"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

100 dias para os 100 anos de Tupaciguara

Faltam 100 dias para o Centenário da cidade de Tupaciguara-MG (1º/06/2012). Conheça um pouco 
da história de TUPACIGUARA.
Fonte: Texto origem: Lista Sabe 2011

Tudo começou quando, em 1722, estas terras, habitadas por índios caiapós, foram atravessadas pelo bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, “o Anhanguera”. Para se proteger dos ataques dos índios caiapós, o bandeirante Anhanguera edificou 18 aldeias em sua rota, alojando nelas índios de várias tribos, principalmente, os “Bororós”, oriundos do Mato Grosso. Desbravada, assim, a região, iniciava-se a colonização, com a divisão das terras em “Sesmarias”.
 
Aproximadamente em 1841, graças aos esforços de D. Maria Teixeira, devota de Nossa Senhora da Abadia, esposa do fazendeiro Manoel Pereira da Silva, juntamente com a cooperação de outros fazendeiros como, Francisco José de Santana, Felisbino Pereira Azora e Manoel da Costa Marques, teve início a construção da capela de Nossa Senhora da Abadia, a qual esteve subordinada à freguesia de Monte Alegre, e sempre esteve provida de Capelão. Concluída a obra, em maio de 1842, foi “benta” em 11 de junho do mesmo ano, pelo Vigário de Monte Alegre, Pe. Júlio Luís Mamede. Seu primeiro capelão foi Pe. Joaquim José de Souza Neiva, provisionado em 1843; como capelão funcionou em 1859. A povoação que se formava em torno da capela passou a ser chamada de “Abadia do Monte Alegre” ou “Abadia do Bom Sucesso”.
Vista aérea parcial de Tupaciguara - Minas Gerais
Após poucos anos da conclusão da capela, já estava, ali, o arraial, bastante florescente. A Lei n.º 533, de 10 de Outubro de 1851, elevou o Curato a Distrito, com o nome de “Nossa Senhora da Abadia do Bom Sucesso”. A Lei Provincial, de 08 de Junho de 1858, confirmada pela Lei Estadual n.º 02, de 14 de Setembro de 1891, criou o Distrito de “Abadia do Bom Sucesso”. Ainda com este nome, foi criado o Município, pela Lei Estadual n.º 556, de 30 de Agosto de 1911. A Sede foi, então, elevada à categoria de Vila, em 1.º de Junho de 1912 e, neste mesmo dia, foi instalada a Câmara Municipal. Daí em diante, Município e Câmara passaram a viver e a crescer juntos, enfrentando grandes problemas e transformações do começo do século. Somente em 07 de Setembro de 1923, pela Lei Estadual n.º 843, foi adotado o nome de “Tupaciguara”. Esta palavra tem como Etimologia, Tupã-ci-guara – (Morada da Mãe de Deus ou Terra da Mãe de Deus). Quando da escolha do nome do município, foram citadas as seguintes possibilidades: "Tupaciguara", "Mataiguassu", "Bela Flora", "Buritirama", "Itaquiçé" e "Guararama".

Na década de 20, alavancou-se o lugarejo, em amplo progresso. Com o desenvolvimento da lavoura e da pecuária, formaram-se grandes fazendas, que produziam arroz, feijão, milho, etc., e que tinham enormes rebanhos de gado “vacum e eqüino”, atraindo grandes negócios para o município. Com isso, os fazendeiros, na sua maioria, foram morar na “cidade” onde construíram casas confortáveis, obrigando, assim, uma certa ordem no seu traçado, com arruamento disciplinado, criação de praças, melhoramento na igreja, etc.

Igreja Matriz de Tupaciguara
O município não foi afetado
pelas revoluções de 22 e 24,
e os acontecimentos políticos
 restringiram-se a comentários
 nos alpendres das casas dos
“coronéis”, chefes políticos
poderosos, detentores de
enormes fortunas, que
 ostentavam o título
de Coronel da Guarda Nacional,
outorgado pelo Governo Federal,
 para contar com seu apoio
político-eleitoral. O Governo
não perdia a eleição, o voto não
era livre, imperava o voto de “cabresto”, ganhava quem os coronéis escolhiam. 
A Revolução de 1930 alterou a vida da pacata cidadezinha. Os aliancistas (adeptos da aliança liberal), andavam pelas ruas com seus lenços no pescoço, símbolo dos
 seguidores do Dr. Getúlio Vargas, contando bravatas, fazendo discursos.

O mesmo aconteceu em 1932, com a revolução constituinte. Desta vez requisitaram o Grupo Escolar, único estabelecimento de ensino do lugar, para quartel do 4.º B.C. – Batalhão de Comando, sediado em Uberaba, a fim de aquartelar a tropa que deveria lutar contra paulistas e goianos, que desejavam uma constituinte, a qual se opunha o Governo de Getúlio Vargas.

Entretanto, a revolução deixou lembranças da movimentação dos “legalistas”, dos treinamentos dos soldados, dos discursos inflamados, dos tiros disparados, para o chão ou para o ar, em ruidosas demonstrações de hipotética coragem e duvidoso idealismo.O comércio local dos anos 30, limitava-se às “vendas” do Seu Vêda , Sr. João de Barros, Sr. Quincas de Barros e, mais tarde, do Sr. Joaquim de Paiva, Sr. José Maria, Sr. Bolívar (chamada Vendão). Essas vendas tinham de tudo: botões, linhas, tecidos, cachaça, rapadura, açúcar mascavo, fumo de rolo, rapé, arroz, feijão e outros, enfim, o que se precisava, procurava-se na venda.Apesar da diversidade de artigos, o principal produto destes estabelecimentos, o mais procurado, era, sem dúvida alguma, o gostoso bate-papo, prosas intermináveis, “causos”, contados, preguiçosamente, entre um gole de cachaça e uma pitada no pito de palha!

Nas décadas de 40 e 50, aos sábados e domingos, quase todos os tupaciguarenses iam para o centro da cidade, na rua Cel. Joaquim Mendes. Lá estava o cinema (Cine Teatro Helena), o bar Glória e o “Vai - Vem”. Os jovens passeavam nas calçadas da referida rua, bem em frente ao cinema. Chamava-se "Vai-Vem" porque, enquanto as moças vinham voltando de lá pra cá, os rapazes iam em sentido contrário, voltando em seguida, quando atingiam um imaginário limite. Não tinha horário para começar, nem alguém para tomar a iniciativa; simplesmente começava... Nessas idas e vindas, longos e lânguidos olhares eram trocados pelos jovens enamorados. Os mais atrevidos arriscavam uma piscadela, um discreto sinal ou, até mesmo, um pequeno encontro.
Centro Administrativo - Foto: Márcio Aranha
O "Vai - Vem" terminava quando começava a sessão cinematográfica. As moças entravam primeiro no cinema, e tratavam de reservar um lugar para o seu bem amado, que só tomava o assento quando as luzes se apagavam, pois ele não era bobo de arriscar sua pele à sanha nervosa dos pais da eleita. Aqueles que não iam ao cinema, iam para os bares, principalmente o “Bar Glória”. ( Fonte de pesquisa: obra “Reminiscências de Tupaciguara” – Sílvio Mamede) Por volta de 1960, destacavam-se duas grandes instituições educacionais: o “Ginásio Imaculada Conceição”, que funcionava sob a orientação das Irmãs de Nossa Senhora do Monte Calvário, estando instalado num confortável edifício que atendia a todas as exigências pedagógicas da época; e o “Ginásio Tupaciguara”, que era uma expressão brilhante na vida educacional do povo da “Terra da Mãe de Deus” no ensino secundário masculino.

Destacavam-se, também, várias empresas de todos os ramos, dentre as quais, pode-se citar: Sapataria Morena, Armazém Lopes, Móveis Boa Vontade, Rádio Tupaciguara, A Nova América, Caninha “Quero Mais”, CASEMG, Cine Teatro Helena, A Royal, Cerealista Triângulo Ltda, Cerealista Ceres Ltda, Cerealista Vilela Ltda, CITUSA – Comércio e Indústria de Cereais Tupaciguara S/A. Essas empresas contribuíram, significativamente, para o desenvolvimento da cidade, algumas ainda se apresentam em plena atividade até os dias de hoje.

Durante muitos anos, a comunidade tupaciguarense sonhou com uma ponte na zona rural, que ligasse os estados de Minas Gerais e Goiás. Foram tantos e tantos encontros, reuniões e lutas, políticos indo e vindo da capital, Belo Horizonte. Depois de tudo aprovado, a ponte foi construída, aí veio uma nova ordem geral na cidade, o fechamento da represa de Tupaciguara (FURNAS). A tão sonhada e batalhada ponte foi submersa pelas águas da represa, e, hoje, vive na lembrança dos mais velhos que assinaram os abaixo-assinados em busca da referida obra. Em 1978, o município de Tupaciguara passou por grandes transformações em função do fechamento da Represa Hidrelétrica de Furnas com a desapropriação de grandes propriedades de terras, de excelente qualidade. Por outro lado, essa perda nos proporcionou a criação da grande represa de Tupaciguara, a qual se destaca pelo seu potencial turístico.

Pôr do Sol - Represa de Tupaciguara - Foto: Márcio Aranha

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