

Um livro surpreendente, encantador e atordoante. Nostalgia pura. 

Trechos:
- “Enquanto seus lábios se moviam, recitei de cabeça as palavras que sabia de cor.
Basta-me sonhar com seu sorriso,
Sentir sua pele em uma pétala,
Imaginar seu rosto na chuva.
A razão não engana o coração.

Em um dos momentos de maior indecisão de que posso me lembrar, Miranda tornou a colocar a folha no lugar e pegou outra vez a correntinha. Com um pouco de dificuldade, conseguiu abrir o fecho e colocou-a. Pôs uma das mãos sobre a meia-lua e sorriu.
Algumas lágrimas me escaparam dos olhos enquanto a imitava, levando a mão ao peito, onde outra meia-lua igual à dela repousava sob a minha camiseta. Abaixei o binóculo. Recostei-me no galho do olmo e contemplei o coração que havia recortado no tronco, em um lugar onde ninguém além de mim jamais poderia encontrá-lo.” - págs.: 17 e 18

- “Foi ela que um dia me disse que precisávamos conversar – essa frase que quase não requer mais explicações. Mas eu estava esperando por isso e o desejava. A separação foi de comum acordo, apesar de parecer que isso nunca é possível. No fundo do coração, sabíamos que a relação já não era a mesma, que não tinha sentido pôr a culpa nas horas que eu passava diante da máquina de escrever, no seu ambiente na universidade, na sua família, em nada. Identificar as razões não mudaria o resultado. Às vezes teimamos em procurar explicações para as coisas em vez de aceitá-las como são.” - pág.:145

- “Quando conseguimos aquilo que sonhamos, de vez em quando precisamos olhar para trás, sentir-nos vulneráveis novamente.”- pág.: 293

O autor:
Federico Axat nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 1975. Engenheiro, começou a escrever por interesse e vocação. Em 2010 lançou seu primeiro livro, Benjamin, publicado na Espanha, na Itália e no México. O Pântano das Borboletas é sua estreia no Brasil.

Fica a Dica!

Um comentário: