R.I.P. - Saulo Ramos (1929 - 2013) e Paulo Vanzolini (1924 - 2013)
A primeira lágrima é para o escritor, jurista e ex-ministro Saulo Ramos,
falecido neste domingo(29/4), aos 83 anos. Ele tinha problemas cardíacos
e fazia hemodíalise regularmente. Saulo foi crítico contumaz de dispositivos
da Constituição de 1988 e defensor de reformas na Lei de Imprensa.
Ocupou o Ministério da Justiça no governo de José Sarney (1985-1990).
Em 2007, publicou o livro "Código da Vida" (Planeta), no qual narrou
episódios da vida política brasileira dos quais foi personagem ou
testemunha nos últimos 40 anos, como a renúncia de Jânio Quadros,
de quem foi oficial de gabinete em 1961. Foi enterrado hoje, em sua
cidade natal, Brodowski-SP, terra natal também do grande pintor
brasileiro Cândido Portinari, de quem foi amigo.
***
A outra, vai para o zoólogo e compositor Paulo Emílio Vanzolini.
Vanzolini foi autor de famosas canções como "Ronda", "Volta por Cima",
"Praça Clóvis" e "Na Boca da Noite". Morreu também ontem, aos 89 anos,
por complicações decorrentes de uma pneumonia. Ele estava internado
desde a noite da última quinta (25) - seu aniversário - na UTI do
hospital Albert Einstein, em São Paulo. Foi enterrado no Cemitério da
Consolação, em São Paulo, cidade da qual era natural.
Consolação, em São Paulo, cidade da qual era natural.
Aos 18 anos, entrou na Faculdade de Medicina da USP, em 1942, e
passou a frequentar rodas paulistanas de samba. Antes mesmo de
concluir o curso universitário, ingressaria como pesquisador no Museu
de Zoologia. A medicina na USP, ele sempre disse, foi só um caminho
para facilitar a admissão no doutorado em zoologia em Harvard.
Poeta e cientista, além de ter contribuido com belas canções para a
MPB, Paulo também teve grande importância para a ciência.
Trata-se da chamada teoria dos refúgios, que o herpetólogo
(especialista em répteis e anfíbios) desenvolveu em parceria com o
geógrafo Aziz Ab'Sáber (1924-2012). A tese, formulada a partir do fim
dos anos 1960, afirma que o vaivém climático dos últimos milênios da
Era do Gelo teria funcionado como um gerador de espécies.
Sua trajetória científica está resumida no livro "Evolução ao nível de
espécie - Répteis da América do Sul", de 700 páginas, lançado em 2010
pela editora Beca, contendo 47 artigos publicados entre 1945 e 2004.
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