Enquanto a Noite
Não Chega
Josué Guimarães
115 páginas
Editora: L&PM
Enquanto a noite não chega...,
enquanto a morte não vem...
O livro é de 1978.
É a história de uma cidade abandonada, em ruínas, cujo, os únicos moradores
são um casal de idosos e um coveiro. Conta também as memórias desse casal,
do Dom Eleutério e Dona Conceição, onde, eles já enterraram toda a família,
e durante a história, eles dialogam e ficam lembrando os velhos e bons tempos
vividos com a família. Conversas simples, mais com sentimentos verdadeiros.
O coveiro, Seu Teodoro, mantêm duas sepulturas abertas no cemitério,
à espera, de que o casal morra, e ele possa ir embora do lugarejo,
depois de cumprir o seu dever. O coveiro Teodoro, tem um bom relacionamento
com o casal, ele sempre vai à casa do casal durante as refeições, que são
parcas e econômicas. Eles economizam na alimentação para terem o que
comer nos próximos dias. Num desses dias eles ficam esperando a visita de
Seu Teodoro, que não acontece. Preocupados, eles rumam à casa do coveiro,
junto ao cemitério, para saberem o que possa ter acontecido, por qual razão
ele não compareceu no dia anterior.
Ao chegarem, acontece o inesperado...
Um final surpreendente.
O livro é dividido em 12 capítulos. Para ler de uma vez só. A história
te prende. O livro é sublime, tocante, de uma simplicidade e doçura
poética..., com uma narrativa bela e fluente.
Magnífico e insuperável ! Um dos melhores livros que já li. Já havia lido
outro livro de Josué Guimarães, “Depois do Último Trem”, - com enredo
parecido, por se tratar de cidades abandonadas, prestes a sumir do
mapa, e com temas como a morte e a passagem do tempo, permeando
a obra - que gostei muito, mas este, “Enquanto a Noite não Chega”,
é excelente, surpreendente pela sutileza como é narrado.
Trecho:
Perguntou se ainda tinham o suficiente para o mate de todos os dias; não
custava nada fazer uma espera na estrada, em geral deserta, na tentativa
de encontrar um viajante qualquer e pedir que arranjasse um pouco de
erva ou que a mandasse por um outro que viesse de torna-viagem. Só um
pouco de erva. A velhinha foi até o armário de portas envidraçadas, torceu a
chave e tirou lá de dentro uma grande lata quadrada. Depois de calcular a
quantidade pelo peso, recolocou-a no lugar e fechou novamente a porta.
– Tem menos de um quilo.
– Economizando bem a gente ainda tem erva para duas semanas.
*
Josué Marques Guimarães, nasceu em São Jerônimo (RS), em 7
de Janeiro de 1921, e faleceu em Porto Alegre (RS), em 23 de março
de 1986, vítima de câncer no intestino.
Além de escritor, foi ilustrador, jornalista e vereador.
Alguns de seus livros:
A Ferro e Fogo – Tempo de Solidão (1972)
A Ferro e Fogo II – Tempo de Guerra (1975)
É Tarde Para Saber(1977)
Os Tambores Silenciosos (1977)
Dona Anja (1978)
Camilo Mortágua (1980)
O Gato no Escuro (1982)
Um Corpo Estranho Entre Nós Dois (1983)
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