"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

O Peso do Pássaro Morto,de Aline Bei

O Peso do 
Pássaro Morto

Aline Bei

Editora Nós 
168 páginas - 2017

"Quantas perdas cabem na vida de uma mulher?
[Trecho inicial da orelha do livro]




Muito bom este livro de estreia de Aline Bei. "O Peso do Pássaro Morto", um livro com uma densa, original, poética e bela narrativa.  A autora traz a história de uma mulher, dos 8 aos 52 anos, da sonhadora criança até a solitária adulta; suas dores, angústia, renúncias, mas principalmente, sobre as perdas em sua vida. Perdas essas que vem desde cedo e a acompanha até a fase adulta. Tudo revelado neste emocionante e impressionante relato da vida desta mulher. 

Aline foi excepcional na voz da personagem, uma observadora perspicaz e sensível em seu processo de amadurecimento, conforme o tempo vai passando e a impactando em sua vida. Este romance é sobre a solidão, a força e a visão de mundo de uma mulher na atualidade.  

Portanto um livro muito bem escrito, desenvolvido e merecidamente ganhador do Prêmio São Paulo de Literatura de 2018. 

"No livro, são abordados temas delicados e muito debatidos nos últimos tempos como estupro, gravidez na adolescência, machismo, o papel da mulher na sociedade e também questões subjetivas que tratam da situação psicológica da personagem, suas escolhas ao longo da vida e as consequências oriundas delas."

Trechos:
-"Na escola
em casa
na cozinha
perguntei pra minha mãe:

– o que é morrer?

ela estava fritando bife pro almoço.

o bife
é morrer, porque morrer é não poder mais escolher o que farão com a sua carne.
quando estamos vivos, muitas vezes também não escolhemos, mas tentamos.


almoçamos a morte e foi calado.
enquanto minha mãe lavava louça fui até a casa do seu luís às escondidas, mas não exatamente
acho que minha mãe ouviu
a porta batendo e que era eu
saindo com os meus 8 anos atravessando a rua olhando
pros 2 lados que meu pai me ensinou Cuidado
e batendo na casa do seu luís
pra perguntar. minha mãe deixou eu ir, deve ser
porque morreu uma menina de oito anos e isso
transformou ter a minha idade em ser adulta.” - p. 21


*

- " dirigir pra longe com janela aberta é uma espécie
de voo
apesar das rodas, apesar do
chão
eu estava precisando de um pouco de estrada,
há anos que eu não dirigia,
não quis ônibus de novo e mais uma vez, fiz
questão do carro
alugado
me levando pra onde minha cabeça estava
no lucas quase um
homem que me disse por telefone:

- ouro preto parece uma cidade de praia sem mar." - p. 87

A autora:

Aline Bei nasceu em São Paulo, em 1987. É formada em Letras
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e em Artes
Cênicas pelo Teatro Escola Célia-Helena. É editora e colunista
do site cultural Oitava Arte. “O peso do pássaro morto” é o seu
primeiro livro.

Gostei muito do livro. Recomendo a leitura.

 O peso do pássaro é pesado, muitas mulheres sentem esta realidade,
 este peso. Muitas se encontrarão e se identificarão com este livro.

Fica a dica!

sábado, 25 de janeiro de 2020

Internacional-RS é o Campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior 2020

O Inter é o campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior 2020 ao 
vencer o rival Grêmio nos pênaltis por 3x1, depois de empate em 1x1 
no tempo normal. É o quinto título do time colorado na competição.

 <><> Tabela à partir das Quartas de Final <><>

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Plebiscito x Referendo

Diferença básica

Tanto o plebiscito como o referendo são formas de consulta popular que ocorrem através de votação secreta e direta. Em ambos os tipos não há impedimento para incluir quantas perguntas forem necessárias em um questionário a ser respondido pela população.

A diferença entre o plebiscito e o referendo está na perspectiva que cada uma privilegia da mesma questão. No plebiscito, o cidadão se manifesta sobre um assunto antes de uma lei ser constituída. Quando há uma consulta popular sobre lei que já foi aprovada pelo Congresso Nacional, a modalidade adequada é o referendo.

Plebiscito
Plebiscito é uma manifestação popular expressa através de voto, próprio para a solução de algum assunto de interesse político ou social. Foi inicialmente concebido como um instrumento para o exercício da democracia direta, e sua origem remonta à Lex Hortensia (287 a.C.). A finalidade do plebiscito é a legitimação política, ou seja, através deste é pedida a ratificação da confiança da população numa determinada atuação política do governo.

No regime democrático, o plebiscito é um instrumento que permite a convocação do povo para emitir a sua opinião, escolhendo "sim" ou "não" acerca de uma decisão governamental. O plebiscito é adequado à consulta sobre tema que esteja em fase anterior à elaboração de qualquer lei proposta pelo governo. Desse modo, caso a maioria escolha "sim", então é dado continuidade ao processo de elaboração de toda a legislação.

A elaboração formal do plebiscito nasce dentro do poder legislativo. Cabe ao Congresso sua proposição através de um decreto legislativo emitido pela câmara ou senado, que é assinado por no mínimo um terço dos deputados, ou 171 votos, ou de um terço dos senadores, ou 27 votos. A medida deve ser aprovada em cada uma das casas por maioria absoluta, ou seja, metade mais um dos votos dos parlamentares. Na Câmara, são necessários 257 votos favoráveis, e no Senado, 41. Aprovada a lei ou medida administrativa, o plebiscito pode ser convocado em até trinta dias, e seu resultado é homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral, que fica encarregado de marcar a data e emitir as instruções necessárias.

As regras são as mesmas para as eleições correntes, com voto obrigatório para eleitores entre 18 e 69 anos e facultativo para jovens de 16 e 17 anos e idosos a partir de 70. A campanha eleitoral poderá ser realizada pelas frentes parlamentares, partidos políticos e frentes formadas em torno das propostas em análise, organizadas por grupos da sociedade civil. Assim como nas eleições ordinárias, a justiça eleitoral promove a gratuidade nos meios de comunicação para as campanhas de todos os concorrentes.

Existe apenas uma situação prevista na legislação que deve obrigatoriamente passar por plebiscito, que é a incorporação, subdivisão ou desmembramentos dos estados da federação. Neste caso, deve ser feito uma consulta somente entre a população dos territórios diretamente envolvidos. Nas demais situações, o plebiscito precisa ser requisitado exatamente como descrito acima, mas, em qualquer caso, uma vez aprovado por maioria simples, o presidente do congresso publica um decreto legislativo, introduzindo o tema no ordenamento jurídico brasileiro.

Referendo
Referendo é uma consulta popular sobre assunto de grande relevância, no qual o povo manifesta-se sobre uma lei já constituída, ou seja, é uma votação convocada após a aprovação do ato, cabendo ao povo ratificar ou rejeitar a proposta. O referendo é um importantíssimo instrumento de participação popular direta, útil na decisão sobre a formulação de políticas nacionais.

A elaboração formal do referendo ocorre dentro do poder legislativo, e segue alguns passos semelhantes ao do plebiscito. Cabe ao Congresso propor o referendo quando este trata de questões de relevância nacional. O instrumento adequado para sua instituição é o decreto legislativo emitido pela câmara ou senado, que deve ser assinado por no mínimo um terço dos deputados, ou 171 votos, ou de um terço dos senadores, ou 27 votos. A medida deve ser aprovada em cada uma das casas por maioria absoluta, ou seja, metade mais um dos votos dos parlamentares. Na Câmara, são necessários 257 votos favoráveis, e no Senado, 41.

A partir da aprovação da lei ou medida administrativa, o referendo poderá ser convocado em até trinta dias, e seu resultado será homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral. O processo de um referendo é bem parecido ao do plebiscito, que por sua vez lembra muito uma campanha eleitoral, com campanha, tempo no rádio e televisão, distribuição de panfletos, etc.

A palavra “referendo” vem do latim referendus”, que significa assinar após ou a seguir de outrem, para que participe do ato e por ele também se responsabilize. Juridicamente, a palavra assume o sentido de aprovar ou submeter à aprovação ou consulta de outrem.

Assim temos que todo ato, descrição ou deliberação, promovidos através de referendo, devem ser submetidos à aprovação ou consideração do poder. Quando o poder aprova determinados atos, estes são considerados referendados ou sancionados, tendo a partir daí, eficácia legal. Além de exprimir o dever de submissão da decisão a outro poder, o termo designa a própria aprovação que lhe é dada.

Há que se ressaltar que o referendo exige além de conhecimento político, oportunidade para debate ou discussão livre, como prescreve a boa disputa democrática. Afinal, trata-se, de um certo modo, de uma eleição, na qual, ao invés de candidatos, temos a disputa de diferentes propostas.

(º> Fonte: InfoEscola>>>

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Frase daVez

"É necessário que, ao menos
uma vez na vida, você duvide, 
tanto quanto possível, 
de todas as coisas."
Descartes
(La Haye en Touraine, 31-03-1596 – Estocolmo, 11 -02-1650) 
Foi um filósofo, físico e matemático francês

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Poesia a Qualquer Hora (328) - Sophia de Mello Breyner Andressen

A Paz sem Vencedor
 e sem Vencidos

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça.
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ter melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Sophia de Mello
 Breyner Andressen
[ Saiba + ]

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Vencedores do Globo de Ouro 2020

Quentin Tarantino, Brad Pitt e Joaquin Phoenix
 estão entre os vencedores da premiação.

Confira abaixo a lista completa dos 
vencedores (em negrito) do Globo de Ouro 2020.


CINEMA
Melhor filme dramático
1917


Irlandês
História de um Casamento
Coringa
Dois Papas

Melhor ator – Drama
Joaquin Phoenix, Coringa 
Christian Bale, Ford v Ferrari
Antonio Banderas, Dor e Glória
Adam Driver, História de um Casamento
Jonathan Pryce, Dois Papas

Melhor atriz – Drama
Renée Zellweger, Judy – Muito Além do Arco-Íris 
Scarlett Johansson, História de um Casamento
Saoirse Ronan, Adoráveis Mulheres
Charlize Theron, O Escândalo

Melhor filme cômico ou musical

Era uma Vez em… Hollywood 
Jojo Rabbit
Entre Facas e Segredos
Rocketman
Meu nome é Dolemite

Melhor diretor
Sam Mendes, 1917
Todd Phillips, Coringa
Bong Joon-ho, Parasita
Martin Scorsese, O Irlandês
Quentin Tarantino, Era uma Vez em… Hollywood

Melhor roteiro
Quentin Tarantino, Era uma Vez em… Hollywood 
Noah Baumbach, História de um Casamento
Bong Joon-ho e Han Jin-won, Parasita
Anthony McCarten, Dois Papas
Steven Zaillian, O Irlandês

Melhor atriz – Musical ou Comédia
Awkwafina, The Farewell 
Ana de Armas, Entre Facas e Segredos
Cate Blanchett, Cadê Você, Bernadette?
Beanie Feldstein, Fora de Série
Emma Thompson, Late Night

Melhor ator – Musical ou Comédia
Taron Egerton, Rocketman
Daniel Craig, Entre Facas e Segredos
Roman Griffin Davis, Jojo Rabbit
Leonardo DiCaprio, Era uma Vez em… Hollywood
Eddie Murphy, Meu Nome é Dolemite


Melhor ator coadjuvante
Brad Pitt, Era uma Vez em… Hollywood
Tom Hanks, Um Lindo Dia na Vizinhança
Anthony Hopkins, Dois Papas
Al Pacino, O Irlandês
Joe Pesci, O Irlandês


Melhor atriz coadjuvante
Laura Dern, História de um Casamento
Kathy Bates, O Caso Richard Jewell
Annette Bening, O Relatório
Jennifer Lopez, As Golpistas
Margot Robbie, O Escândalo


Melhor animação
Link Perdido 
Frozen 2
Como Treinar seu Dragão 3
Toy Story 4
O Rei Leão


Melhor filme em língua estrangeira

Parasita
The Farewell
Dor e Glória
Retrato de uma Jovem em Chamas
Les Misérables


Melhor canção original
(I’m Gonna) Love Me Again, Rocketman 
Into the Unknown, Frozen 2
Beautiful Ghosts, Cats
Spirit, O Rei Leão
Stand Up


Melhor trilha sonora original para filmes
Hildur Guðnadóttir, Coringa 
Daniel Pemberton, Brooklyn – Sem Pai Nem Mãe
Alexandre Desplat, Adoráveis Mulheres
Thomas Newman, 1917
Randy Newman, História de um Casamento



TV
Melhor série dramática
Succession 
Big Little Lies
The Crown
Killing Eve
The Morning Show

Melhor série musical ou cômica
Fleabag 
O Método Kominsky
The Marvelous Mrs. Maisel
The Politician
Barry


Melhor minissérie ou filme para TV

Chernobyl 
Fosse/Verdon
The Loudest Voice
Catch-22
Inacreditável


Melhor ator em série dramática
Brian Cox, Succession 
Kit Harington, Game of Thrones
Rami Malek, Mr. Robot
Tobias Menzies, The Crown
Billy Porter, Pose


Melhor atriz em série dramática
Olivia Colman, The Crown
Jodie Comer, Killing Eve
Nicole Kidman, Big Little Lies
Reese Witherspoon, Big Little Lies
Jennifer Aniston, The Morning Show


Melhor ator em série musical ou cômica

Ramy Youssef, Ramy 
Michael Douglas, O Método Kominsky
Bill Hader, Barry
Ben Platt, The Politician
Paul Rudd, Cara x Cara


Melhor atriz em série musical ou cômica
Phoebe Waller-Bridge, Fleabag 
Christina Applegate, Disque Amiga para Matar
Rachel Brosnahan, The Marvelous Mrs. Maisel
Kirsten Dunst, On Becoming a God in Central Florida
Natasha Lyonne, Boneca Russa


Melhor ator em minissérie ou filme para TV
Russell Crowe, The Loudest Voice 
Christopher Abbott, Catch-22
Sacha Baron Cohen, O Espião
Jared Harris, Chernobyl
Sam Rockwell, Fosse/Verdon


Melhor atriz em minissérie ou filme para TV
Michelle Williams, Fosse/Verdon
Kaitlyn Dever, Inacreditável
Joey King, The Act
Helen Mirren, Catarina, a Grande
Merritt Wever, Inacreditável


Melhor ator coadjuvante em série, minissérie ou filme para TV
Stellan Skarsgård, Chernobyl 
Alan Arkin, O Método Kominsky
Kieran Culkin, Succession
Andrew Scott, Fleabag
Henry Winkler, Barry


Melhor atriz coadjuvante em série, minissérie ou filme para TV
Patricia Arquette, The Act 
Helena Bonham Carter, The Crown
Toni Collette, Inacreditável
Meryl Streep, Big Little Lies
Emily Watson, Chernobyl

(º> Fonte: Veja >>>

sábado, 4 de janeiro de 2020

Trilha Sonora (329) - AC/DC

T.N.T.
AC/DC
Compositor: Angus Young
Aye, aye, aye, aye, aye,
Aye, aye, aye, aye, aye


See me ride out of the sunset
On your colour Tv screen
Out for all that I can get
If you know what I mean
Women to the left of me
And women to the right
Ain't got no gun
Ain't got no knife
(But) don't you start no fight

Cause I'm T.N.T., I'm dynamite
T.N.T. and I'll win the fight
T.N.T. I'm a power load
T.N.T. watch me explode

I'm dirty, mean and mighty unclean
I'm a wanted man
Public enemy number one
Understand?
o lock up your daughter
Lock up your wife
Lock up your back door
(And) run for your life
The man is back in town
(So) don't you mess me 'round

Cause I'm T.N.T., I'm dynamite
T.N.T. and I'll win the fight
T.N.T. I'm a power load
T.N.T. watch me explode

T.N.T. aye, aye, aye
T.N.T. aye, aye, aye
T.N.T. aye, aye, aye
T.N.T. aye, aye, aye

T.N.T. aye
I'm dynamite (aye, aye)

T.N.T. aye
And I'll win the fight (aye, aye)

T.N.T. aye
I'm a power load (aye, aye)
T.N.T.

Watch me explode

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Personalidades que Faleceram em 2019


Relembre algumas personalidades do Esporte, Cinema,
Literatura, Música, TV e da Política que morreram em 2019.

JANEIRO

(4) - Pedro Bento - Cantor Brasileiro

(9) - Padre Quevedo - Padre e Professor Espanhol/Brasileiro

(18) -  Marciano - Cantor Brasileiro

(18) - Marcelo Yuka - Baterista e Compositor Brasileiro

(23) - Caio Junqueira - Ator Brasileiro

(26) - Wagner Montes - Apresentador e Político Brasileiro


FEVEREIRO

(6) - Rosamunde Pilcher - Escritora Norte-americana
 

(8) - Albert Finney - Ator Britânico

(11) - Ricardo Boechat - Jornalista Argentino/Brasileiro

(12) - Gordon Banks - Ex-jogador de Futebol Britânico

(13) - Bibi Ferreira - Atriz e Diretora de Teatro Brasileira

(16) - Bruno Ganz - Ator Suiço

(23) - Stanley Donen - Diretor de Cinema Norte-americano

(25) - Roberto Avallone - Jornalista Brasileiro

sábado, 28 de dezembro de 2019

Três Biografias Musicais


Li estes 3 livros, neste 2.° bimestre de 2019. São 3 biografias musicais. Eis: “Infinita Highway – Uma Carona com os Engenheiros do Hawaii” de Alexandre Lucchese.” Discobiografia Legionária” de Chris Fuscaldo e “Nenhum de Nós – A Obra Inteira de uma Vida” de Marcelo Ferla, todos publicados em 2016. 

********* 

Infinita Highway –
Uma Carona Com
Os Engenheiros do 
Hawaii


Alexandre Lucchese 

2016 - 328 Páginas
Editora Belas Letras 



“Era pra ter durado uma noite só. Era pra ter sido somente uma banda de abertura. Era pra ter outro nome. Não era pra ser um trio. Eram várias variáveis. Graças a essa sucessão de fatos estranhos, quando não ter plano é o melhor plano, nasceu uma das maiores bandas do rock brasileiro: Engenheiros do Hawaii” (Texto da contracapa do livro “Infinita Highway”) 

O livro tem um excelente projeto gráfico, possui algumas dezenas de fotos, ensaios e histórias dos bastidores de uma das melhores bandas do Brasil... “uma história cheia de lances improváveis que o jornalista Alexandre Luchese conta nesta biografia, depois de ter entrevistado mais de uma centena de pessoas ligadas à banda, inclusive Humberto Gessinger, Carlos Maltz e Augusto Licks, o trio responsável pela fase de maior sucesso, que acabou se desfazendo anos mais tarde em meio a brigas e processos judiciais. Embarque na infinita highway para ver como nada do que foi planejado para a viagem deu certo, mas, nesse caso, ter dado tudo errado não poderia ter sido o mais certo.” 

Lucchese traz relatos de pessoas e profissionais que fizeram parte do universo do grupo, assim como os familiares, e claro, dos próprios integrantes: Gessinger, Maltz e Licks. Muito bom livro, pegue esta carona e viaje pelas belas e emocionantes histórias que envolveram a banda gaúcha. Os capítulos do livro são nomeados por trechos da canção homônima que dá o título ao livro, e que foi um dos grandes sucessos da carreira dos Engenheiros. Super recomendo. Muito bom livro. 

Trechos: 
-“Apesar da preferência de Gessinger por Frumelo & Os 7 Belos, o nome mais aceito foi o também jocoso Engenheiros do Hawaii, uma provocativa alusão aos estudantes de Engenharia que iam ao bar da  Arquitetura azarar as garotas dali. A ida era mais do que justificável, uma vez que os cursos de  Engenharia tradicionalmente recebiam muito menos mulheres do que homens em seu corpo discente.  A letra de Engenheiros do Hawaii, a Canção, que esteve no repertório do primeiro show,  demonstrava o baixo prestígio que os alunos “intrusos” gozavam diante de Gessinger e sua turma. “Eles  odeiam Albert Camus / Eles só querem ler gibi” eram alguns dos depreciativos versos da canção, que  ainda qualificava os rapazes de “Beach Boys de Tramandaí”, ou seja, jovens que queriam se vestir e agir  como surfistas americanos em uma praia de terceiro mundo com ondas baixas e sem qualquer glamour.” – p. 28 

-“Não houve um momento em que parei para pensar e decidi que não seria mais um estudante, mas um  músico. Simplesmente me dei conta em algum momento que eu estava aparecendo na aula só para pedir favor aos professores, então me dei conta que já não era mais um estudante de Arquitetura. Não lembro  nem se tranquei ou abandonei a faculdade – afirma Gessinger. A família, acostumada com o caráter obstinado do rapaz que estava se revelando músico, parece não ter estranhado. 
– Em momento algum me preocupei – afirma Casilda, sobre o filho Humberto Gessinger. – Sabia que era a escolha dele, que ele tinha um bom potencial em escrever, que ele não estava se lançando como um cantor, mas como um compositor que leva às pessoas suas letras e música, o que me dava uma tranquilidade muito grande. E lá ia dona Casilda levar os sanduíches para o filho carregar em suas perambulações pelo Rio Grande do Sul, quando este esperava o ônibus que o apanhava em uma esquina a alguns metros de casa.” – pp. 124 e 125 

-“No Rio, Jamari França cobriu o festival pelo Jornal do Brasil, no qual classificou o show dos Engenheiros como “o melhor concerto da noite de encerramento”. Além da intensa participação do público, algumas surpresas da banda chamaram a atenção. Em um momento de provocação e autoironia em relação ao festival, bancado pela empresa de tabaco Hollywood, Gessinger mudou um verso de Terra de Gigantes para “a juventude são várias bandas em uma propaganda de cigarros”. Além disso, um importante carro-chefe de O papa é pop deu as caras, meses antes das gravações do disco começarem. Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones levantou o público. França lamentou que o hit do italiano Gianni Morandi, composto por Mauro Lusini e Franco Migliacci e gravado no Brasil em 1968 por Os Incríveis, ainda não tivesse sido registrado pelo trio: “É uma pena que os Engenheiros não tenham sacado essa para o disco ao vivo”, escreveu. Durante a canção, Augustinho Licks fazia referência a diferentes hinos, tais como Hino Nacional e o Hino da Independência, mas foi o jingle da campanha eleitoral de Lula que uniu a massa. Gessinger nem precisou cantar: bastou o guitarrista tocar as primeiras notas da inconfundível melodia para todo mundo bradar junto “Olê olê olê olá, Lula Lula”. No mês anterior, o candidato petista havia perdido no segundo turno as eleições presidenciais para Fernando Collor, em uma das disputas presidenciais mais acirradas e polêmicas do Brasil. Apesar do apoio dos Engenheiros a Leonel Brizola no primeiro turno, havia franca simpatia com o PT em entrevistas, não restando dúvida de que o “caçador de marajás” não era nem de longe uma opção para o grupo. O papa é pop deve muito a Leonel Brizola, e não apenas por ter cedido ao grupo a icônica foto do papa João Paulo II tomando chimarrão, que aparece na capa e na contracapa do álbum. Embora sem querer, o líder pedetista foi também o responsável pela inclusão de Era um garoto… nos shows do grupo e, consequentemente, no disco. Brizola trazia consigo a ideia do socialismo moreno, que apontava para a reafirmação de valores nacionais próprios, independente de modelos pré-concebidos em Moscou ou em Nova York. Era um ideal que seduziu o grupo gaúcho, que acabou tocando de graça para o candidato em três comícios. O apoio foi uma atitude mais poética e ideológica do que pragmática, pois, no fundo, os músicos sentiam que o homem que liderou a Campanha da Legalidade de 1961 não tinha grandes chances. Se restava alguma dúvida em relação a isso, bastou participar de um comício para perceber que era praticamente impossível competir com o candidato hegemônico: enquanto Collor tinha um palco de ponta, Brizola discursava em estruturas mambembes, com uma organização precária. Em uma das apresentações, o gaúcho tentou imitar a entrada triunfal do ex-governador de Alagoas em seus comícios, e subir ao palco pela frente, depois de atravessar todo o público. Ficava bonito o candidato ser alçado do meio dos seus eleitores para o alto do palanque. Mas precisava ser feito do jeito certo. 
Não foi o que ocorreu com Brizola. Sem equipe e estrutura que permitissem uma caminhada organizada e rápida pela plateia, o político se embrenhou pelo meio da multidão de admiradores, que lhe pedia abraços, apertos de mãos, fotos com crianças, e não o deixava avançar sequer um palmo. Enquanto isso, no palco, os Engenheiros espichavam seu show a pedido da aflita organização. Humberto Gessinger, já sem saber mais o que tocar para entreter o público em meio ao atraso da estrela da noite, de repente viu algo ser atirado pelo público e quicar no improvisado tablado em que cantava. Ao chegar mais perto do vulto arremessado, percebeu que gemia. Era o próprio Brizola, depois de ser cumprimentado e amassado pelos eleitores. 
Foi justamente em um desses atrasos do candidato, em Betim (MG), que os Engenheiros do Hawaii tocaram pela primeira vez Era um garoto… A canção havia feito parte da infância de Gessinger, sendo a responsável pela família dar a ele um violão aos seis anos. Era também uma das únicas músicas que não havia composto e sabia tocar inteira. Com seu repertório absolutamente esgotado, mas com a equipe de Brizola insistindo para que a banda permanecesse no palco enquanto o candidato não chegava, o líder do grupo acabou puxando a composição que conheceu por meio d’Os Incríveis. Era o começo de um dos maiores hits dos anos 1990.” – pp. 239 a 241

O autor:
Alexandre Lucchese é jornalista, responsável pela cobertura de livros no jornal Zero Hora, para o qual também já produziu reportagens especiais sobre a banda Engenheiros do Hawaii e o álbum Rock Grande do Sul. Natural de Realeza (PR), nasceu em 17 de julho de 1982 e vive em Porto Alegre (RS) desde 2001. 

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Discobiografia Legionária 

Chris Fuscaldo 

216 páginas – 2016 
Editora: LeYa 

Sobre esta biografia, ou melhor, discobiografia, sou suspeito de falar, pois se trata de minha banda preferida. O livro traz as histórias que envolvem cada produção dos discos da Legião, incluindo os discos de Estúdio, os Ao Vivo e as Coletâneas e inclusive os discos Solos de Renato Russo, o líder e vocalista da Legião Urbana. Com um belo projeto gráfico, o livro conta os pormenores de todas as gravações destes discos e no fim de cada capítulo, os títulos, autores e a duração de cada canção que compõe cada disco. Um belo trabalho de pesquisa e apuração. Chris Fuscaldo escreveu os textos dos encartes para a gravadora EMI em 2010 para o relançamento em CD da discografia completa da banda brasiliense. Agora, Chris entrevistou músicos, produtores, arranjadores e compositores para compor este belo livro, traçando os comportamentos artísticos e as curiosidades dos envolvidos em cada produção legionária. 

“Chris Fuscaldo coleta histórias curiosas. Como o episódio em que o produtor do primeiro álbum, José Emilio Rondeau, só topou trabalhar quando Renato Russo e Marcelo Bonfá imploraram, debaixo de chuva, para ele esquecer uma briga feia que ocorreu no estúdio pouco antes. Conta ainda os problemas de inspiração que Renato Russo sofria no segundo disco, fazendo a gravação demorar muito mais do que o esperado. Ou ainda a técnica de Mayrton Bahia, o produtor que mais trabalhou com a banda e um mestre em cortar e colar com lâmina de barbear as fitas na edição das músicas. A intimidade dos músicos, as brigas e confusões e ainda as amizades seladas ao longo da trajetória da Legião também estão presentes no livro”. 

Se você é fã da Legião Urbana, este livro não pode faltar em sua estante...!!! 

“Que as novas histórias sejam um presente para os fãs e para devoradores de biografias musicais”, afirma Chris Fuscaldo. “Que elas complementem tudo o que já foi dito e escrito sobre a Legião Urbana. E que satisfaçam o desejo de Renato Russo, se consagrando como mais um documento de resgate da memória e de celebração da história da música brasileira” . 

Trechos: 
- “ ‘Dado Viciado’ é uma composição do início da carreira da Legião Urbana. Fala sobre um cara que se transformou depois de tanta heroína. Com medo de que o protagonista fosse confundido com o guitarrista da banda, a música acabou de fora dos primeiros discos. Mas entrou no repertório de ‘Uma Outra Estação’ ”. - p. 103

-“ A turnê de As Quatro Estações foi a maior da história da Legião Urbana, com mais de vinte apresentações, muitos seguidores espalhados pelas plateias de diversas cidades brasileiras e boa recepção da critica. Alguns desses shows, mais especificamente os de São Paulo (no Palestra Itália) e Belo horizonte (no Mineirinho), ambos em agosto de 1990, tiveram seu áudio registrado direto da mesa de som, em 24 canais, uma tecnologia nova e incomum para a época, que garantiu a qualidade do disco. Recuperadas pela pesquisa de Marcelo Fróes, catorze anos depois essas gravações se transformaram no terceiro disco ao vivo da Legião Urbana, o CD duplo As Quatro Estações ao Vivo. – p. 142 

A autora 
Chris Fuscaldo é formada em jornalismo pela UniverCidade e em letras pela UFF. Mestra e doutoranda em Letras: Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio, atua como jornalista especializada em música desde 1999. Trabalhou e colaborou como repórter e editora nosjornais (e seus respectivos sites) Extra e O Globo, na revista Rolling Stone e em diversos outros veículos. 

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Nenhum de Nós –
A Obra Inteira de uma Vida 

Marcelo Ferla 

270 Páginas – 2016 

Editora: Belas Letras 


Acho que era outubro de 86. Ali começava uma história que continua até hoje. E só parece melhorar. Uma história sobre três garotos sem os braços tatuados, nerds e amigos de colégio, que amavam música, sonhavam em formar uma banda de rock e subiam em um palco juntos pela primeira vez. Um líder nato de voz potente, um gordinho simpático e um magrão que lembrava personagem de novela. Os três tinham muito em comum: nenhum de nós enxerga bem; nenhum de nós serviu no quartel; nenhum de nós repetiu na escola. Logo o trio virou o clube dos cinco, superou algumas dificuldades, atravessou o escuro deserto do céu, e hoje, comemorando 30 anos, soma mais de 2 mil shows e fãs por todo o Brasil. O jornalista Marcelo Ferla conta aqui A obra inteira de uma vida, a história do Nenhum de Nós, de três amigos de escola, que conseguiram levar bem longe o sonho de tocar em uma banda de rock. [Texto da contracapa do livro] 

‘O tempo passa e nem tudo fica 
A obra inteira de uma vida 
O que se move e 
O que nunca vai se mover...’ 

O jornalista Marcelo Ferla traz nesta biografia da banda gaúcha Nenhum de Nós, celebrando seus 30 anos de estrada, histórias da banda, dos primeiros shows, das gravações dos álbuns, das parcerias, da formação da banda, curiosidades sobre os hits como Camila Camila, O Astronauta de Mármore e People Are, as misturas do rock com músicas regionais, até as histórias mais recentes. O livro se divide em 13 capítulos que são intitulados com nomes de filmes, tais como: ‘Conta comigo, ‘O Clube dos Cinco’, ‘Dança com Lobos’, ‘De volta para o Futuro’... e traz também um encarte com fotos no final do livro. Uma obra bem caprichada no visual e no conteúdo. Um presente para os fãs. Muito bom livro. 

Trechos: 
_” Um ano depois , David Bowie subiu ao palco da casa de espetáculos Olympia em São Paulo, abriu o show com ‘Life on Mars’, emendou ‘Space Odity’ e apenas depois da segunda música , dirigiu-se a plateia. Disse feliz ‘estar aqui’ em português e, de volta ao vetusto sotaque britânico, agradeceu aos presentes que tinha ganhado dos brasileiros. Antes dos primeiros acordes de ‘Starman’, ele anunciou: 
- Esta é a música que vocês conhecem em português.” – p. 37 

- “Em 1985, o sonho de verão dos estudantes universitários Thedy, Carlão e Sady era comprar uma passagem para assistir o Rock in Rio , mas somente Sady pode ir ao festival. Seis anos depois, o trio de amigos de escola que tinha formado uma banda, lançado três discos e colocado duas músicas no topo da parada de sucesso , finalmente concretizava o sonho dos tempos de faculdade. Obviamente nenhum deles tinha inventado uma máquina do tempo que os levasse de volta para 1985 – aliás ano em que foi lançado o filme ‘De Volta para o Futuro’. O fato novo era a segunda edição do festival, marcada para começar no dia 18 e terminar no dia 27 de janeiro de 1991. Por outro lado eles não foram ao estádio do Maracanã apenas para assistir os grandes roqueiros da época. O Nenhum de Nós estava escalado para se apresentar no Rock in Rio 2.” – p. 158 

O autor: 
Marcelo Ferla é jornalista e radialista. Colabora e/ou colaborou para os jornais Folha de S. Paulo e Zero Hora, e para as revistas Rolling Stone, GQ, Criativa, Trip, Bizz, Quem, Superinteressante, National Geographic, entre outras. Foi gerente artístico das rádios Oi FM e Ipanema FM; editor de Repertório da revista Única (ed. Globo); editor-chefe das revistas Frente e DJ World; editor de música do jornal Zero Hora; divulgador da gravadora Warner Music. 

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