12 Anos de
Escravidão
(Twelve Years a Slave)
Solomon Northup
230 páginas
Editora: Seoman /
Pensamento-Cultrix
Tradução: Drago
Neste livro conhecemos a história real de Solomon Northup,
cidadão norte-americano, casado e pai de 2 filhos, de Nova York,
um homem negro nascido livre, que foi enganado, sequestrado, drogado e
feito escravo por 12 anos. Deram até outro nome à ele: Platt. Na maior parte
deste tempo ele passou trabalhando em uma plantação de algodão, na Louisiana,
onde foi resgatado. Após seu resgate,
Northup escreveu a história de sua vida quando escravizado. Um relato único da
escravidão americana, redigido por um homem culto que viveu e vivenciou na pele
os infortúnios da escravidão, mesmo sendo um homem livre.
Solomon tinha vários talentos, além de violinista, ele
consertava e inventava várias coisas para melhorar sua vida de escravo e a de
seus companheiros de servidão. Inclusive se revelou grande escritor ao escrever
essas memórias, dando um caráter sentimental e real à sua história.
O livro é dividido em 22 capítulos. Solomon Northup com sua elaborada escrita
compartilhou com o mundo, parte da
história da escravidão, humilhação, maus-tratos e exploração a que viveu, relatando a bondade e a maldade, a crueldade e
a compaixão, nos seres humanos. Um grande e corajoso registro da vida escrava. Ele
foi um aliado contra a escravidão nos EUA.
*
Com certeza este livro foi um dos melhores livros que li até
hoje. Um grande livro. Estupendo relato de um homem livre que se tornou
escravo. Uma história densa, angustiante e comovente, que provoca indignação e
revolta por causa da brutalidade com que os senhores tratavam seus escravos.
Recomendo a todos esta obra, ela precisa ser lida, tanto
pelo fato de ser um obra literária excelente, quanto por tratar-se de um período histórico, o da
escravidão nos EUA.
Leitura obrigatória.
*
O livro foi adaptado para o cinema em 2014, com direção de
Steve McQueen. E no elenco: Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Benedict
Cumberbatch, Paul Dano e Lupita Nyong’o.
Teve 9 indicações para o Oscar, e venceu em três categorias: Melhor
Filme, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Roteiro Adaptado.
Trechos:
“Eu não podia compreender a justiça de uma lei ou uma
religião que apoiasse ou reconhecesse o princípio da escravidão; e nem uma
única vez – orgulho-me de dizer – deixei de aconselhar a quem tivesse vindo a
mim para que atentasse ao surgimento de uma oportunidade e se arrojasse à
liberdade.” – pág.: 17
- “Com certeza eles viriam à minha procura, e me livrariam
da servidão. Ai de mim! Até então, eu ainda não conhecera a medida da
“desumanidade do homem para com os seres humanos”; nem, tampouco, a ilimitada
extensão da maldade de que ele é capaz, por amor ao lucro.” - pág.: 32
- “No outono, eu deixei o trabalho na serraria e fui
empregado na clareira. Certo dia, a senhora insistia com Ford para que
arranjasse um tear, para que Sally pudesse começar a tecer e a confeccionar
roupas de inverno para os escravos. Ele não imaginava onde poderia encontrar um
tear, quando sugeri que a maneira mais simples de conseguir um seria fazê-lo,
informando-lhe, ao mesmo tempo, de que eu era uma espécie de ‘homem de sete
instrumentos’ e poderia tentar, se tivesse a sua permissão. A permissão foi-me
concedida mais do que rapidamente, e eu obtive licença para examinar um tear
que havia em uma fazenda vizinha, antes de lançar-me ao trabalho. Afinal, o
tear foi terminado e, segundo a opinião de Sally, ficou perfeito. (...) O
aparelho funcionou tão bem que fui incumbido de fazer mais teares, que foram
levados às outras plantações no palude.” – págs.: 72 e 73
- “Houve muitos momentos em minha desafortunada vida em que
a contemplação da morte como o fim dos meus sofrimentos terrenos – da sepultura
como um lugar de descanso para o meu corpo cansado e exaurido – pareceu-me uma
perspectiva agradável. Porém, tais contemplações desaparecem de vista nos
momentos de perigo real. Nenhum homem no auge de seu vigor, pode permanecer
impassível na presença do ‘rei dos temores’.
A vida é preciosa para qualquer criatura vivente: até mesmo o verme que
rasteja sobre a terra lutará por ela. Naquele momento, minha vida pareceu-me
preciosa, mesmo escravizado e ameaçado como eu me encontrava.” – pág.: 94
- “Minha cabana ficava a apenas alguns metros da margem do
rio, e, sendo a necessidade a verdadeira mãe da invenção, idealizei um modo de
obter a quantidade necessária de alimento sem o inconveniente de ter de me
aventurar na floresta, todas as noites. Tratava-se da confecção de uma
armadilha para peixes. Tendo concebido em minha mente a maneira de construí-la,
no domingo seguinte tratei de botar minha ideia em prática.” – pág.: 142
- “A existência da escravidão, em sua forma mais brutal,
entre eles, tem a tendência a embrutecer os sentimentos humanos mais refinados
de sua natureza. Ao testemunharem cotidianamente o sofrimento humano – ouvindo
aos gritos agonizantes dos escravos, assistindo-os contorcerem-se sob
chibatadas impiedosas, serem mordidos e dilacerados pelos cães, morrendo sem
atenção e sendo enterrados sem mortalha ou caixão -, não se poderia esperar senão
que eles se embrutecessem e se tornassem
indiferentes à vida humana. (...) Talvez haja senhores humanitários, tanto
quanto, certamente, há os desumanos. Talvez haja escravos bem vestidos, bem alimentados e felizes, assim
como há os maltrapilhos, mortos de fome e miseráveis. Não obstante, a
instituição que tolera o erro e a desumanidade, tal como eu testemunhei, é uma
instituição cruel, injusta e bárbara. Os homens podem escrever obras ficcionais
retratando a vida em sua forma mais baixa, tal como ela é, ou como ela não é;" (...) – págs.: 145 e 146
- “Ele olhava para os homens negros como se fossem meros
animais, não diferindo-os de quaisquer outros animais senão pelo dom da fala e
a posse de alguns instintos um tanto mais elevados – o que os tornava mais
valiosos. Que eles trabalhassem tal como as mulas de seu pai, que fossem
açoitados, chutados e castigados pela vida afora, que se dirigissem aos homens
brancos sempre com o chapéu nas mãos e os olhos fitando servilmente o chão era,
em sua mentalidade, o destino natural e próprio dos escravos. “ – pág.: 186
Na contracapa do livro:
“Eu não podia acreditar que nunca havia ouvido falar deste livro. Tão importante
quanto ‘O Diário de Anne Frank’, só que publicado cerca de cem anos antes. O
conteúdoifervilho em minha mente: o período épico, detalhes históricos,
perigos, horror e humanidade... Espero que meu filme possa chamar a atenção
para este importante relato de coragem. A bravura e a vida de solomon Northup
não merecem nada menos do que isso.”
– Steve McQueen, diretor do filme "12 Anos
de Escravidão"
Fica a Dica!
<<<<<< atualizando >>>>>>
Finalmente assisti o filme "12 Anos de Escravidão" na TV (TC Touch), depois de ter sido uma excelente leitura, pude ver a adaptação da obra. Muito bom o filme, com excelentes atuações e ótima direção. Emocionante, comovente e impactante como a obra literária.
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