Ah! Os relógios
Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...
Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...
Mario Quintana
"Ah! Os relógios" foi publicado no livro A Cor do Invisível de 1989.
Este soneto de Mario Quintana, mostra-nos a importância da vida presente, marcando o tempo,
face a face a uma eternidade inexistente, "porque o tempo é uma invenção da morte".
Quando alguém for embora desta vida fugaz, não olhe o relógio, porque o tempo,
o tempo não para. O tempo, uma ilusão humana, se nós não existíssimos o tempo existiria?
Este soneto de Mario Quintana, mostra-nos a importância da vida presente, marcando o tempo,
face a face a uma eternidade inexistente, "porque o tempo é uma invenção da morte".
Quando alguém for embora desta vida fugaz, não olhe o relógio, porque o tempo,
o tempo não para. O tempo, uma ilusão humana, se nós não existíssimos o tempo existiria?
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"A morte é a libertação total: a morte é quando a gente pode, afinal,
estar deitado de sapatos".
Mario Quintana
Mario Quintana
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