"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

11 Frases / Versos de Fernando Pessoa

:::. Hoje, 30/11/2015, 80 anos da morte de Fernando Pessoa .:::

Fernando Antônio Nogueira Pessoa foi um dos mais importantes 
escritores e poetas do modernismo em Portugal. Nasceu em Lisboa, 
em 13 de junho de 1888, e morreu em 30 de novembro de 1935, 
na mesma cidade, aos 47 anos, em consequência de uma 
cirrose hepática. Sua última frase foi escrita na cama do hospital,
 em inglês, com a data de 29 de Novembro de 1935: 
"I know not what tomorrow will bring" (Eu não sei o que o amanhã trará).

::: 11 frases do grande poeta Fernando Pessoa :::
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fernando Pessoa (1888 - 1935)

Frase para a Semana

" O desejo é a causa 
de todos os males. "
Epicuro
(341 a.C., Samos - 271 ou 270 a.C., Atenas)
Foi um filósofo grego do período helenístico.

sábado, 28 de novembro de 2015

Veja a Classificação Final do Brasileiro 2015 da Série B

O Campeonato Brasileiro da 2ª Divisão deste 
ano teve como campeão o Botafogo-RJ.
Além do Botafogo, mais 3 times subiram para a Série A 2016, 
são eles: Santa Cruz, Vitória e América-MG.
E 4 equipes foram rebaixadas à Série C:
Mogi Mirim, Boa Esporte, ABC e Macaé.
Veja a Classificação Final e principais artilheiros:
 
 

5 Links - # 155 >>>

Hoje, 1 Ano da Morte de Bolaños



"Eu Prefiro Morrer do que Perder a Vida" 
:-: Chaves

Trilha Sonora (215) - Nirvana

All Apologies
Nirvana
Compositor: Kurt Cobain
What else should I be?
All apologies
What else could I say?
Everyone is gay
What else could I write?
I don't have the right
What else should I be?
All apologies

In the sun
In the sun I feel as one
In the sun
In the sun
Married!
Buried!

I wish I was like you
Easily amused
Find my nest of salt
Everything is my fault
I'll take all the blame
Aqua seafoam shame
Sunburn, freezerburn
Choking on the ashes of her enemy

In the sun
In the sun I feel as one
In the sun
In the sun
Married, married, married!
Buried!
Yeah, yeah, yeah, yeah

All in all is all we are

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Poesia a Qualquer Hora (222) - Alda Lara

Rumo

É tempo, companheiro!


Caminhemos…
Longe, a Terra chama por nós,
e ninguém resiste à voz
Da Terra…

Nela,
O mesmo sol ardente nos queimou
a mesma lua triste nos acariciou,
e se tu és negro e eu sou branco,
a mesma Terra nos gerou!

Vamos, companheiro…
É tempo!

Que o meu coração
se abra à mágoa das tuas mágoas
e ao prazer dos teus prazeres
Irmão
Que as minhas mãos brancas se estendam
para estreitar com amor
as tuas longas mãos negras…
e o meu suor se junte ao teu
suor, quando rasgarmos os trilhos
de um mundo melhor!

Vamos!
que outro oceano nos inflama…
Ouves?
É a Terra que nos chama…
É tempo, companheiro!
Caminhemos…

Alda Lara

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

"Estado de Minas" usa música da Legião Urbana para contestar atual conjuntura

A capa da versão impressa do jornal Estado de Minas desta quinta-feira (26/11) trouxe a famosa canção da Legião Urbana, "Que país é este?", para ressaltar a insatisfação do veículo e dos brasileiros com a atual conjuntura – política, social e econômica – vivida pelo Brasil. 



De forma criativa, o jornal usou trechos da canção da banda para chamar atenção às principais notícias do país. A frase "No Senado" foi usada para comentar a prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS); "Sujeira pra todo lado" atentou para a lama de Mariana que chegou ao Rio Doce, no Espírito Santo; a frase "Que país é este?" foi usada como símbolo da insatisfação do veículo. 

"A capa, além de continuar destacando a maior tragédia ambiental da história, também representa tentativa de sintetizar uma indignação coletiva que vem de décadas e, infelizmente, continua cada vez mais atual", comentou o diretor de Redação do Estado de Minas, Carlos Marcelo Carvalho. 

Em poucas horas, a capa atingiu os Tranding Topics do Twitter e gerou comentários por parte dos internautas, que parabenizaram o trabalho do EM. No Facebook, a banda Jota Quest comentou a postagem da capa do jornal com trechos da música "Dias Melhores": "Vivemos esperando, dias melhores, dias de paz". 

(°> Via: Portal Imprensa >>>

"Legião Urbana, mais atual do que nunca."
"Será que ainda acreditamos no futuro da nação?"

Alguma Coisa Urgentemente, de João Gilberto Noll

Alguma Coisa Urgentemente
João Gilberto Noll

"Os primeiros anos de vida suscitaram em mim o gosto da aventura. O meu pai dizia não saber bem o porquê da existência e vivia mudando de trabalho, de mulher e de cidade. A característica mais marcante do meu pai era a sua rotatividade. Dizia-se filósofo sem livros, com uma única fortuna: o pensamento. Eu, no começo, achava meu pai tão-só um homem amargurado por ter sido abandonado por minha mãe quando eu era de colo. Morávamos então no alto da Rua Ramiro Barcelos, em Porto Alegre, meu pai me levava a passear todas manhãs na Praça Júlio de Castilhos e me ensinava os nomes das árvores, eu não gostava de ficar só nos nomes, gostava de saber as características de cada vegetal, a região de origem. Ele me dizia que o mundo não era só aquelas plantas, era também as pessoas que passavam e as que ficavam e que cada um tem o seu drama. Eu lhe pedia colo. Ele me dava e assobiava uma canção medieval que afirmava ser a sua preferida. No colo dele eu balbuciava uns pensamentos perigosos:

— Quando é que você vai morrer?

— Não vou te deixar sozinho, filho!

Falava-me com o olhar visivelmente emocionado e contava que antes me ensinaria a ler e escrever. Ele fazia questão de esquecer que eu sabia de tudo o que se passava com ele. Pra que ler? — eu lhe perguntava. Pra descrever a forma desta árvore — respondia-me um pouco irritado com minha pergunta. Mas logo se apaziguava.

— Quando você aprender a ler vai possuir de alguma forma todas as coisas, inclusive você mesmo.

No final de 1969 meu pai foi preso no interior do Paraná. (Dizem que passava armas a um grupo não sei de que espécie.) Tinha na época uma casa de caça e pesca em Ponta Grossa e já não me levava a passear.

No dia em que ele foi preso, eu fui arrastado para fora da loja por uma vizinha de pele muito clara, que me disse que eu ficaria uns dias na casa dela, que o meu pai iria viajar. Não acreditei em nada mas me fiz de crédulo como convinha a uma criança. Pois o que aconteceria se eu lhe dissesse que tudo aquilo era mentira? Como lidar com uma criança que sabe?

Puseram-me num colégio interno no interior de São Paulo. O padre-diretor me olhou e afirmou que lá eu seria feliz.

— Eu não gosto daqui.

— Você vai se acostumar e até gostar.

Os colegas me ensinaram a jogar futebol, a me masturbar e a roubar a comida dos padres. Eu ficava de pau duro e mostrava aos colegas. Mostrava as maçãs e os doces do roubo. Contava do meu pai. Um deles me odiava. O meu pai foi assassinado, me dizia ele com ódio nos olhos. O meu pai era bandido, ele contava espumando o coração.

Eu me calava. Pois se referir ao meu pai presumia um conhecimento que eu não tinha. Uma carta chegou dele. Mas o padre-diretor não me deixou lê-la, chamou-me no seu gabinete e contou que o meu pai ia bem.

— Ele vai bem.

Eu agradeci como normalmente fazia em qualquer contato com o padre-diretor e saí dizendo no mais silencioso de mim:

— Ele vai bem.

O menino que me odiava aproximou-se e falou que o pai dele tinha levado dezessete tiros.

Nas aulas de religião o padre Amâncio nos ensinava a rezar o terço e a repetir jaculatórias.

— Salve Maria! — ele exclamava a cada início de aula.

— Salve Maria! — os meninos respondiam em uníssono.

Quando cresci meu pai veio me buscar e ele estava sem um braço. O padre-diretor me perguntou:

— Você quer ir?

Olhei para meu pai e disse que eu já sabia ler e escrever.

— Então você saberá de tudo um dia — ele falou.

O menino que me odiava ficou na porta do colégio quando da nossa partida. Ele estava com o seu uniforme bem lavado e passado.

Na estrada para São Paulo paramos num restaurante. Eu pedi um conhaque e meu pai não se espantou. Lia um jornal.

Em São Paulo fomos para um quarto de pensão onde não recebíamos visitas.

— Vamos para o Rio — ele me comunicou sentado na cama e com o braço que lhe restava sobre as pernas.

No Rio fomos para um apartamento na Avenida Atlântica. De amigos , ele comentou. Mas embora o apartamento fosse bem mobiliado, ele vivia vazio.

— Eu quero saber — eu disse para o meu pai.

— Pode ser perigoso — ele respondeu.

E desliguei a televisão como se pronto para ouvir. Ele disse não. Ainda é cedo. E eu já tinha perdido a capacidade de chorar.

Eu procurei esquecer. Meu pai me pôs num colégio em Copacabana e comecei a crescer como tantos adolescentes do Rio. Comia a empregada do Alfredinho, um amigo do colégio, e, na praia, precisava sentar às vezes rapidamente porque era comum ficar de pau duro à passagem de alguém. Fingia então que observava o mar, a performance de algum surfista.

Não gostava de constatar o quanto me atormentavam algumas coisas. Até meu pai desaparecer novamente. Fiquei sozinho no apartamento da Avenida Atlântica sem que ninguém tomasse conhecimento. E eu já tinha me acostumado com o mistério daquele apartamento. Já não queria saber a quem pertencia, porque vivia vazio. O segredo alimentava o meu silêncio. E eu precisava desse silêncio para continuar ali. Ah, me esqueci de dizer que meu pai tinha deixado algum dinheiro no cofre. Esse dinheiro foi o suficiente para sete meses. Gastava pouco e procurava não pensar no que aconteceria quando ele acabasse. Sabia que estava sozinho, com o único dinheiro acabando, mas era preciso preservar aquele ar folgado dos garotos da minha idade, falsificar a assinatura do meu pai sem remorsos a cada exigência do colégio.

Eu não dava bola para a limpeza do apartamento. Ele estava bem sujo. Mas eu ficava tão pouco em casa que não dava importância à sujeira, aos lençóis encardidos. Tinha bons amigos no colégio, duas ou três amigas que me deixavam a mão livre para passá-la onde eu bem entendesse.

Mas o dinheiro tinha acabado e eu estava caminhando pela Avenida Nossa Senhora de Copacabana tarde da noite, quando notei um grupo de garotões parados na esquina da Barão de Ipanema, encostados num carro e enrolando um baseado. Quando passei, eles me ofereceram. Um tapinha? Eu aceitei. Um deles me disse olha ali, não perde essa, cara! Olhei para onde ele tinha apontado e vi um Mercedes parado na esquina com um homem de uns trinta anos dentro. Vai lá, eles me empurraram. E eu fui.

— Quer entrar? — o homem me disse.

Eu manjei tudo e pensei que estava sem dinheiro.

— Trezentas pratas — falei.

Ele abriu a porta e disse entra, o carro subiu a Niemeyer, não havia ninguém no morro em que o homem parou. Uma fita tocava acho que uma música clássica e o homem me disse que era de São Paulo. Me ofereceu cigarro, chiclete e começou a tirar a minha roupa. Eu pedi antes o dinheiro. Ele me deu as três notas de cem abertas, novinhas. E eu nu e o homem começando a pegar em mim, me mordia de ficar marca, quase me tira um pedaço da boca. Eu tinha um bom físico e isso excitava ele, deixava o homem louco. A fita tinha terminado e só se ouvia um grilo.

— Vamos — disse o homem ligando o carro.

Eu tinha gozado e precisei me limpar com a sunga.

No dia seguinte meu pai voltou, apareceu na porta muito magro, sem dois dentes. Resolvi contar:

— Eu ontem me prostituí, fui com um homem em troca de trezentas pratas.

Meu pai me olhou sem surpresas e disse que eu procurasse fazer outra história da minha vida. Ele então sentou-se e foi incisivo:

— Eu vim para morrer. A minha morte vai ser um pouco badalada pelos jornais, a polícia me odeia, há anos me procura. Vão te descobrir mas não dê uma única declaração, diga que não sabe de nada. O que e verdade.

— E se me torturarem? — perguntei.

— Você é menor e eles estão precisando evitar escândalos.

Eu fui para a janela pensando que ia chorar, mas só consegui ficar olhando o mar e sentir que precisava fazer alguma coisa urgentemente. Virei a cabeça e vi que meu pai dormia. Aliás, não foi bem isso o que pensei, pensei que ele já estivesse morto e fui correndo segurar o seu único pulso.

O pulso ainda tinha vida. Eu preciso fazer alguma coisa urgentemente, a minha cabeça martelava. É que eu não tinha gostado de ir com aquele homem na noite anterior, meu pai ia morrer e eu não tinha um puto centavo. De onde sairia a minha sobrevivência? Então pensei em denunciar meu pai para a polícia para ser recebido pelos jornais e ganhar casa e comida em algum orfanato, ou na casa de alguma família. Mas não, isso eu não fiz porque gostava do meu pai e não estava interessado em morar em orfanato ou com alguma família, e eu tinha pena do meu pai deitado ali no sofá, dormindo de tão fraco. Mas precisava me comunicar com alguém, contar o que estava acontecendo. Mas quem?

Comecei a faltar às aulas e ficava andando pela praia, pensando o que fazer com meu pai que ficava em casa dormindo, feio e velho. E eu não tinha arranjado mais um puto centavo. Ainda bem que tinha um amigo vendedor daquelas carrocinhas da Geneal que me quebrava o galho com um cachorro-quente. Eu dizia bota bastante mostarda, esquenta bem esse pão, mete molho. Ele obedecia como se me quisesse bem. Mas eu não conseguia contar para ele o que estava acontecendo comigo. Eu apenas comentava com ele a bunda das mulheres ou alguma cicatriz numa barriga. É cesariana, ele ensinava. E eu fingia que nunca tinha ouvido falar em cesariana, e aguçava seu prazer de ensinar o que era cesariana. Um dia ele me perguntou:

— Você tem quantos irmãos?

Eu respondi sete.

— O teu pai manda brasa, hein?

Fiquei pensando no que responder, talvez fosse a ocasião de contar tudo pra ele, admitir que eu precisava de ajuda. Mas o que um vendedor da Geneal poderia fazer por mim senão contar para a polícia? Então me calei e fui embora.

Quando cheguei em casa entendi de vez que meu pai era um moribundo. Ele já não acordava, tinha certos espasmos, engrolava a língua e eu assistia. O apartamento nessa época tinha um cheiro ruim, de coisa estragada. Mas dessa vez eu não fiquei assistindo e procurei ajudar o velho. Levantei a cabeça dele, botei um travesseiro embaixo e tentei conversar com ele.

— O que você está sentindo? — perguntei.

— Já não sinto nada — ele respondeu com uma dificuldade que metia medo.

— Dói?

— Já não sinto dor nenhuma.

De vez em quando lhe trazia um cachorro-quente que meu amigo da Geneal me dava, mas meu pai repelia qualquer coisa e expulsava os pedaços de pão e salsicha para o canto da boca. Numa dessas ocasiões em que eu limpava os restos de pão e salsicha da sua boca com um pano de prato a campainha tocou. A campainha tocou. Fui abrir a porta com muito medo, com o pano de prato ainda na mão. Era o Alfredinho.

— A diretora quer saber por que você nunca mais apareceu no colégio — ele perguntou.

Falei pra ele entrar e disse que eu estava doente, com a garganta inflamada, mas que eu voltaria pro colégio no dia seguinte porque já estava quase bom. Alfredinho sentiu o cheiro ruim da casa, tenho certeza, mas fez questão de não demonstrar nada.

Quando ele sentou no sofá e que eu notei como o sofá estava puído e que Alfredinho sentava nele com certo cuidado, como se o sofá fosse despencar debaixo da bunda, mas ele disfarçava e fazia que não notava nada de anormal, nem a barata que descia a parede à direita, nem os ruídos do meu pai que às vezes se debatia e gemia no quarto ao lado. Eu sentei na poltrona e fiquei falando tudo que me vinha à cabeça para distraí-lo dos ruídos do meu pai, da barata na parede, do puído do sofá, da sujeira e do cheiro do apartamento, falei que nos dias da doença eu lia na cama o dia inteiro umas revistinhas de sacanagem, eram dinamarquesas as tais revistinhas, e sabe como é que eu consegui essas revistinhas?, roubei no escritório do meu pai, estavam escondidas na gaveta da mesa dele, não te mostro porque emprestei pra um amigo meu, um sacana que trabalha numa carrocinha da Geneal aqui na praia, ele mostrou pra um amigo dele que bateu uma punheta com a revistinha na mão, tem uma mulher com as pernas assim e a câmera pega a foto bem daqui, bem daqui cara, ó como os caras tiraram a foto da mulher, ela assim e a câmera pega bem desse ângulo aqui, não é de bater uma punheta mesmo?, a câmera pertinho assim e a mulher nua e com as pernas desse jeito, não tou mentindo não cara, você vai ver, um dia você vai ver, só que agora a revistinha não tá comigo, por isso que eu digo que ficar doente de vez em quando é uma boa, eu o dia inteiro deitado na cama lendo revistinha de sacanagem, sem ninguém pra me aporrinhar com aula e trabalho de grupo, só eu e as minhas revistinhas, você precisava ver, cara, você também ia curtir ficar doente nessa de revistinha de sacanagem, ninguém pra me encher o saco, ninguém cara, ninguém.

Aí eu parei de falar e o Alfredinho me olhava como se eu estivesse falando coisas que assustassem ele, ficou me olhando com uma cara de babaca, meio assim desconfiado, e nem sei bem o que passou pela cabeça dele quando meu pai lá no quarto me chamou, era a primeira vez que meu pai me chamava pelo nome, eu mesmo levei um susto de ouvir meu pai me chamar pelo meu nome, e me levantei meio apavorado porque não queria que ninguém soubesse do meu pai, do meu segredo, da minha vida, eu queria que o Alfredinho fosse embora e que não voltasse nunca mais, então eu me levantei e disse que tinha que fazer uns negócios, e ele foi caminhando de costas em direção à porta, como se estivesse com medo de mim, e eu dizendo que amanhã eu vou aparecer no colégio, pode dizer pra diretora que amanhã eu converso com ela, e o meu pai me chamou de novo com sua voz de agonizante, o meu pai me chamava pela primeira vez pelo meu nome, e eu disse tchau até amanhã, e o Alfredinho disse tchau até amanhã, e eu continuava com o pano de prato na mão e fechei a porta bem ligeiro porque não agüentava mais o Alfredinho ali na minha frente não dizendo nem uma palavra, e fui correndo pro quarto e vi que o meu pai estava com os olhos duros olhando pra mim, e eu fiquei parado na porta do quarto pensando que eu precisava fazer alguma coisa urgentemente."

O conto acima foi publicado em “Romances e Contos Reunidos”, Cia. das Letras – São Paulo, 1997

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Frase para a Semana

"Quando os homens são 
éticos, as leis são
 desnecessárias; 
quando são corruptos, 
as leis são inúteis."
Disraeli
 (21 de dezembro de 1804 -19 de abril de 1881)
Foi um escritor e político britânico de origem judaica 
italiana e primeiro-ministro do Reino Unido.