"Do seu esconderijo atrás do relógio, Hugo podia ver tudo.
Esfregava nervosamente os dedos no caderninho em seu bolso e dizia
a si mesmo para ter paciência. O velho na loja de brinquedos estava
discutindo com a menina. Ela devia ter a mesma idade de Hugo, e ele
frequentemente a via entrar na loja com um livro debaixo do braço e
desaparecer atrás do balcão. Hoje o velho parecia agitado. Será que
descobriu que alguns de seus brinquedos sumiram? Bem, já não era
possível fazer nada sobre isso agora.
Esfregava nervosamente os dedos no caderninho em seu bolso e dizia
a si mesmo para ter paciência. O velho na loja de brinquedos estava
discutindo com a menina. Ela devia ter a mesma idade de Hugo, e ele
frequentemente a via entrar na loja com um livro debaixo do braço e
desaparecer atrás do balcão. Hoje o velho parecia agitado. Será que
descobriu que alguns de seus brinquedos sumiram? Bem, já não era
possível fazer nada sobre isso agora.
Hugo precisava dos brinquedos. O velho e a menina discutiram um
pouco mais e, por fim, ela fechou o livro e saiu correndo. Felizmente,
em poucos minutos o velho tinha cruzado os braços sobre a barriga e
fechado os olhos. Hugo se arrastou através das paredes, saiu por
uma entrada de ventilação e disparou pelo corredor até alcançar a
loja de brinquedos. Nervoso, esfregou o caderninho mais uma vez e
então, cautelosamente, envolveu com a mão o brinquedo de
corda que desejava.
pouco mais e, por fim, ela fechou o livro e saiu correndo. Felizmente,
em poucos minutos o velho tinha cruzado os braços sobre a barriga e
fechado os olhos. Hugo se arrastou através das paredes, saiu por
uma entrada de ventilação e disparou pelo corredor até alcançar a
loja de brinquedos. Nervoso, esfregou o caderninho mais uma vez e
então, cautelosamente, envolveu com a mão o brinquedo de
corda que desejava.
Mas de repente houve um movimento dentro da loja, e o velho
adormecido voltou para a vida. Antes que Hugo pudesse correr, o
velho o agarrou pelo braço. O ratinho azul de corda que Hugo tinha
apanhado se soltou de sua mão, deslizou pelo balcão e caiu no
piso com um estalo.
adormecido voltou para a vida. Antes que Hugo pudesse correr, o
velho o agarrou pelo braço. O ratinho azul de corda que Hugo tinha
apanhado se soltou de sua mão, deslizou pelo balcão e caiu no
piso com um estalo.
— Ladrão! Ladrão! — gritou o velho para o corredor vazio.
— Alguém chame o inspetor da estação!
— Alguém chame o inspetor da estação!
A menção ao inspetor fez Hugo entrar em pânico.
Contorceu-se e tentou fugir, mas o velho apertava seu braço
com força e não deixava que ele escapasse.
Contorceu-se e tentou fugir, mas o velho apertava seu braço
com força e não deixava que ele escapasse.
— Até que enfim te peguei! Agora esvazie os bolsos.
Hugo rosnou feito um cachorro. Estava furioso consigo mesmo
por ter sido apanhado. O velho puxou ainda mais, até Hugo ficar
praticamente na ponta dos pés.
por ter sido apanhado. O velho puxou ainda mais, até Hugo ficar
praticamente na ponta dos pés.
— O senhor está me machucando!
— Esvazie os bolsos!
Relutante, Hugo tirou, um a um, dezenas de objeto dos bolsos:
parafusos, pregos e lascas de metal, porcas e cartas de baralho
amassadas, pecinhas de relojoaria e rodas dentadas. Mostrou
uma caixa de fósforos esmagada e algumas velinhas.
parafusos, pregos e lascas de metal, porcas e cartas de baralho
amassadas, pecinhas de relojoaria e rodas dentadas. Mostrou
uma caixa de fósforos esmagada e algumas velinhas.
— Falta um bolso ainda… — disse o velho.
— Não tem nada nele!
— Então coloque ele do avesso.
— Não estou com nada seu! Me solte!
— Onde está o inspetor? — gritou o velho mais uma vez para o corredor.
— Por que ele nunca vem quando é preciso?
— Por que ele nunca vem quando é preciso?
Se o inspetor da estação aparecesse, com seu uniforme verde,
no final do corredor, Hugo sabia que tudo estaria acabado.
O menino se debateu contra o velho, mas em vão.
Por fim, Hugo enfiou a mão trêmula no bolso e de lá tirou seu
caderninho de papelão surrado. A capa estava lisa de tão esfregada.
no final do corredor, Hugo sabia que tudo estaria acabado.
O menino se debateu contra o velho, mas em vão.
Por fim, Hugo enfiou a mão trêmula no bolso e de lá tirou seu
caderninho de papelão surrado. A capa estava lisa de tão esfregada.
Sem relaxar o aperto no braço do menino, o velho agarrou o
caderninho, levou-o para longe do alcance de Hugo, abriu e o folheou.
Uma página chamou sua atenção.
caderninho, levou-o para longe do alcance de Hugo, abriu e o folheou.
Uma página chamou sua atenção.
— Me devolve isso! É meu! — gritou Hugo.
— Fantasmas… — murmurou o velho para si mesmo.
— Eu sabia que mais cedo ou mais tarde eles me achariam aqui.
Fechou o caderninho. A expressão em seu rosto mudava
rapidamente, de medo para tristeza, de tristeza para raiva.
Fechou o caderninho. A expressão em seu rosto mudava
rapidamente, de medo para tristeza, de tristeza para raiva.
— Quem é você, garoto? Foi você que fez esses desenhos?
Hugo não respondeu.
— Eu perguntei: foi você que fez esses desenhos?
Hugo rosnou novamente e cuspiu no chão.
— De quem você roubou esse caderno?
— Não roubei.
O velho grunhiu e, com um safanão, soltou o braço de Hugo.
— Me deixe em paz, então! Fique longe de mim e da minha loja.
Hugo esfregou o braço e deu um passo atrás, esmagando sem
querer o rato de corda que tinha caído no chão. O velho se arrepiou
ao som do brinquedo sendo quebrado.
querer o rato de corda que tinha caído no chão. O velho se arrepiou
ao som do brinquedo sendo quebrado.
Hugo apanhou as peças fragmentadas e as colocou sobre o balcão.
— Não vou embora sem o meu caderno.
— Não é mais o seu caderno. É meu, e vou fazer com ele o que
eu quiser. O velho balançou no ar a caixa de fósforos de Hugo.
eu quiser. O velho balançou no ar a caixa de fósforos de Hugo.
— Talvez eu ponha fogo nele!
— Não!
O velho recolheu tudo que caíra dos bolsos de Hugo,
incluindo o caderninho. Colocou tudo num lenço, deu
um nó e o cobriu com as mãos.
incluindo o caderninho. Colocou tudo num lenço, deu
um nó e o cobriu com as mãos.
— Então me fale dos desenhos. Quem fez?
Hugo nada disse. O velho deu um soco com o punho no
balcão, fazendo tremer todos os brinquedos.
balcão, fazendo tremer todos os brinquedos.
— Saia já daqui, seu ladrãozinho!
— O senhor é o ladrão! — gritou Hugo enquanto se virava e saía
correndo. O velho gritou alguma coisa atrás dele, mas tudo o que
Hugo ouvia era o toque-toque de seus sapatos ecoando
pelas paredes da estação."
correndo. O velho gritou alguma coisa atrás dele, mas tudo o que
Hugo ouvia era o toque-toque de seus sapatos ecoando
pelas paredes da estação."
Brian Selznick, em "A Invenção de Hugo Cabret"
530 páginas, Editora SM.
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