"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Poesia a Qualquer Hora (24) - Ronald de Carvalho

Vento noturno

Volúpia do vento noturno,
do vento que vem das montanhas e das ondas,
do vento que espalha no espaço o cheiro das resinas,
a exalação da maresia e do mato virgem,
das mangas maduras, das magnólias e das laranjas,
dos lírios do brejo e das praias úmidas.

 
Volúpia do vento noturno nas noites tropicais,
quando o brilho das estrelas é fixo, duro,
quando sobe da terra um hálito quente, abafado,
 
e a folhagem lustrosa lembra o aço polido.

Volúpia do vento morno do verão,
carregado de odores excitantes,
como um corpo de mulher adolescente,
de mulher que espera o momento do amor...
 
Volúpia do vento noturno em minha terra natal!

Ronald de Carvalho
Poema publicado no livro Epigramas Irônicos e Sentimentais (1922).
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