Sob o céu do deserto
O que escuto no fundo do poço?
A água que se move
ou a sombra que estagna o silêncio?
Há tantos poemas dentro de um mesmo poema.
O que escuto senão o eco de minha voz?
Meus olhos exploram a noctívaga vaga
e ouvem o ecoar de outras palavras
extintas.
Mistérios insondáveis que ouvimos
ao adormecer.
Abro o livro – tormenta – e afundo
os olhos nas constelações
que cobrem o deserto.
Sim, o deserto.
Terra por baixo e, por cima, o cosmo
a cintilar a perenidade dos céus.
Enquanto eu estiver aqui a olhar,
céu de mil estrelas,
me completo de luz e me ofusco
na profundidade do que vejo.
Paisagem que é música sem instrumentos,
voz sem palavras
a me confortar,
a me dizer o que nunca soube.
Meus lábios se movem e beijam
a boca do infinito,
onde infinitas canções me invadem
os ouvidos
e me atormentam o espírito.
Castos são os beijos sob o céu do deserto.
Theresa Christina Rocque da Motta
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