Os amigos
No tabaco, no café, no vinho,
na beira da noite se levantam
como vozes que ao longe cantam
sem que se saiba o quê, pelo caminho.
De um só destino irmãos levianos e vizinhos,
dióscuros, sombras pálidas, me espantam
e as moscas de meus hábitos levantam
meu ser à tona entre os redemoinhos.
Os mortos falam mas ao pé do ouvido,
e os vivos são mão e tíbia e leito,
soma do que foi ganho e foi perdido.
Assim um dia no barco já assombrado,
de tanta ausência abrigará meu peito
a ternura que deles diz nomes e fado.
Julio Cortázar
(Tradução do poema: Fábio Malavoglia)
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