"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

A Estrada

A Estrada
(The Road)

Cormac McCarthy

Editora Alfaguara
234 páginas

Tradução: Adriana Lisboa


“McCarthy dá voz ao indizível (...) 
essa é uma arte que assusta e 
ao mesmo tempo inspira"
 The New York Times 


Livro vencedor do Prêmio Pulitzer de 2007



Um filho e um pai se unem e andam juntos, num mundo pós-apocalíptico, onde tudo está destruído. Tudo foi devastado, as cidades estão em ruínas, as florestas viraram cinzas e o céu está escuro por causa da fuligem. Eles não possuem nada, mas não desistem de caminhar, os dois solitários vão por uma estrada e rumam em direção à costa, pois o pai acha que a única chance de sobrevivência é irem até lá, sem saber o que encontrarão quando chegarem lá. Mas só resta esta esperança. Fugindo do forte frio, eles empurram um carrinho de supermercado com alguns cobertores velhos e sujos, um pouco de alimento e um revólver para se defenderem de pessoas violentas que andam em bandos pelos caminhos desolados. 

Mais que um relato apocalíptico, é interessante e comovente a profunda relação do pai com seu filho. ‘ Cada um o mundo inteiro do outro.’ É uma bela história, emocionante.

Espetacular e original a prosa de Cormac McCarthy; O livro não possui capítulos, mas é dividido em pequenos parágrafos, onde a história flui muito bem e prazerosa.

Muito bom o livro. Surpreendentemente triste, perturbador e angustiante.

O livro foi adaptado para o cinema em 2009, com direção de John Hillcoat e com Viggo Mortensen, Guy Pearce, Kodi Smit-McPhee, Charlize Theron e Robert Duvall no elenco. 

Filme completo:

Trechos: 
- “Beba um pouco.
Ele pegou a lata, bebeu e a devolveu. Você bebe, ele disse. Vamos ficar sentados aqui.
E porque eu nunca mais vou poder beber outra, não é?
Nunca mais é muito tempo.
Tudo bem, o menino disse.” – pag. 24

- “Para sempre é muito tempo.
Mas o menino sabia o que sabia. Que para sempre não é tempo algum.” – págs. 27 e 28

- “Ficaram de pé junto à margem mais afastada de um rio e chamaram-no.
Deuses esfarrapados caminhando recurvados em seus trapos pela desolação. Andando pelo solo seco de um mar mineral onde este jazia rachado e partido como um prato que tivesse caído no chão. Trilhas de fogo feroz na areia coagulada. Os vultos indistintos à distância. Ele acordou e ficou ali deitado na
escuridão.” – pag. 47

- “Rumaram para leste em meio às árvores mortas, ainda de pé. Passaram por uma velha casa de estrutura de madeira e cruzaram uma estrada de terra. Um pedaço de terreno limpo talvez outrora um jardim. Parando de tempos em tempos para tentar escutar. O sol invisível não projetava sombras. Eles chegaram à estrada inesperadamente e ele parou o menino com uma das mãos e eles se agacharam na vala da beira da estrada como leprosos e se puseram a escutar.
Nenhum vento. Silêncio absoluto. Depois de algum tempo ele se levantou e caminhou até a estrada. Olhou para o menino lá atrás. Venha, ele disse. O menino se aproximou e o homem apontou para as marcas nas cinzas por onde o caminhão tinha passado. O menino ficou de pé embrulhado no cobertor olhando para o chão.” – pag. 60

- “Os dias iam passando sem ser contados ou marcados em calendário. Pela rodovia interestadual à distância longas filas de carros carbonizados e enferrujados. Aros nus das rodas caídos numa espécie de lama dura e cinzenta de borracha derretida, em anéis enegrecidos de metal. Os cadáveres incinerados reduzidos ao tamanho de crianças e apoiados nas molas expostas dos assentos. Dez mil sonhos sepultados dentro de seus corações queimados. Seguiram em frente. Caminhando no mundo dos mortos como ratos numa esteira. As noites de um silêncio mortal e de uma escuridão ainda mais mortal. Tão frias. Mal conversavam. Ele tossia o tempo todo e o menino o observava cuspir sangue.
Seguindo em frente cada vez pior. Imundos, esfarrapados, sem esperanças. Ele parava e se apoiava no carrinho e o menino seguia em frente e então parava e olhava para trás, erguia os olhos cheios de lágrimas para vê-lo parado ali na estrada, fitando-o de algum futuro inimaginável, luzindo na desolação como um tabernáculo.” – pag. 223

O autor:
Cormac McCarthy nasceu em Rhode Island, em 20 de julho de 1933. É um escritor norte-americano. Na juventude serviu na Força Aérea dos Estados Unidos durante quatro anos, e estudou Artes na Universidade do Tennessee. É vencedor do National Book Award, do National Book Critics Circle Award e do Prêmio Pulitzer de Ficção 2007.
Em 40 anos de carreira literária, produziu nove romances, entre eles “Todos os Belos Cavalos”, “A Travessia”, “Meridiano de Sangue” e “Cidade das Planícies” e “Onde os Velhos Não Têm Vez”, este último foi lançado nos Estados Unidos em 2005, e depois adaptado para o cinema pelos irmãos Joel e Ethan Coen, em seu filme “Onde os Fracos Não Tem Vez”, lançado em 2007 e vencedor do prêmio Oscar de melhor filme, em 2008. Avesso a entrevistas, Cormac McCarthy gosta de manter sua privacidade.

Fica a Dica!

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