"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Poesia a Qualquer Hora (297) - Petrarca

Soneto CLXXXIX

Vai o meu barco, cheio só de olvido,
À meia noite, ao árduo mar, no inverno,
Entre Cila e Caríbdis; e ao governo
Vê-se o senhor, melhor: meu inimigo.

A cada remo um pensar atrevido
Parece rir à vaga e ao próprio averno:
Rompe as velas um vento úmido, eterno
De esperanças, desejos e gemidos.

Chuva de pranto, névoa de rancor
Afrouxa e banha os cabos extenuados,
De ignorância trançados e de error.

Foge-me o doce lume costumeiro,
Razão e engenho da onda são tragados;
E eis que do porto já me desespero.

Francesco Petrarca
[ Saiba + ]
(Traduções de Renato Suttana)

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