"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Recomendo a Leitura: 12 Anos de Escravidão

12 Anos de 
Escravidão
(Twelve Years a Slave)

Solomon Northup

230 páginas 
Editora: Seoman / 
Pensamento-Cultrix
Tradução: Drago


Neste livro conhecemos a história real de Solomon Northup, cidadão norte-americano, casado e pai de 2 filhos,  de Nova York,  um homem negro nascido livre, que foi enganado, sequestrado, drogado e feito escravo por 12 anos. Deram até outro nome à ele: Platt. Na maior parte deste tempo ele passou trabalhando em uma plantação de algodão, na Louisiana, onde  foi resgatado. Após seu resgate, Northup escreveu a história de sua vida quando escravizado. Um relato único da escravidão americana, redigido por um homem culto que viveu e vivenciou na pele os infortúnios da escravidão, mesmo sendo um homem livre.
Solomon tinha vários talentos, além de violinista, ele consertava e inventava várias coisas para melhorar sua vida de escravo e a de seus companheiros de servidão. Inclusive se revelou grande escritor ao escrever essas memórias, dando um caráter sentimental e real à sua história.
O livro é dividido em 22 capítulos.  Solomon Northup com sua elaborada escrita compartilhou com o mundo, parte da  história da escravidão, humilhação, maus-tratos e exploração a que viveu,  relatando a bondade e a maldade, a crueldade e a compaixão, nos seres humanos. Um grande e corajoso registro da vida escrava. Ele foi um aliado contra a escravidão nos EUA.
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Com certeza este livro foi um dos melhores livros que li até hoje. Um grande livro. Estupendo relato de um homem livre que se tornou escravo. Uma história densa, angustiante e comovente, que provoca indignação e revolta por causa da brutalidade com que os senhores tratavam seus escravos.

Recomendo a todos esta obra, ela precisa ser lida, tanto pelo fato de ser um obra literária excelente, quanto por  tratar-se de um período histórico, o da escravidão nos EUA.

Leitura obrigatória.
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O livro foi adaptado para o cinema em 2014, com direção de Steve McQueen. E no elenco: Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Benedict Cumberbatch, Paul Dano e Lupita Nyong’o.  Teve 9 indicações para o Oscar, e venceu em três categorias: Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Roteiro Adaptado. 

Trechos:
“Eu não podia compreender a justiça de uma lei ou uma religião que apoiasse ou reconhecesse o princípio da escravidão; e nem uma única vez – orgulho-me de dizer – deixei de aconselhar a quem tivesse vindo a mim para que atentasse ao surgimento de uma oportunidade e se arrojasse à liberdade.” – pág.: 17

- “Com certeza eles viriam à minha procura, e me livrariam da servidão. Ai de mim! Até então, eu ainda não conhecera a medida da “desumanidade do homem para com os seres humanos”; nem, tampouco, a ilimitada extensão da maldade de que ele é capaz, por amor ao lucro.” - pág.: 32

- “No outono, eu deixei o trabalho na serraria e fui empregado na clareira. Certo dia, a senhora insistia com Ford para que arranjasse um tear, para que Sally pudesse começar a tecer e a confeccionar roupas de inverno para os escravos. Ele não imaginava onde poderia encontrar um tear, quando sugeri que a maneira mais simples de conseguir um seria fazê-lo, informando-lhe, ao mesmo tempo, de que eu era uma espécie de ‘homem de sete instrumentos’ e poderia tentar, se tivesse a sua permissão. A permissão foi-me concedida mais do que rapidamente, e eu obtive licença para examinar um tear que havia em uma fazenda vizinha, antes de lançar-me ao trabalho. Afinal, o tear foi terminado e, segundo a opinião de Sally, ficou perfeito. (...) O aparelho funcionou tão bem que fui incumbido de fazer mais teares, que foram levados às outras plantações no palude.” – págs.: 72 e 73

- “Houve muitos momentos em minha desafortunada vida em que a contemplação da morte como o fim dos meus sofrimentos terrenos – da sepultura como um lugar de descanso para o meu corpo cansado e exaurido – pareceu-me uma perspectiva agradável. Porém, tais contemplações desaparecem de vista nos momentos de perigo real. Nenhum homem no auge de seu vigor, pode permanecer impassível na presença do ‘rei dos temores’.  A vida é preciosa para qualquer criatura vivente: até mesmo o verme que rasteja sobre a terra lutará por ela. Naquele momento, minha vida pareceu-me preciosa, mesmo escravizado e ameaçado como eu me encontrava.” – pág.: 94

- “Minha cabana ficava a apenas alguns metros da margem do rio, e, sendo a necessidade a verdadeira mãe da invenção, idealizei um modo de obter a quantidade necessária de alimento sem o inconveniente de ter de me aventurar na floresta, todas as noites. Tratava-se da confecção de uma armadilha para peixes. Tendo concebido em minha mente a maneira de construí-la, no domingo seguinte tratei de botar minha ideia em prática.” – pág.: 142

- “A existência da escravidão, em sua forma mais brutal, entre eles, tem a tendência a embrutecer os sentimentos humanos mais refinados de sua natureza. Ao testemunharem cotidianamente o sofrimento humano – ouvindo aos gritos agonizantes dos escravos, assistindo-os contorcerem-se sob chibatadas impiedosas, serem mordidos e dilacerados pelos cães, morrendo sem atenção e sendo enterrados sem mortalha ou caixão -, não se poderia esperar senão que eles se embrutecessem  e se tornassem indiferentes à vida humana. (...) Talvez haja senhores humanitários, tanto quanto, certamente, há os desumanos. Talvez haja escravos bem  vestidos, bem alimentados e felizes, assim como há os maltrapilhos, mortos de fome e miseráveis. Não obstante, a instituição que tolera o erro e a desumanidade, tal como eu testemunhei, é uma instituição cruel, injusta e bárbara. Os homens podem escrever obras ficcionais retratando a vida em sua forma mais baixa, tal como ela é, ou como ela não é;" (...) – págs.: 145 e 146

- “Ele olhava para os homens negros como se fossem meros animais, não diferindo-os de quaisquer outros animais senão pelo dom da fala e a posse de alguns instintos um tanto mais elevados – o que os tornava mais valiosos. Que eles trabalhassem tal como as mulas de seu pai, que fossem açoitados, chutados e castigados pela vida afora, que se dirigissem aos homens brancos sempre com o chapéu nas mãos e os olhos fitando servilmente o chão era, em sua mentalidade, o destino natural e próprio dos escravos. “ – pág.: 186

Na contracapa do livro:
“Eu não podia acreditar que nunca havia  ouvido falar deste livro. Tão importante quanto ‘O Diário de Anne Frank’, só que publicado cerca de cem anos antes. O conteúdoifervilho em minha mente: o período épico, detalhes históricos, perigos, horror e humanidade... Espero que meu filme possa chamar a atenção para este importante relato de coragem. A bravura e a vida de solomon Northup não merecem nada menos do que isso.”
– Steve McQueen, diretor do filme "12 Anos de Escravidão"

Fica a Dica!

<<<<<< atualizando >>>>>>
Finalmente assisti o filme "12 Anos de Escravidão" na TV (TC Touch), depois de ter sido uma excelente leitura, pude ver a adaptação da obra. Muito bom o filme, com excelentes atuações e ótima direção. Emocionante, comovente e impactante como a obra literária. 

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