"Enquanto houver um poeta olhando a lua e um déspota no poder,
haverá música de protesto". - Aquiles Rique Reis
A música sempre foi utilizada como forma de “abrir os olhos da
humanidade” para as questões que afligem o mundo, como a
guerra, a discriminação, a opressão, a corrupção, etc...
Veja, 11 músicas desabafo da MPB:
11) É Proibido Proibir - Caetano Veloso
Trecho:
"...Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estátuas, as estantes
As vidraças, louças, livros, sim
Eu digo sim
Eu digo não ao não
Eu digo
É proibido proibir
É proibido proibir..."
"É proibido proibir" ficará como um marco de coragem, apesar de todo o ritual de proibições.
A frase ganhou mais força na letra do cantor baiano. Caetano foi coerente, não se dobrando às
imposições da direção do Festival Internacional da Canção, para que apresentasse a sua
canção sem uivos.
“...e eu digo sim, e eu digo não ao não, e eu digo é proibido proibir, é proibido proibir...”
Caetano foi vaiado, não conseguiu levar a música até o fim. Então trocou os versos pelo discurso:
“Mas é isso que é a juventude que quer tomar o poder? Nós tivemos coragem de entrar em todas
as estruturas e sair de todas. E vocês? Se vocês forem como são em estética, estamos feitos.
E, quanto ao júri, é muito simpático, mas é incompetente”.
10) Calabouço - Sérgio Ricardo
Trecho:
"Olho aberto ouvido atento
E a cabeça no lugar
Cala a boca moço, cala a boca moço
Do canto da boca escorre
Metade do meu cantar
Cala a boca moço, cala a boca moço
Eis o lixo do meu canto
Que é permitido escutar
Cala a boca moço. Fala!
Olha o vazio nas almas
Olha um violeiro de alma vazia"
Essa letra foi escrita inspirada em Edson Luis, estudante secundarista assassinado
pelos militares no restaurante Calabouço, no dia 28 de março de 1968.
09) Pesadelo - MPB 4
Compositores: Paulo César Pineiro e Maurício Tapajós
Trecho:
"Você corta um verso, eu escrevo outro
Você me prende vivo, eu escapo morto
De repente olha eu de novo
Perturbando a paz, exigindo troco
Vamos por aí eu e meu cachorro
Olha um verso, olha o outro
Olha o velho, olha o moço chegando
Que medo você tem de nós, olha aí..."
Era o auge da ditadura e Pinheiro vivia às voltas com a estupidez dos censores.
Um dia resolveu radicalizar e escreveu uma letra, para música de Maurício Tapajós,
sem metáforas, direta ao ponto:
"Você corta um verso/ eu escrevo outro/ Você me prende vivo, eu escapo morto".
08) Imposto - Djavan
Trecho:
"IPVA, IPTU
CPMF forever
É tanto imposto
Que eu já nem sei!...
ISS, ICMS
PIS e COFINS, pra nada...
Integração Social, aonde?
Só se for no carnaval"
O cantor e compositor Djavan fez essa canção, para criticar a excessiva carga
tributária brasileira. Em uma entrevista, Djavan explica o tema político, pouco presente
em suas músicas e diz: "Eu também cansei!"
07) Opinião - Zé Kéti
Trecho:
"Podem me prender
Podem me bater
Podem, até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro
Eu não saio, não..."
A música foi composta como desafio às autoridades que desejavam remover
as favelas do Rio de Janeiro. O samba foi utilizado como um grito de
contestação ao regime ditatorial da época.
06) É - Gonzaguinha
Trecho:
..."É
a gente quer viver pleno direito
a gente quer é ter todo respeito
a gente quer viver numa nação
a gente quer é ser um cidadão."
A música expressa claramente o desejo de ser tratado como cidadão, usufruindo plenamente
os seu direitos: saúde, trabalho digno, ter o necessário para viver dignamente sem mendigar
aos outros o que deve ser dado por direito.
05) Nos Barracos da Cidade - Gilberto Gil
Compositores: Gilberto Gil e Liminha
Trecho:
..."E o governador promete
Só promete na eleição
Mas o sistema diz não
Os lucros são muito grandes e ninguém quer abrir mão
E mesmo uma pequena parte já seria a solução
Mas a launzura dessa gente já virou um aleijão
Gente estúpida!
Gente hipócrita!..."
A música é um estudo das condições sub-humanas de moradia por que passa uma
grande parcela da sociedade brasileira. E fala também das promessas do governante
que são inócuas, frente o sistema que diz não, mesmo porque que os lucros são
muitos grandes e ninguém quer abrir mão, embora sabendo que uma pequena parte
já seria a solução.
4) Apesar de Você - Chico Buarque
Trecho:
"Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão"
A música composta por Chico Buarque em 1970, durante o difícil período do governo
Médici. Tornou-se uma forma de expressão contra o governo. A música veio como
um desabafo, onde o compositor demonstra todo o medo e tristeza impressos nas
pessoas que viviam dentro do clima de angústia gerado pela ditadura.
03) O Bêbado e a Equilibrista - Elis Regina
Compositores: Aldir Blanc e João Bosco
Trecho:
..."Mas sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança...
Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar..."
A música faz várias referências à então vigente ditadura e suas torturas e exílios,
tendo se tornado um verdadeiro hino de resistência. Composta em 1979, tornou-se um
símbolo da luta pela anistia. Pela volta dos exilados e pela abertura política do regime militar.
02) Cálice - Chico Buarque
e Milton Nascimento
e Milton Nascimento
Compositores: Chico Buarque e Gilberto Gil
Trecho:
"Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa"
“Cálice”, composta por Chico Buarque e Gilberto Gil em 1973, expõe a realidade do
regime militar nas entrelinhas. Com a intenção de informar, através da arte, sobre um
período marcado pela degradação humana, os autores utilizam o poder da palavra, aliado
criatividade artística, como instrumento de combate a uma outra forma de poder.
O verso “Pai, afasta de mim esse cálice” sintetiza uma súplica (que é coletiva apesar de
ser apresentada em primeira pessoa) por algo que se deseja ver longe ou que não exista.
01) Pra Não Dizer Que Não Falei
das Flores - Geraldo Vandré
Trecho:
"Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer"...
Verdadeiro hino da resistência do movimento civil e estudantil que fazia oposição
à ditadura militar. Representa as passeatas que reuniam, em sua maioria, jovens
que tinham consigo um desejo de mudança, ambições e sonhos, eram movidas a
cartazes de protestos, as vozes gritantes que entoavam hinos e músicas. Essa frase
também nos mostra que independente de crenças e idéias, as pessoas são iguais,
estando elas do mesmo lado ou não.
* * *
“Pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em covardes”. Abraham Lincoln
"Quem aceita o mal sem protestar, coopera com ele." Martin Luther King
Em breve, 11 Músicas Brasileiras de Protesto (Rock)
Fontes :
http://www.vagalume.com.br/
http://analisedeletras.com.br/
http://www.anpocs.org/
http://letras.mus.br/
http://www.paixaoeromance.com
http://peregrinoroberta.blogspot.com.br
http://www.orkut.com
http://www.intercom.org.br
https://pt.wikipedia.org
http://www.uol.com.br/
http://mpbsapiens.com
http://br.answers.yahoo.com/
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