"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Recomendo a Leitura: O Som do Pasquim

O Som do Pasquim
Org.: Tárik de Souza
Editora: Desiderata

O livro 'O Som do Pasquim', traz uma seleção de entrevistas com músicos e compositores, concedidas ao hebdomadário carioca, O Pasquim, nos anos 1970, - quando a MPB, e o Jornal estavam no auge -, são entrevistas com: Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Raul Seixas, Martinho da Vila, Lupicínio Rodrigues, Moreira da Silva, Waldick Soriano, Agnaldo Timóteo e Luís Gonzaga, tem pra todos os gostos. A obra foi organizada por Tárik de Souza. Imperdível, são várias histórias engraçadas, em entrevistas memoráveis e antológicas, com os cantores mais populares do Brasil.

Lançado em 1976 pela Codecri, Comando de Defesa do Crioléu, inventivo nome dado por Henfil à editora que nasceu do Pasquim, "O Som do Pasquim" (agora pela Desiderata), reunia essa turma citada aí em cima e mais outras três entrevistas, que não  foram liberadas para esta reedição: Roberto Carlos, Ângela Maria e Maria Bethânia.

Os momentos memoráveis destas conversas passam pelo machismo exagerado de Waldick Soriano; o gaúcho Lupicínio Rodrigues explicando como sua música chegava ao Rio, através dos marinheiros, e se dizia boêmio acima de tudo; Tom Jobim revelando um pouco de sua vida sexual; Moreira da Silva, revelando que comprou um de seus maiores sucessos, "Na subida do morro", de Geraldo Pereira, e a vida dura de Gonzagão, que tocava no baixo meretrício carioca, para levantar algum, no começo da carreira.

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(Onde você encontra as 2 edições)
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Leia um trecho da entrevista de Chico Buarque
no 'O som do Pasquim'

JAGUAR
- Alguma pessoa te levou pra fazer música?

CHICO - Vinicius era muito amigo lá de casa. Moramos dois anos em Roma, e Vinicius era cônsul. Era meio um mito, chegava lá com o violão, cantava as músicas dele. Lembro exatamente o dia em que saiu o disco do João Gilberto. Dizia-se lá em casa: "Saiu um disco com músicas do Vinicius." Naquele tempo ele tinha poucas coisas de sucesso, e Chega de Saudade tava pintando. O pessoal lá em casa comprou o disco pelas músicas do Vinicius. Quando eu ouvi me bateu na hora. Chega de Saudade bateu... (bate na mão) pá! Negócio de ficar ouvindo dez, vinte vezes seguidas.

ZIRALDO - Você tinha tocado violão, aquele negócio de duas posições?

CHICO - Não. A minha irmã tinha tentado me ensinar, mas eu não tinha me ligado. Quando comecei a aprender tinha aquele negócio de bossa velha e bossa nova. Minha irmã estudava bossa velha. Eu não queria saber mais... Eu e um amigo meu começamos a tirar, de ouvido, imitar, a batida de bossa nova no violão.

ZIRALDO - Pegou com facilidade?

CHICO - Não. A minha mão... (olha para os dedos) não tem habilidade manual nenhuma. Sou mau violonista até hoje.

ZIRALDO - Mas dá pra quebrar o galho?

CHICO - Dá inclusive pra compor. Dá pra tocar. Mas em gravação minha não ouso tocar violão. Nunca toquei violão em gravação minha. A não ser na primeira, Pedro Pedreiro. Toco mal, por defi ciência motora. Faço nada direito com as mãos.

ZIRALDO - Música também você nunca estudou?

CHICO - Mais tarde tomei aula com a Dona Graça. Aprendi alguma coisa de teoria. Depois, com o contato com o violão, sei o que estou fazendo. Sei fazer cifra.

ZIRALDO - Você escreve música?

CHICO - Muito mal.

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