"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

O Diário de Anne Frank

O Diário de
Anne Frank

Autora: Annelies Marie Frank

Org.: Otto Frank e Miram Pressler

Tradução: Alves Calado

Editora: Record – 349 páginas
Edição Definitiva)

O depoimento da pequena Anne Frank, morta pelos nazistas após passar anos escondida no sótão de uma casa em Amsterdã, ainda hoje emociona leitores no mundo inteiro. Seus diário narra os sentimentos, medos e pequenas alegrias de uma menina judia que, com sua família, lutou em vão para sobreviver ao Holocausto.

Lançado em 1947, O Diário de Anne Frank tronou-se um dos maiores sucessos editoriais de todos os tempos. Um livro tocante e importante que conta às novas gerações os horrores da perseguição aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Agora, seis décadas após ter sido escrito, este relato finalmente é publicado na íntegra, com um caderno de fotos e o resgate de trechos que permaneciam inéditos. Uma nova edição que aprofunda e aumenta nossa compreensão da vida e da personalidade dessa menina que se transformou em um dos grandes símbolos da luta contra a opressão e a injustiça. E consagra O Diário de Anne Frank como um dos livros de maior importância do século XX. Uma obra que deve ser lida por todos, para evitar que atrocidades parecidas voltem a acontecer neste mundo. [contracapa do livro]

Este comovente diário escrito por Annelies Marie Frank, entre 12 de junho de 1942 e 1º de agosto de 1944, traz à tona os relatos mais impressionantes das atrocidades e horrores cometidos contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Anne Frank, seus pais, sua irmã e mais quatro outros judeus, se refugiaram em um sótão de uma casa, durante a ocupação dos nazistas na Holanda. Anne escreve em seu diário sobre os momentos vividos neste esconderijo, chamado depois de “Anexo Secreto”, narra de forma singela os acontecimentos em torno da guerra, da rotina deste grupo confinado neste lugar; narra seus sonhos e suas preocupações, o cotidiano destas pessoas, suas desavenças e conflitos com sua mãe e a admiração e amizade com Peter van Daan. Um fascinante relato sobre a coragem e a fraqueza humana. 

Seu sonho era ser escritora, e com isso escreveu um dos trechos mais comoventes e emocionantes da história da humanidade. Com pouca experiência, tinha apenas 13 anos, quando se escondeu. Ela foi capaz de ser testemunha do ódio, da intolerância e do horror cometidos contra seu povo. Um verdadeiro documento histórico sobre as atrocidades nazistas na Segunda Guerra Mundial.

Anne em seu diário destinava seus escritos à amiga imaginária, chamada Kitty.

Em 4 de agosto de 1944, agentes da Gestapo descobriram os ocupantes, e todos forma levados para um campo de concentração. Em fevereiro de 1945, Anne Frank morreu de tifo, quando tinha 15 anos. 

Seu pai Otto Frank sobreviveu ao campo, e depois recebeu de Miep Gies, uma das funcionárias do escritório, o diário recolhido por ela. Em 1947, Otto resolveu publicar este diário. 

*
Excelente obra. Impressionante como Anne Frank evolui em seus escritos com o passar dos meses no esconderijo. 

Perturbador e vigoroso retrato de um período desonesto e injusto deste mundo. E Anne nunca perdeu sua fé e desacreditou de Deus.
Desenho baseado no "Diário de Anne Frank" - não encontra-se no livro

Trechos:
- “No amor e na guerra tudo é permitido.” – p. 25

- “Para mim as lembranças são mais importantes do que vestidos.” – p. 30

- “Ela, ao ver-me assim, já não saiu e começou a berrar, numa linguagem feia e vulgar como uma velha e gorda peixeira. Aquilo é que era um espetáculo divertido! Se eu soubesse desenhar, tinha-a eternizado naquela atitude; que modelozinho tão ridículo!
Uma coisa te vou dizer: se quiseres conhecer bem uma pessoa, tens de te zangar uma vez com ela. Só então é que podes julgá-la.” – p. 56

- "As crianças deste bairro andam com camisas finas e sapatos de madeira. Não têm casacos, nem capas, nem meias nem ninguém para ajuda-las. Mordendo uma cenoura para acalmar as dores da fome, saem de suas casas frias e andam pelas ruas até a salas de aula ainda mais frias. As coisas ficaram tão ruins na Holanda que hordas de crianças abordam os pedestres para implorar um pedaço de pão.” – p. 91

- "O Führer esteve falando com os soldados feridos. Nós ouvimos pelo rádio, e foi patético. As perguntasse as respostas eram do tipo: 

- Meu nome é Heinrich Scheppel.

- Onde foi ferido?

- Que tipo de ferimento é?

- Dois pés congelados e uma fratura no braço esquerdo.

Este é um relatório exato do abominável show de marionetes transmitido pelo rádio. Os feridos pareciam orgulhosos dos ferimentos – quanto mais, melhor. Um deles ficou tão empolgado com a ideia de apertar a mão (presumo que ele ainda tenha uma) do Führer que mal conseguiu dizer uma palavra." p. 101

- “As pessoas comuns não sabem o quanto os livros significam para alguém escondido. Nossas únicas diversões são ler, estudar e ouvir o rádio.” – p. 118

- “O espirito do homem é grande, e seus atos são tão mesquinhos.” – p. 159

- “No topo do mundo, ou nas profundezas do desespero.” – Goethe, citado na p. 163

- “Terminou o período de lágrimas e julgamentos contra mamãe. Estou mais crescidas e os nervos de mamãe estão mais tranquilos.” -p. 169

- “Entrar para a clandestinidade ou se esconder se tornou uma coisa tão rotineira quanto o cachimbo e os chinelos que antigamente esperavam os homens da casa depois de um longo dia de trabalho. Há muitos grupos de resistência como o Holanda Livre, que falsificam carteiras de identidade, dão apoio financeiro aos que estão escondidos, organizam esconderijos e arranjam trabalho para jovens cristãos que entram para a clandestinidade. É espantoso o que fazem estas pessoas generosas e desapegadas, arriscando a própria vida para ajudar a salvar os outros.“ – p. 188

- “Quando escrevo consigo afastar todas as preocupações. Minha tristeza desaparece, meu ânimo renasce! Mas – e esta é uma grande questão – será que conseguirei escrever algumas coisa grande, será que me tornarei jornalista ou escritora? Espero, ah, espero muito, porque escrever me permite registrar tudo, todos os meus pensamentos, meus ideais e minhas fantasias." – p. 260

- “Fizeram questão de lembrar que somos judeus acorrentados, acorrentados num lugar, sem qualquer direito, mas com mil deveres. Devemos colocar os sentimentos de lado; devemos ser corajosos e fortes, suportar o desconforto sem reclamar, fazer o máximo possível e confiar em Deus. Algum dia essa guerra terrível vai terminar. Chegará a hora que seremos gente de novo, e não somente judeus!” – p. 271

- “As coisas que uma garota precisa fazer durante um único dia! Tome meu exemplo. Primeiro traduzi do holandês para o inglês, um passagem da última batalha de Nelson. Depois li mais sobre a guerra do Norte (1700-1721), que envolveu Pedro o Grande, Carlos XII (...) Depois terminei no Brasil, onde li sobre o fumo da Bahia, a abundância de café, o milhão e meio de habitantes do Rio de Janeiro, Pernambuco e São Paulo e sem esquecer o rio Amazonas. Depois sobre negros, mulatos, mestiços, brancos, a taxa de analfabetismo – mais de 50% -- e malária.” – p. 283

- “Qual é o sentido da guerra? Por que as pessoas não podem viver juntas em paz? Por que toda essa destruição? (...)

Por que se gastam milhões com a guerra a cada dia, enquanto não existe um centavo para a ciência médica, para os artistas e para os pobres? Por que as pessoas têm de passar fome quando montanhas de comida apodrecem em outras partes do mundo? Ah, por que as pessoas são tão malucas? (...) Há uma necessidade destrutiva nas pessoas, a necessidade de demonstrar fúria, de assassinar e matar." – p 290 e 291

- “A natureza é a única coisa para a qual não há substitutos." - p. 327

- “As mulheres, seres que sofrem e suportam a dor para garantir a continuação de toda a raça humana, seriam soldados muito mais corajosos do que todos aqueles heróis falastrões lutadores pela liberdade postos juntos.” – p. 328

-“Quem é religioso deve se alegrar, porque nem todo mundo é abençoado com a capacidade de acreditar numa ordem superior. Você não precisa viver no medo da punição eterna; os conceitos de purgatório, céu e inferno são difíceis para muita gente, mas a própria religião, qualquer uma, mantém a pessoa no caminho certo.” – p. 334

*
Anne Frank (1929-1945) nasceu em Frankfurt, Alemanha, no dia 12 de junho de 1929. Filha dos judeus, Otto Frank e de Edith Frank, em 1933 a família saiu da Alemanha, para fugir das leis de Hitler contra os judeus, e emigrou para a Holanda, onde seu pai se tornou diretor administrativo de uma empresa que fabricava produtos para fazer geleia.

Fica a Dica !

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