"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Será o Benedito?, por Mario de Andrade

Será o Benedito? 
Mario de Andrade


A primeira vez que me encontrei com Benedito, foi no dia mesmo da minha chegada na Fazenda Larga, que tirava o nome das suas enormes pastagens. O negrinho era quase só pernas, nos seus treze anos de carreiras livres pelo campo, e enquanto eu conversava com os campeiros, ficara ali, de lado, imóvel, me olhando com admiração. Achando graça nele, de repente o encarei fixamente, voltando-me para o lado em que ele se guardava do excesso de minha presença. Isso, Benedito estremeceu, ainda quis me olhar, mas não pôde agüentar a comoção. Mistura de malícia e de entusiasmo no olhar, ainda levou a mão à boca, na esperança talvez de esconder as palavras que lhe escapavam sem querer:

— O hôme da cidade, chi!…

Deu uma risada quase histérica, estalada insopitavelmente dos seus sonhos insatisfeitos, desatou a correr pelo caminho, macaco-aranha, num mexe-mexe aflito de pernas, seis, oito pernas, nem sei quantas, até desaparecer por detrás das mangueiras grossas do pomar.

***

Nos primeiros dias Benedito fugiu de mim. Só lá pelas horas da tarde, quando eu me deixava ficar na varanda da casa-grande, gozando essa tristeza sem motivo das nossas tardes paulistas, o negrinho trepava na cerca do mangueirão que defrontava o terraço, uns trinta passos além, e ficava, só pernas, me olhando sempre, decorando os meus gestos, às vezes sorrindo para mim. Uma feita, em que eu me esforçava por prender a rédea do meu cavalo numa das argolas do mangueirão com o laço tradicional, o negrinho saiu não sei de onde, me olhou nas minhas ignorâncias de praceano, e não se conteve:

— Mas será o Benedito! Não é assim, moço!

Pegou na rédea e deu o laço com uma presteza serelepe. Depois me olhou irônico e superior. Pedi para ele me ensinar o laço, fabriquei um desajeitamento muito grande, e assim principiou uma camaradagem que durou meu mês de férias.

***

Pouco aprendi com o Benedito, embora ele fosse muito sabido das coisas rurais. O que guardei mais dele foi essa curiosa exclamação, “Será o Benedito!”, com que ele arrematava todas as suas surpresas diante do que eu lhe contava da cidade. Porque o negrinho não me deixava aprender com ele, ele é que aprendia comigo todas as coisas da cidade, a cidade que era a única obsessão da sua vida. Tamanho entusiasmo, tamanho ardor ele punha em devorar meus contos, que às vezes eu me surpreendia exagerando um bocado, para não dizer que mentindo. Então eu me envergonhava de mim, voltava às mais perfeitas realidades, e metia a boca na cidade, mostrava o quanto ela era ruim e devorava os homens. “Qual, Benedito, a cidade não presta, não. E depois tem a tuberculose que…”

— O que é isso?…

– É uma doença, Benedito, uma doença horrível, que vai comendo o peito da gente por dentro, a gente não pode mais respirar e morre em três tempos.

— Será o Benedito…

E ele recuava um pouco, talvez imaginando que eu fosse a própria tuberculose que o ia matar. Mas logo se esquecia da tuberculose, só alguns minutos de mutismo e melancolia, e voltava a perguntar coisas sobre os arranha-céus, os “chauffeurs” (queria ser “chauffeur”…), os cantores de rádio (queria ser cantor de rádio…), e o presidente da República (não sei se queria ser presidente da República). Em troca disso, Benedito me mostrava os dentes do seu riso extasiado, uns dentes escandalosos, grandes e perfeitos, onde as violentas nuvens de setembro se refletiam, numa brancura sem par.

Nas vésperas de minha partida, Benedito veio numa corrida e me pôs nas mãos um chumaço de papéis velhos. Eram cartões postais usados, recortes de jornais, tudo fotografias de São Paulo e do Rio, que ele colecionava. Pela sujeira e amassado em que estavam, era fácil perceber que aquelas imagens eram a única Bíblia, a exclusiva cartilha do negrinho. Então ele me pediu que o levasse comigo para a enorme cidade. Lembrei-lhe os pais, não se amolou; lembrei-lhe as brincadeiras livres da roça, não se amolou; lembrei-lhe a tuberculose, ficou muito sério. Ele que reparasse, era forte mas magrinho e a tuberculose se metia principalmente com os meninos magrinhos. Ele precisava ficar no campo, que assim a tuberculose não o mataria. Benedito pensou, pensou. Murmurou muito baixinho:

— Morrer não quero, não sinhô… Eu fico.

E seus olhos enevoados numa profunda melancolia se estenderam pelo plano aberto dos pastos, foram dizer um adeus à cidade invisível, lá longe, com seus “chauffeurs”, seus cantores de rádio, e o presidente da República. Desistiu da cidade e eu parti. Uns quinze dias depois, na obrigatória carta de resposta à minha obrigatória carta de agradecimentos, o dono da fazenda me contava que Benedito tinha morrido de um coice de burro bravo que o pegara pela nuca. Não pude me conter: “Mas será o Benedito!…”. E é o remorso comovido que me faz celebrá-lo aqui.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

São Paulo é o Campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior 2019

O São Paulo conquistou a 50ª Copa São Paulo de Futebol Júnior ao vencer 
o Vasco da Gama nos pênaltis por 3x1, depois do empate em 2x2 no tempo 
normal. Esta é o quarto título do tricolor paulista na competição.

<<< Tabela à partir das Quartas de Final >>>

sábado, 19 de janeiro de 2019

Trilha Sonora (316) - Information Society

What's On Your Mind 
(Pure Energy)
Information Society
Compositores: Kurt Harland e Paul Robb

"It's worked so far but we're not out yet"

I wanna know
What you're thinking
There are some things you can't hide...
I wanna know
What you're feeling
Tell me what's on you mind.

Pure energy

Here I am in silence
Looking round without a clue
I find myself along again
All alone with you...
I can see behind your eyes
The things that I don't know
If you hide away from me
How can our love grow?

I wanna know
What you're thinking
There are some things you can't hide ...
I wanna know
What you're feeling
Tell me what's on your mind.

I know I could break you down
But what good would it do
I could surely never know
That what you say is true..
Here I am in silence
It's a game I have to play
You and I in silence
With nothing else to say..

I wanna know
What you're thinking
There are some things you can't hide
I wanna know
What you're feeling
Tell me what's on your mind..

Pure energy

I wanna know
What you're thinking
There are some things you can't hide
I wanna know
What you're feeling
Tell me what's on your mind..
I wanna know..
What you're thinking..
There are some things you can't hide..
I wanna know..
What you're feeling..
Tell me what's on your mind.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Poesia a Qualquer Hora (319) - Konstantinos Kaváfis


Os Cavalos de Aquiles

Quando viram o herói, Pátroclo, morto
– tão moço e tão audaz, tão sem receio –
choraram os cavalos do Peleio
Aquiles. Rebelava-se a imortal
natura deles, vendo a obra mortal.
Cabeças agitadas, crinas bastas,
choravam, a bater no solo os cascos.
Pátroclo extinto (os dois sentiam), sem ânima,
carne cadaverosa, vã, inânime,
sem fôlego vital, inerme, inócua,
devolta finalmente ao Grande Vácuo.

Do pranto dos corcéis imortais, dói-se
Zeus, recordando as bodas de Peleu:
“Teria sido melhor – foi erro meu –
não ter-vos doado, míseros cavalos!
Que faríeis nos tristíssimos convales
da terra, entre os mortais à Moira e à sorte
dados, vós que a velhice poupa, e a morte,
a sofrer fátua pena? Os aranzéis
da humana dor vos prendem.” Os corcéis
porém, de nobilíssima natura,
choram a morte eterna e a desventura.

Konstantinos Kaváfis
[ Saiba + ]
(Tradução de: Haroldo de Campos)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Morte e Vida Severina em Desenho Animado

Morte e Vida Severina em Desenho Animado é uma versão audiovisual da obra prima de João Cabral de Melo Neto, adaptada para os quadrinhos pelo cartunista Miguel Falcão. Preservando o texto original, a animação 3D dá vida e movimento aos personagens deste auto de natal pernambucano, publicado originalmente em 1956.

Em preto e branco, fiel à aspereza do texto e aos traços dos quadrinhos, a animação narra a dura caminhada de Severino, um retirante nordestino, que migra do sertão para o litoral pernambucano em busca de uma vida melhor.


Sinopse: Morte e Vida Severina mostra a saga de um retirante nordestino que, como tantos brasileiros, viaja do sertão ao litoral em busca de melhores condições de vida. A história de Severino, contada por meio de versos na obra-prima de João Cabral de Melo Neto, foi adaptada para os quadrinhos pelo cartunista Miguel Falcão e é retratada nesta animação 3D. O desenho animado preserva o texto original e, fiel à aspereza do texto e aos traços dos quadrinhos, dá vida aos personagens do auto de natal pernambucano que foi publicado em 1956.

Ficha técnica
Ano de produção: 2010
Duração: 52 min.
País: Brasil
Direção: Afonso Serpa
Ilustrações/HQ: Miguel Falcão
Adaptação: obra homônima de João Cabral
Voz: Gero Camilo
Trilha sonora: Lucas Santtana
Produção: TV Escola / OZI / FUNDAJ – Fundação Joaquim N
abuco
Público-alvo: Aluno
Faixa etária: 16-18
Área temática: Diversidade Cultural, Geografia, Literatura

(°> Via: Revista Prosa Verso e Arte >>>

Melhores Leituras de 2018

Ano passado li 24 livros, entre romances, contos e crônicas, 
HQs... Destes, destaco 12 que li e gostei muito, são
excelentes leituras, recomendo-os, confira:

12) - Gol de Padre e Outras Crônicas
Stanislaw Ponte Preta
Gol de Padre e outras crônicas é uma coletânea de crônicas de Sérgio Porto. As crônicas apresentam uma linguagem simples e histórias do cotidiano como tema. As histórias são sempre contadas com humor e ironia. De forma irreverente, os escritos de Porto representam o retrato de sua época: o Rio de Janeiro da década de 60.


11) - Labirinto
Ivan Jaf e Rodrigo Rosa
O labirinto é um ”convite à imaginação”. É a história de Henrique, um adolescente que coleciona barbantes de forma compulsiva, amarrando e enrolando-os em uma gigantesca e fétida bola. Preocupados com essa tão estranha coleção, os pais o levam a um psicólogo, que tenta desvendar o que está por trás da mania do garoto. Num passeio com os pais, acontece um acidente. Em busca do seu tesouro, Henrique viverá loucas e vibrantes aventuras através da sua imaginação.


10) - Salto
Rapha Pinheiro
Era uma vez uma cidade onde todos eram feitos de fogo. Um dia começou a chover e o povo da cidade fugiu para as cavernas onde se perderam e terminaram por construir uma nova cidade. O livro conta a história de Nü, um dos habitantes dessa cidade subterrânea e como um acidente pode mudar a vida e de todos que moram lá.
Salto é uma fantasia steampunk que aborda temas complicados como abuso de poder e preconceito. Ela pode ser lida como uma reinterpretação do Mito da Caverna de Platão, sobre como as pessoas interagem com o desconhecido que transborda sua zona de conforto. Se você fosse feito de fogo, teria medo da chuva?

9) Star Wars - As Aventuras de Luke Skywalker
Tony Diterlizzi e Ralph McQuarrie
A clássica história, do bem contra o mal, passada em uma galáxia muito, muito distante, rapidamente se tornou um fenômeno cultural de seu tempo, inspirando uma geração de amantes e contadores de histórias. Agora, a trilogia original de Star Wars brilha sob nova forma neste notável livro ilustrado, que reúne as icônicas pinturas de Ralph McQuarrie — o lendário artista conceitual por trás de “Uma Nova Esperança”, “O Império Contra-ataca” e “O Retorno de Jedi” — com os textos do aclamado autor best-seller do New York Times e ilustrador Tony DiTerlizzi. Reunidos pela primeira vez em um livro ilustrado, os croquis e pinturas de McQuarrie e a adaptação da jornada de Luke Skywalker — de garoto fazendeiro de Tatooine a Cavaleiro Jedi — habilmente narrada por DiTerlizzi, fazem uma perfeita combinação, que irá cativar os fãs novos e antigos e encantar gerações de futuros leitores.

8)  - Memórias de um Legionário
Dado Villa-Lobos
Neste livro o guitarrista da Legião Urbana, traz pela primeira vez histórias da banda contada por um de seus integrantes. Dado Villa-Lobos, juntamente com Felipe Demier e Romulo Mattos, dá detalhes instigantes, pitorescos e curiosos de uma das bandas mais cultuada do rock nacional. Depois de 30 anos do lançamento do primeiro disco da Legião Urbana, Dado nos conta várias histórias cômicas e tristes envolvendo ele e seus parceiros de banda. [Saiba +]

7) - Origem
Dan Brown
Neste último livro de Dan Brown, o quinto com o protagonista Robert Langdon, a origem da vida é o mistério a ser desvendado. Dan Brown nos traz mais um eletrizante thriller, desta vez ambientado na Espanha. Langdon é convidado pelo futurólogo e cientista da informática e seu brilhante ex-aluno, Edmond Kirsh, para uma apresentação que promete abalar os alicerces de todas as religiões do mundo e mudar o papel da ciência e da religião em relação à criação do mundo. Partindo de duas indagações, já conhecidas de todos, “De onde Viemos?” e “Para onde vamos?”, Kirsh promete revelar as respostas para estas duas questões cruciais. [Saiba +]


6) - Todos contra Todos - O Ódio Nosso de Cada Dia
Leandro Karnal
Neste livro o professor e historiador Leandro Karnal, joga por terra o mito de que o povo brasileiro é um ser pacífico e amável. Neste livro instigante e provocativo, Karnal nos afirma que o ódio está inserido na sociedade brasileira de várias formas. O autor analisa a violência no Brasil, à época das revoltas regionais, como a Cabanada, Balaiada, Farroupilha, etc, passando pela escravidão, pela violência racial e social, violência no trânsito, doméstica, a intolerância política dos ‘coxinhas’ contra os ‘petralhas’ e ao torcer pelo nosso time, até a violência difamatória, homofóbica, racista, misógina e preconceituosa nas redes sociais. [Saiba +]

5) - 1968 - O Ano que Não Terminou
Zuenir Ventura
Considerado um dos maiores clássicos da literatura contemporânea brasileira, 1968 O ano que não terminou retorna, 20 anos depois de seu estrondoso sucesso, às livrarias totalmente revisado. O livro é um retrato fiel de todos os acontecimentos que fizeram do ano de 1968 um divisor de águas na história brasileira e mundial. Além de ser uma peça de excelente jornalismo, um exemplo de texto brilhante, 1968 O ano que não terminou presta relevante serviço à revitalização da consciência democrática brasileira.

4) - A Mosca Azul
Frei Betto
A Mosca Azul é uma obra de impacto. No Palácio do Planalto, Frei Betto ocupou, em 2003 e 2004, as funções de Assessor Especial do Presidente da República e coordenador da Mobilização Social do programa Fome Zero. Aqui ele partilha com o leitor informações e reflexões de quem esteve dentro da esfera do poder. Numa narrativa lúcida, crítica e abrangente, rememora o processo social que levou Lula à presidência em 2002.
A partir de sua atuação política nas últimas décadas, o autor analisa a crise do regime democrático em tempos de neoliberalismo. À luz de Platão e Aristóteles, Maquiavel e Montaigne, Marx e Max Weber, Robert Michels e Hanna Arendt, e tantos outros, ele contextualiza, histórica e teoricamente, a crise da esquerda brasileira.
Escrita em linguagem clara, desprovida de academicismos e, por vezes, impregnada de poesia, A Mosca Azul convida o leitor a aprofundar sua visão dos fatores que levaram ao impasse um governo eleito para operar mudanças substanciais e refletir sobre a maior de todas as tentações do ser humano: o poder.

3) Balé de Pato e Outras Crônicas
Paulo Mendes Campos
Esta seleção de crônicas envolve família, dia-a-dia, lembranças, fatos intrigantes, assuntos literários e muito mais. Com sutileza, humor e requinte, o escritor Paulo Mendes Campos compõe um curioso retrato da vida, transformando os momentos simples do cotidiano em histórias engraçadas e comoventes que nos levam a rir, a amar e a pensar.

2) Brasil: Terra à Vista - A Aventura
Ilustrada do Descobrimento
Eduardo Bueno traz uma narrativa emocionante sobre o descobrimento do Brasil. Começa trazendo dois pontos de vista: da "visão da proa" (os portugueses que chegavam) e "a visão da praia" (o ponto de vista dos habitantes de Pindorama "a terra das palmeiras"). 
Dia 22 de Abril de 1500, celebrado como o primeiro dia do novo Mundo e o último dia de Pindorama; O autor convida o leitor para uma prosa instigante e informativa neste livro “Brasil: Terra à Vista”. A obra traz mapas, infográficos, desenhos e referências históricas, fazendo uma formidável reconstituição na época do descobrimento. Uma leitura envolvente que ajuda a entender momentos cruciais das grandes navegações da época e faz entender a razão da supremacia portuguesa nos séculos XV e XVI. [Saiba +]

1) - As Barbas do Imperador
Lilia Moritz Schwarcz
O livro é uma mistura da biografia de D. Pedro II, com ensaio sobre o Segundo Império no Brasil, suas nuances política e cultural, os ritos e rituais da corte e, sobre a história da família imperial brasileira. Através de vários documentos analisados, vasta bibliografia consultada, muita pesquisa, a autora escreveu uma obra riquíssima sobre a monarquia brasileira, desde o desembarque da família imperial, os primeiros anos de D. Pedro II, depois que perdeu a mãe dona Maria Leopoldina, seu pai, D. Pedro I voltando pra Portugal, para assumir o trono português, passando pelo período da regência, sua coroação ainda muito jovem, seu casamento com Teresa Cristina, o nascimento de seus filhos; passa pela Guerra do Paraguai, traz relatos sobre as viagens do imperador representando o Brasil em várias exposições pelo mundo, passa pela Abolição da Escravatura, realizada pela sua filha, a Princesa Isabel , quando o imperador estava viajando, até o golpe militar que o depôs e baniu a família imperial do solo brasileiro. E, esta parte final do livro é infalivelmente e excepcionalmente a melhor parte desta grande e bela biografia. D. Pedro II foi escorraçado e expulso de sua pátria que ele tanto amava e se afeiçoava. A obra é muito ampla e traz detalhes riquíssimos desta grande fase da história do Brasil, permeado por várias imagens. [Saiba +]


Estes foram os 12 melhores livros que li ano passado.

Não foram assim muitas leituras clássicas, 
mas toda leitura tem seu valor e aprendizado.

Talvez não necessariamente nesta ordem. 
Mas, são excelentes livros ! 

Recomendo !

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Personalidades que Faleceram em 2018


Relembre algumas personalidades do Esporte, Cinema,
Literatura, Música, TV e da Política que morreram em 2018.

JANEIRO
(5) - Carlos Heitor Cony - Jornalista e Escritor Brasileiro

(15) - Dolores O´Riordan - Cantora e Compositora Irlandesa

(23) - Nicanor Parra - Poeta Chileno

(27) - Mort Walker - Cartunista Norte Americano

FEVEREIRO
(3) - Oswaldo Loureiro - Ator e Diretor Brasileiro

MARÇO
(3) - Tônia Carrero - Atriz Brasileira

(4) - Davide Astori - Jogador de Futebol Italiano

(13) - Bebeto de Freitas - Ex-jogador e treinador de Voleibol Brasileiro

(14) - Stephen Hawking - Físico e Escritor Britânico

(14) - Marielle Franco - Política e Ativista social Brasileira
 

(22) - Miranda - Jornalista e Produtor Musical Brasileiro

ABRIL
(14) - Milos Forman - Cineasta e Roteirista Checo

(15) - R. Lee Ermey - Ator Norte-americano

(16) - Paulo Barboza - Radialista e Publicitário Brasileiro

(16) - Paul Singer - Economista e Escritor Brasileiro

(16) - Dona Ivone Lara - Cantora e Compositora Brasileira

(20) - Avicii - Músico e DJ Sueco

(21) - Nelson Pereira dos Santos - Cineasta Brasileiro

(22) - Verne Troyer - Ator e Comediante Norte-americano

(29) - Agildo Ribeiro - Comediante Brasileiro

Cena de Filme # 312 - Bird Box

(Bird Box - 2018) +

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Frases do Presidente do Brasil - jair messias bolsonaro

Eleito presidente da República, o capitão Jair Bolsonaro, do PSL, colecionou dezenas de declarações polêmicas ao longo de décadas de carreira política.

As primeiras vieram à tona ainda na década de 1990, quando fora eleito para o primeiro de seus sete mandatos como deputado federal, cargo que ocupou até se candidatar ao Planalto. Entre os alvos de seus comentários controversos estão opositores, políticas públicas – como cotas raciais – e também grupos sociais, entre eles gays, negros, mulheres e imigrantes.

Bolsonaro gerou polêmica ao se dizer favorável à tortura, ao reverenciar um coronel reconhecido pela Justiça como torturador durante a ditadura e ao sugerir que policiais que matam devem ser condecorados.

Seus posicionamentos lhe renderam processos no Conselho de Ética na Câmara, diversos pedidos de cassação e condenações ao pagamento de multas por danos morais. Um dos casos o tornou réu no Supremo Tribunal Federal por prática de apologia ao crime e injúria.

Confirma 25 frases polêmicas do capitão reformado, separadas por temas. 


DITADURA E TORTURA

O erro da ditadura foi torturar e não matar” (2008 e 2016)

Bolsonaro reiterou seu posicionamento sobre a ditadura no Brasil no programa Pânico, da Rádio Jovem Pan, em julho de 2016, repetindo a mesma declaração proferida anos antes, em agosto de 2008, em discussão com manifestantes em frente ao Clube Militar, no Rio de Janeiro. O ato na ocasião protestava contra militares que se opunham a uma revisão da Lei da Anistia, a fim de levar à Justiça oficiais acusados de terem cometido crimes durante a ditadura.

“Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff […] o meu voto é sim” (2016)

Em votação na Câmara em abril de 2016, Bolsonaro se posicionou a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff com uma homenagem ao coronel Brilhante Ustra, reconhecido pela Justiça como torturador durante a ditadura militar. Morto em 2015, ele foi comandante do DOI-Codi em São Paulo, um dos maiores centros de repressão durante a ditadura, entre 1970 e 1974.

A fala rendeu ao deputado um processo no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro parlamentar, mas o caso foi arquivado meses depois. 

“Ele merecia isso: pau-de-arara. Funciona. Eu sou favorável à tortura. Tu sabe disso. E o povo é favorável a isso também” (1999)

Bolsonaro se referia a Chico Lopes, ex-presidente do Banco Central, que na ocasião invocou o direito de ficar calado na chamada CPI dos Bancos no Senado. “Sou favorável, na CPI do caso Chico Lopes, que tivesse pau-de-arara lá”, disse ele em entrevista ao programa Câmera Aberta, da Band. 

“Através do voto você não vai mudar nada nesse país, nada, absolutamente nada! Só vai mudar, infelizmente, se um dia nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo o trabalho que o regime militar não fez: matando uns 30 mil, começando com o FHC, não deixar para fora não, matando! Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem, tudo quanto é guerra morre inocente.” (1999) 

A declaração foi feita também no programa Câmera Aberta. Bolsonaro chegou a sugerir o “fuzilamento” do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em diferentes ocasiões. Em livro, seu filho, Flávio Bolsonaro, explica que a afirmação foi apenas uma alusão a uma declaração do avô de FHC, que teria falado em fuzilar a família real caso ela resistisse ao exílio. 

FECHAR O CONGRESSO

“A atual Constituição garante a intervenção das Forças Armadas para a manutenção da lei e da ordem. Sou a favor, sim, de uma ditadura, de um regime de exceção, desde que este Congresso dê mais um passo rumo ao abismo, que no meu entender está muito próximo (1999)

Discurso na tribuna da Câmara em junho de 1999. No mesmo ano, questionado no programa Câmera Aberta, da Band, se fecharia o Congresso caso fosse presidente da República, Bolsonaro respondeu: “Não há a menor dúvida. Daria golpe no mesmo dia. No mesmo dia! […] O Congresso hoje em dia não serve para nada.”

A declaração teve impacto, e Bolsonaro foi alvo de um pedido de processo por falta de decoro e crime contra a Lei de Segurança Nacional. A ação não foi para frente. 

OPOSIÇÃO

“Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre. Vou botar esses picaretas para correr do Acre. Já que gosta tanto da Venezuela, essa turma tem que ir para lá” (2018)

Bolsonaro falava em ato de campanha no centro de Rio Branco em setembro. Com o tripé de uma câmera de vídeo, ele simulou segurar um fuzil e disparar tiros. Questionado por jornalistas mais tarde, defendeu ter se tratado de “figura de linguagem, hipérbole”. Ainda assim, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge,pediu a ele que esclarecesse a afirmação. 

“Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão para fora ou vão para a cadeia. Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria” (2018)

Bolsonaro se referia aos adversários do PT, com quem disputou o segundo turno das eleições. O discurso, em vídeo, foi transmitido em um telão na avenida Paulista, em São Paulo, durante uma manifestação de seus apoiadores uma semana antes da votação de 28 de outubro. 

SEGURANÇA PÚBLICA

“[O policial] entra, resolve o problema e, se matar 10, 15 ou 20, com 10 ou 30 tiros cada um, ele tem que ser condecorado, e não processado” (2018)

Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, em agosto, o então candidato reforçou seu entendimento, declarado diversas vezes, de que “violência se combate com mais violência”, justificando que criminoso “não é ser humano normal”. Em declarações anteriores, ele já havia dito que “policial que não mata não é policial” e que a “polícia brasileira tinha que matar é mais”. 

“Morreram poucos. A PM tinha que ter matado mil” (1992)

Sobre o Massacre do Carandiru, em 2 de outubro de 1992, em que agentes da Polícia Militar mataram 111 detentos durante repressão a uma rebelião na Casa de Detenção de São Paulo. A frase, uma das primeiras declarações públicas polêmicas de Bolsonaro, veio durante seu primeiro mandato como deputado federal pelo Rio de Janeiro, em resposta à comoção da sociedade diante do massacre e aos protestos indignados de organizações como a Anistia Internacional. 

RELIGIÃO

“Somos um país cristão. Não existe essa historinha de Estado laico, não. O Estado é cristão. Vamos fazer o Brasil para as maiorias. As minorias têm que se curvar às maiorias. As minorias se adequam ou simplesmente desaparecem” (2017)

O discurso, gravado em vídeo e publicado no YouTube, foi feito durante um evento na Paraíba em fevereiro de 2017, diante de seus apoiadores. 

MULHERES

“Eu jamais ia estuprar você porque você não merece” (2003 e 2014)

A frase foi dirigida à deputada Maria do Rosário (PT-RS), primeiro durante uma discussão nos corredores da Câmara em 2003, diante de vários jornalistas, depois repetida em 2014, dessa vez na tribuna da Casa. Em esclarecimento ao jornal Zero Hora na época, Bolsonaro disse que a colega “não merece (ser estuprada) porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria”.

Em 2015, o então deputado foi condenado a pagar uma indenização de 10 mil reais à parlamentar petista por danos morais. Em relação ao mesmo caso, ele é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por prática de apologia ao crime e injúria. 

“Por isso o cara paga menos para a mulher (porque ela engravida)” (2014)

Em entrevista ao jornal Zero Hora, Bolsonaro sugeriu que o Brasil tem muitos direitos trabalhistas e, por isso, é uma “desgraça ser patrão no nosso país”. “Quando [a mulher] voltar [da licença-maternidade], vai ter mais um mês de férias. Então, no ano, ela vai trabalhar cinco meses”, afirmou. “Quem vai pagar a conta? É o empregador.”Em 2016, ele reiterou, em entrevista ao programa Superpop, da RedeTV, que “não empregaria [homens e mulheres] com o mesmo salário”. “Mas tem muita mulher que é competente.” 

“Foram quatro homens. A quinta eu dei uma fraquejada, e veio uma mulher” (2017)

A declaração sobre seus cinco filhos, tachada de sexista, foi umas das diversas frases polêmicas proferidas pelo então deputado do PSC durante uma palestra no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, em abril de 2017. Ele já havia se lançado como possível candidato ao Planalto. 

GAYS

“Para mim é a morte. Digo mais: prefiro que morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo” (2011)

Em entrevista à revista Playboy, Bolsonaro afirmou que “seria incapaz” de amar um filho homossexual e acrescentou que ter um casal gay como vizinho desvaloriza imóveis. “Sim, desvaloriza! Se eles andarem de mão dada, derem beijinho, vai desvalorizar”, declarou. “Não sou obrigado a gostar de ninguém. Tenho que respeitar, mas, gostar, eu não gosto.” 

“O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um couro, ele muda o comportamento dele. Tá certo?” (2010)

Deputado pelo PP, Bolsonaro fez essa declaração no programa Participação Popular, da TV Câmara, que discutia um então projeto de lei para proibir a punição corporal na educação de crianças. À época, ele fazia parte da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Casa. Conhecida como Lei da Palmada ou Lei Menino Bernardo, a regra entrou em vigor em 2014. 

“90% desses meninos adotados [por um casal gay] vão ser homossexuais e vão ser garotos de programa com toda certeza”

A afirmação, em vídeo antigo sem data, foi reproduzida durante uma entrevista de Bolsonaro no programa Agora é tarde, da Band, em 2012. Questionado pelo apresentador Danilo Gentili sobre a fonte daquele dado, o deputado diz não ter “base nenhuma”. “É indiferente”, afirma, sugerindo ser uma “tendência” que filhos de casais homossexuais sejam também homossexuais. 

“Não existe homofobia no Brasil. A maioria dos que morrem, 90% dos homossexuais que morrem, morre em locais de consumo de drogas, em local de prostituição, ou executado pelo próprio parceiro” (2013)

Em entrevista à minissérie documentário Out there, exibida pela emissora britânica BBC, Bolsonaro disse ao apresentar Stephen Fry que “a sociedade brasileira não gosta de homossexual”. “Nós não perseguimos. […] Não gostar não é a mesma coisa que odiar. Você não gosta dos talibãs.” Gay assumido, Fry descreveu o encontro como “um dos mais estranhos e sinistros” de sua vida. 

AIDS

“O cara vem pedir dinheiro para mim para ajudar os aidéticos. A maioria é por compartilhamento de seringa ou homossexualismo. Não vou ajudar porra nenhuma! Vou ajudar o garoto que é decente” (2011)

A declaração foi feita em entrevista à revista Playboy. Questionado pelo repórter se ele acredita que a aids é consequência direta da homossexualidade, ele respondeu: “Em grande parte, sim. As questões de mulheres casadas que contraem o vírus, muitas vezes elas pegam pelo marido, que é bissexual e leva para dentro de casa.” 

INDÍGENAS

“Ele devia ir comer um capim ali fora para manter as suas origens” (2008)

O então deputado se referia ao índio Jacinaldo Barbosa, que lhe jogou um copo de água durante uma audiência pública na Câmara para discutir a demarcação da reserva indígena Raposa/Serra do Sol.

Ao longo da corrida eleitoral, o capitão reformado se mostrou diversas vezes contrário aos direitos indígenas, prometendo acabar com o que chamou de “ativismo ambiental xiita”. “Se eu chegar lá, não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola”, disse. 

NEGROS

“Fui num quilombola [sic] em Eldorado Paulista. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Acho que nem para procriadores servem mais” (2017)

A afirmação, em palestra no Clube Hebraica, no Rio, rendeu a ele uma denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República pelo crime de racismo e discriminação. Em setembro deste ano, Bolsonaro acabou sendo absolvido das acusações pelo STF. A maioria dos ministros entendeu que, “por pior que tenham sido”, as declarações se inserem na liberdade de expressão. O capitão defendeu que ser contra as reservas quilombolas não é ser racista. 

POLÍTICAS AFIRMATIVAS

“Quem usa cota, no meu entender, está assinando embaixo que é incompetente. Eu não entraria num avião pilotado por um cotista. Nem aceitaria ser operado por um médico cotista” (2011)

Em entrevista ao programa CQC, da Band, Bolsonaro afirmou ser contra cotas raciais por entender que o ingresso em universidades e concursos públicos deve ser por mérito. Em julho deste ano, no programa Roda Viva, da TV Cultura, ele reafirmou sua posição, negando que haja uma dívida histórica do Brasil com os afrodescendentes. “Que dívida? Eu nunca escravizei ninguém na minha vida”, afirmou. “O negro não é melhor do que eu, e nem eu sou melhor do que o negro.” 

“Isso não pode continuar existindo. Tudo é coitadismo. Coitado do negro, coitado da mulher, coitado do gay, coitado do nordestino, coitado do piauiense. Vamos acabar com isso” (2018)

Dias antes do segundo turno, em entrevista à TV Cidade Verde, do Piauí, Bolsonaro reiterou que a política de cotas no Brasil está “totalmente equivocada” e reforça o preconceito, referindo-se a políticas afirmativas de governos anteriores como “coitadismos”. 

IMIGRANTES

“A escória do mundo está chegando ao Brasil como se nós não tivéssemos problema demais para resolver” (2015)

O então deputado se referia aos marginais do MST, dos haitianos, senegaleses, bolivianos e tudo que é escória do mundo” que tem pedido refúgio ao Brasil. “Os sírios estão chegando também”, afirmou, em entrevista ao Jornal Opção, de Goiás. 

DIREITOS HUMANOS

“Se eu chegar lá, não vai ter dinheiro para ONG. Esses inúteis vão ter que trabalhar” (2017)

A declaração foi outra que gerou polêmica durante sua palestra no Clube Hebraica, no Rio. Antes, em 2015, ele já afirmara que, se um dia fosse eleito presidente, “o pessoal da Anistia Internacional não mais interferiria na vida interna do país”. Em 7 de outubro, em discurso de agradecimento pela votação no primeiro turno, prometeu “botar um ponto final em todos os ativismos no Brasil”. 

AUXÍLIO-MORADIA

“Como eu estava solteiro na época, esse dinheiro do auxílio-moradia eu usava para comer gente (2018)

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo em janeiro, o então candidato respondia a um questionamento sobre o auxílio-moradia que recebia da Câmara, mesmo tendo imóvel próprio em Brasília. “O dinheiro foi gasto em alguma coisa. Ou você quer que eu preste continha: olha, recebi 3 mil, gastei 2 mil em hotel, vou devolver mil. Tem cabimento isso?”

(º> Fonte: Carta Capital >>>
Se você que votou nele e compartilha destas mesmas ideias, parabéns pela sua sensibilidade...