Utopia é a ideia de civilização ideal, fantástica, imaginária. É um sistema ou plano que parece irrealizável, é uma fantasia, um devaneio, uma ilusão, um sonho. Do grego “ou+topos” que significa “lugar que não existe”.
No sentido geral, o termo é usado para denominar construções imaginárias de sociedades perfeitas, de acordo com os princípios filosóficos de seus idealizadores. No sentido mais limitado, significa toda doutrina social que aspira a uma transformação da ordem social existente, de acordo com os interesses de determinados grupos ou classes sociais.
Utopia foi um país imaginário, criação de Thomas Morus, escritor inglês (1480-1535), onde um governo, organizado da melhor maneira, proporciona ótimas condições de vida a um povo equilibrado e feliz.
Para Thomas More, utopia era uma sociedade organizada de forma racional, as casas e bens seriam de todas as pessoas, que passariam seu tempo livre envolvidos com leitura e arte, não seriam enviados para a guerra, a não ser em caso extremo, assim esta sociedade viveria em paz e em plena harmonia de interesses.
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Distopia
Em Filosofia, através da mesma raiz etimológica surge o termo distopia (ou antiutopia) como o oposto de utopia. A distopia é um pensamento filosófico que caracteriza uma sociedade imaginária controlada pelo Estado ou por outros meios extremos de opressão, criando condições de vida insuportáveis aos indivíduos. Normalmente tem como base a realidade da sociedade atual idealizada em condições extremas no futuro.
Alguns traços característicos da sociedade distópica são: poder político totalitário, mantido por uma minoria; privação extrema e desespero de um povo que tende a se tornar corruptível.
Os romances "1984" de George Orwell (1903-1950) e "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley (1894-1963) são exemplos de ficções distópicas. No cinema, o filme V de Vingança apresenta uma sociedade distópica, brutalmente constrangida por um regime totalitarista.
Quem já conversou com um índio, assim um papo aberto, sobre futebol, religião, amor...? A primeira idéia que nos vem é da impossibilidade deste diálogo, risos, preconceitos, talvez. O que dizer então da visão dos estrangeiros, que pensam que andamos nus, atiramos em capivaras com flechas envenenadas e dançamos literalmente a dança da chuva pintados com urucu na Praça da Sé ou na Avenida Paulista?
Pois na minha escola no ano de 1995 ocorreu a matrícula de um índio. Um genuíno adolescente pataxó.
A funcionária da secretaria não conseguiu esconder o espanto quando na manhã de segunda-feira abriu preguiçosamente a portinhola e deparou-se com um pataxó sem camisa com o umbigo preto para fora, dois penachos brancos na cabeça e a senha número "um" na mão, que sem delongas disse:
– Vim matricular meu filho.
E foi o que ocorreu, preenchidos os papéis, apresentados os documentos, fotografias, certidões, transferências, alvarás, licenças etc. A notícia subiu e desceu rapidamente os corredores do colégio, atravessou as ruas do bairro, transpôs a sala dos professores e chegou à sala da diretora, que levantou e, em brado forte e retumbante, proclamou:
– Mas é um índio mesmo?
Era um índio mesmo. O desespero tomou a alma da pobre mulher; andava de um lado para o outro, olhava a ficha do novo aluno silvícola, ia até os professores, chamava dois ou três, contava-lhes, voltava à sala, ligava para outros diretores pedindo auxílio, até que teve uma idéia: pesquisaria na biblioteca. Chegando lá, revirou Leis, Decretos, Portarias, Tratados, o Atlas, Mapas históricos e nada. Curiosa com a situação, a funcionária questionou: – qual o problema para tanto barulho?
– Precisamos ver se podemos matricular um índio; ele tem proteção federal, não sabemos que língua fala, seus costumes, se pode viver fora da reserva; enfim, precisamos de amparo legal. E se ele resolver vir nu estudar, será que podemos impedir?
Passam os dias e enfim chega o primeiro dia de aula, a vinda do índio já era notícia corrente, foi amplamente divulgada pelo jornal do bairro, pelas comadres nos portões, pelo japonês tomateiro da feira, pelos aposentados da praça, não se falava noutra coisa. Uma multidão aguardava em frente da escola a chegada do índio, pelas frestas da janela, que dava para o portão principal, em cima das cadeiras e da mesa, disputavam uma melhor visão os professores – sem nenhuma falta –, a diretora, a supervisora de ensino e o delegado.
O porteiro abriu o portão – sem que ninguém entrasse – e fitou ao longe o final da avenida; surgiu entre a poeira e o derreter do asfalto um fusca, pneus baixos, rebaixado, parou em frente da escola, o rádio foi desligado, tal o silêncio da multidão que se ouviu o rangido da porta abrir, desceu um menino roliço, chicletes, boné do Chicago Bulls, tênis Reebok, calça jeans, camiseta, walkman nas orelhas, andou até o porteiro e perguntou:
Tradução: Francisco Machado Vila e Leonel Vallandro
Editora Abril – Grandes Sucessos - 1980
Fugindo da guerra, um grupo de homens e mulheres é sequestrado para Shangri-Lá, aldeia encantada localizada num longínqua montanha no Tibete. Surge um mundo soberbo, paradisíaco, onde a dor, a velhice e a morte assumem novos significados. Uma civilização mística onde a vida caminha livre e tranquila em busca de um ideal de paz e sabedoria. [Texto da contracapa]
Horizonte Perdido, é um romance publicado em 1933, do autor britânico James Hilton. É uma história utópica, insólita e incomum. Quatro pessoas - Miss Roberta Brinklow, Henry Barnard, Hugh Conway e Charles Mallinson - vão parar numa aldeia denominada Shangri-Lá, - escondida nas montanhas do Tibete. De acesso quase impossível, lá se encontra um mosteiro, onde habitam pessoas que vivem em idades avançadas, inclusive o Lama Superior, que é quem comanda o lugar. Pressentindo sua morte ele escolhe um entre estes quatros, para ser o seu sucessor e novo líder do lugar misterioso. Lá as pessoas que vivem, partem da premissa do uso da moderação em tudo que fazem, sejam nas atitudes e nas atividades. Um refúgio para conhecer a você mesmo, buscando paz e tranquilidade para uma vida longa.
É este o ‘Horizonte Perdido’, Shangri-Lá, um lugar ideal, terra de saúde, felicidade e harmonia, onde reina a paz e a sabedoria.
Um ótimo livro de suspense, enigmático e filosófico.
O romance foi adaptado duas vezes para o cinema, em 1937 com direção de Frank Capra, e, em 1973, com direção de Charles Jarrott.
- “O principal artigo de fé é a moderação. Preconize a virtude de evitar excessos de toda sorte, incluindo, com perdão do paradoxo, o próprio excesso de virtude.” – págs: 83 e 84
- “... quem dedica culto aos heróis deve estar preparado para as desilusões.” – p. 174
O autor:
Nasceu em Leigh, Lancashire, Inglaterra, a 9 de setembro de 1900, e morreu em Long Beach, Califórnia, EUA, a 20 de dezembro de 1954. Escreveu romances e roteiros para o cinema. Outros livros: E Agora Adeus (1931), Adeus Mr. Chips (1934) e Aquele Dia Inesquecível (1945).
Kino hesitou um momento. Aquele médico não era da sua raça. Era de uma raça que havia quase quatrocentos anos batia, esfomeava, roubava e desprezava a raça de Kino, apavorando-o também de tal modo que era humildemente que o indígena chegava àquela porta. E, como sempre que se aproximava de alguém daquela raça, Kino sentia ao mesmo tempo fraqueza, medo e cólera. A cólera e o terror se juntavam. Podia com mais facilidade matar o médico do que falar com ele, porque todos os homens da raça do médico falavam com todos os homens da raça de Kino como se fossem simples animais. E, quando Kino levantou a mão direita para bater com a argola de ferro no portão, a raiva cresceu dentro dele, a música violenta do inimigo lhe martelou os ouvidos e os lábios se apertaram contra os dentes — mas com a mão esquerda tirou o chapéu. A argola de ferro da aldrava bateu no portão. Kino tirou o chapéu e ficou esperando.
Coyotito gemeu um pouco nos braços de Juana e ela falou suavemente com ele. A gente do cortejo chegou mais perto para melhor ver e ouvir. Um momento depois, o grande portão se abriu alguns centímetros. Kino pôde ver a verde frescura do jardim e a água que caía de uma fonte através do portão entreaberto. O homem que olhava para ele era da sua raça. Kino falou com ele na língua antiga.
—O menino — o primeiro filho — foi envenenado pelo escorpião
— disse Kino. — Precisa do saber do curador.
O portão se fechou um pouco e o criado não quis falar na velha língua.
—Um momento — disse ele. — Vou falar pessoalmente.
Em seguida, fechou o portão e passou o ferrolho. O sol ofuscante lançava sobre o muro branco as compactas sombras pretas do povo. (...)
John Steinbeck, em "A Pérola" (The Pearl) - Editora Best Bolso / Record. Tradução: A.B. Pinheiro de Lemos
Os Trapalhões foi um programa humorístico brasileiro, criado por Wilton Franco e estrelado pelo grupo cômico de mesmo nome, composto por Didi, Dedé, Mussum e Zacarias; cada um desenvolveu uma persona cênica distinta. O grupo já obtinha sucesso na televisão e no cinema desde meados da década de 1960.
O programa estreou em março de 1977, antes do Fantástico. Exibido aos domingos, o programa apresentava uma sucessão de esquetes engraçadíssimas. Um dos maiores fenômenos de popularidade e audiência no Brasil em toda a história.
Personagens
Protagonistas
Didi Mocó (Renato Aragão): Um esperto cearense com linguajar e aparência bastante cômicos, e que poucas vezes terminava as cenas com má sorte ou como perdedor, tanto enfrentando inimigos como seus próprios três companheiros. Apesar de ser o líder do grupo, em certas cenas é considerado pelos seus três companheiros como o membro de menor importância. Era apelidado de "cardeal", "cearense", "cabecinha" ou "cabeça-chata", referindo-se à sua condição de retirante nordestino.
Dedé (Dedé Santana): Era o que agia com mais seriedade e considerado o cérebro do grupo, sendo uma espécie de "segundo no comando". Sua masculinidade era sempre ironizada por Didi, que criava apelidos como "Divino" e "rapaz alegre".
Mussum: Um bem-humorado negro carioca que tinha orgulho de dizer que era natural do Morro da Mangueira, uma favela do Rio de Janeiro. Possuía um linguajar bastante peculiar, sempre empregando o "is" no final de quase todas as palavras, criando assim os bordões "cacildis" e "forévis". Sua maior paixão é a cachaça, a qual ele chama de "mé" (ou "mel"). Devido ao fato de ser negro, era sempre alvo de piadas e apelidos, como ser chamado ironicamente de Maizena por Didi, ou mesmo "azulão", "Mumu da Mangueira" ou "cromado". Faleceu em 1994
Zacarias: Um tímido e baixinho mineiro com personalidade infantil e voz bastante fina, como a de uma criança. Por ser calvo, sempre usava uma peruca e entrava em desespero se esta fosse retirada de sua cabeça, revelando sua calvície. Faleceu em 1990
Coadjuvantes
O principal elenco de coadjuvantes, devido aos vários anos nos quais participaram do programa, era:
Carlos Kurt: um homem louro, às vezes barbudo, intimidador, alto e com olhos enormes, que frequentemente representava vilões, valentões e outros personagens inimigos dos Trapalhões. Era frequentemente apelidado por Didi como "bode louro", "alumão" (alemão) e "macarrão de hospital". Teve grande participação no programa durante a década de 80, ao contrário da década de 90. Faleceu em 2003.
Roberto Guilherme: um homem grande, obeso e calvo que, assim como Carlos Kurt, também se destacou no programa interpretando papéis antagonistas. Seu principal trabalho foi dar vida ao seu mais famoso personagem, o Sargento Pincel, que comandava os "soldados" Trapalhões num quartel de exército. Roberto continuou a interpretar seu personagem ao lado de Renato Aragão e Dedé Santana em Aventuras do Didi.
Dino Santana: irmão de Dedé Santana. Representava personagens anônimos e sem destaque, o que pode tornar difícil saber quem e como ele é. Foi coadjuvante não só no programa dos Trapalhões até o ano final (1993), mas também em alguns filmes do quarteto, como Os Trapalhões e o Mágico de Oróz, no qual representou o personagem Beato do deserto. Dino foi coadjuvante também no programa Dedé e o Comando Maluco, estrelado por seu irmão Dedé Santana. Faleceu em 2010.
Ted Boy Marino: um lutador de luta-livre com um cabelo bem similar ao do personagem He-Man e sotaque espanhol. Faleceu em 2012.
Tião Macalé: um dos mais famosos coadjuvantes. Um homem negro com um sorriso sem-dentes, que quase sempre encerrava suas participações nas cenas com a frase "Nojento!", frase que o fez famoso no Brasil. Faleceu em 1993.
Felipe Levy: outro homem obeso e calvo, frequentemente escolhido para interpretar papéis de chefia, não só nas cenas comuns mas também no quadro do quartel dos Trapalhões, onde atuava como coronel. Por ter pele muito branca e ter cavanhaque, era às vezes chamado de "queijo-com-barba" por Didi. Faleceu em 2008.
Jorge Lafond: um homem negro, alto e magro, com sua personagem travesti bem afetado. Participou principalmente dos quadros do quartel dos Trapalhões. Faleceu em 2003.
Redação:
Augusto César Vannuci, Carlos Alberto da Nóbrega, Adriano Stuart e Mário Wilson
Direção:
Augusto César Vannucci, Adriano Studart, Osvaldo Loureiro, Gracindo Junior, Paulo Araújo, Walter Lacet, Wilton Franco, José Lavigne, Fernando Gueiros, Maurício Sherman, Paulo Aragão Neto
Período de exibição: 13/03/1977-27/08/1995 Horário: aos domingos, 19h