"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

domingo, 23 de dezembro de 2012

Dica de Leitura: Enquanto a Noite Não Chega


Enquanto a Noite
 Não Chega 

Josué Guimarães 

115 páginas 
Editora: L&PM 


Enquanto a noite não chega..., 
enquanto a morte não vem... 

O livro é de 1978. 


É a história de uma cidade abandonada, em ruínas, cujo, os únicos moradores 
são um casal de idosos e um coveiro. Conta também as memórias desse casal,
 do Dom Eleutério e Dona Conceição, onde, eles já enterraram toda a família, 
e durante a história, eles dialogam e ficam lembrando os velhos e bons tempos 
vividos com a família. Conversas simples, mais com sentimentos verdadeiros. 
O coveiro, Seu Teodoro, mantêm duas sepulturas abertas no cemitério, 
à espera, de que o casal morra, e ele possa ir embora do lugarejo, 
depois de cumprir o seu dever. O coveiro Teodoro, tem um bom relacionamento 
com o casal, ele sempre vai à casa do casal durante as refeições, que são 
parcas e econômicas. Eles economizam na alimentação para terem o que 
comer nos próximos dias. Num desses dias eles ficam esperando a visita de 
Seu Teodoro, que não acontece. Preocupados, eles rumam à casa do coveiro, 
junto ao cemitério, para saberem o que possa ter acontecido, por qual razão
 ele não compareceu no dia anterior. 
Ao chegarem, acontece o inesperado... 
Um final surpreendente. 

O livro é dividido em 12 capítulos. Para ler de uma vez só. A história
 te prende. O livro é sublime, tocante, de uma simplicidade e doçura 
poética..., com uma narrativa bela e fluente.
Magnífico e insuperável ! Um dos melhores livros que já li. Já havia lido 
outro livro de Josué Guimarães, “Depois do Último Trem”, - com enredo 
parecido, por se tratar de cidades abandonadas, prestes a sumir do
 mapa, e com temas como a morte e a passagem do tempo, permeando 
a obra - que gostei muito, mas este, “Enquanto a Noite não Chega”
é excelente, surpreendente pela sutileza como é narrado.

Trecho: 
Perguntou se ainda tinham o suficiente para o mate de todos os dias; não 
custava nada fazer uma espera na estrada, em geral deserta, na tentativa 
de encontrar um viajante qualquer e pedir que arranjasse um pouco de
 erva ou que a mandasse por um outro que viesse de torna-viagem. Só um 
pouco de erva. A velhinha foi até o armário de portas envidraçadas, torceu a 
chave e tirou lá de dentro uma grande lata quadrada. Depois de calcular a 
quantidade pelo peso, recolocou-a no lugar e fechou novamente a porta. 
– Tem menos de um quilo. 
– Economizando bem a gente ainda tem erva para duas semanas. 
*
Josué Marques Guimarães, nasceu em São Jerônimo (RS), em 7
 de Janeiro de 1921, e faleceu em Porto Alegre (RS), em 23 de março
 de 1986, vítima de câncer no intestino.
Além de escritor, foi ilustrador, jornalista e vereador. 

Alguns de seus livros: 
A Ferro e Fogo – Tempo de Solidão (1972) 
A Ferro e Fogo II – Tempo de Guerra (1975) 
É Tarde Para Saber(1977) 
Os Tambores Silenciosos (1977) 
Dona Anja (1978) 
Camilo Mortágua (1980) 
O Gato no Escuro (1982) 
Um Corpo Estranho Entre Nós Dois (1983)


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