"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Poesia a Qualquer Hora (127) - David Mourão-Ferreira

A Guerra

E tropeçavam todos nalgum vulto, 
quantos iam, febris, para morrer:

era o passado, o seu passado — um vulto 
de esfinge ou de mulher. 

Caíam como heróis os que não o eram, 
pesados de infortúnio e solidão. 
(Arma secreta em cada coração: 
a tortura de tudo o que perderam.) 

Inimigos não tinham a não ser 
aquela nostalgia que era deles. 
Mas lutavam!, sonâmbulos, imbeles, 
só na esp'rança de ver, de ver e ter 
de novo aquele vulto 
— imponderável e oculto — 
de esfinge, ou de mulher. 

David Mourão-Ferreira

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