Foi em 20 de outubro de 1991 que Ayrton Senna celebrou seu terceiro e último título na F1 – e o oitavo do Brasil na maior das categorias do automobilismo. A taça veio na penúltima etapa daquela temporada, o GP do Japão, quando o brasileiro precisou de apenas um segundo lugar para garantir o campeonato.
Há exatos 25 anos, Ayrton Senna se tornava tricampeão de F1, fechando o período mais vitorioso de sua carreira. O campeonato de 1991 veio após uma nervosa e estratégica corrida em Suzuka, no Japão, também palco dos outros dois títulos do brasileiro. Mais desta vez, Senna enfrentou Nigel Mansell para assegurar a taça e escrever de vez seu nome na história da maior das categorias do automobilismo mundial.
Naquele ano, Ayrton havia iniciado a temporada de forma avassaladora, vencendo as quatro primeiras etapas - os GPs dos EUA, do Brasil — aliás, foi o primeiro triunfo do piloto em Interlagos —, de San Marino e também em sua segunda casa, em Mônaco. Assim, ao final dessa primeira parte do Mundial, o então piloto da McLaren somava 40 pontos, contra apenas 11 de Alain Prost, que defendia a Ferrari pelo segundo ano. Gerhard Berger, companheiro do brasileiro na equipe inglesa, Ricardo Patrese e Nigel Mansell, ambos da Williams, completavam os cinco primeiros na tabela.
Só aqui Senna passou por uma fase bem irregular na temporada. No Canadá, abandonou a prova com problemas mecânicos, mas viu Nelson Piquet vencer depois de que Mansell enfrentou uma falha elétrica em seu carro. Na prova seguinte, no México, o piloto cruzou a linha chegada em terceiro, na dobradinha da Williams, com Patrese à frente de Mansell. Senna foi novamente terceiro na sequência, na França, onde Mansell venceu pela primeira vez no ano.
O inglês iniciou, então, uma caçada ao brasileiro, vencendo na Inglaterra logo depois. Senna ainda foi ao pódio em Silverstone, mas acabou abandonando a disputa em Hockenheim, palco de um novo triunfo do britânico. Aí a diferença entre eles no campeonato já estava em oito pontos, a favor do piloto da McLaren.
Ayrton, porém, voltou a subir ao degrau mais alto do pódio na Hungria e na Bélgica. Nigel deu o troco e venceu na Itália, mas falhou em Portugal, onde Patrese ganhou. Senna foi segundo. Aí veio o GP da Espanha. Mansell levou a melhor em Barcelona, que pela primeira vez recebia a F1. Mesmo com fortes dores no tornozelo, consequência de uma lesão durante uma partida de futebol durante a semana, o inglês foi à pista para a etapa espanhola e protagonizou ao lado de cena uma das ultrapassagens mais bonitas da história.
Os dois rivais disputavam o segundo lugar e a briga era intensa, até que Mansell saiu mais forte da última curva e conseguiu se colocar ao lado da McLaren de Senna. Ambos percorreram boa parte da grande reta lado a lado e retardaram o quanto foi possível a freada, mas a preferência era do inglês, que acabou levando a colocação.
A prova foi disputava com chuva em seu início. Mas, após uma trégua da água, a pista secou. Senna chegou a liderar a corrida, porém, quando a intempérie se fez presente de novo, o brasileiro acabou rodando e perdendo a chance de pódio. Quem levou a melhor foi Mansell, que venceu e viu o adversário fora do top-3.
Apesar de todo o esforço feito pelo britânico da Williams, a diferença para Senna, quando ambos chegaram ao Japão naquele outubro de 1991, era de 16 pontos, e o brasileiro já tinha a primeira chance de fechar o campeonato em Suzuka. A Senna bastava apenas que Nigel não vencesse a corrida nipônica. Então, a McLaren adotou uma estratégia bem particular para cercar o adversário e não permitir qualquer avanço de Mansell.
Segundo à risca a tática, Berger cravou a pole-position em 1min34s700, apenas 0s198 mais veloz que Senna, que se colocou na primeira fila. Nigel assinou o terceiro melhor tempo e teve a seu lado Alain Prost. Patrese completou o top-5.
Na largada, o austríaco partiu melhor do lugar de honra do grid, enquanto Ayrton se colocou logo atrás, impedindo qualquer manobra do inglês, que garantiu o terceiro posto, logo à frente de Patrese e Prost, que perdera posição ainda no início da prova. Aí Berger tratou de abrir terreno na ponta, enquanto o brasileiro mantinha o adversário nos seus espelhos.
Nigel Mansell escapou na décima volta do GP do Japão e abriu caminho para o tri de Senna (Foto: Williams) |
Mas a vida de Senna ficou mais fácil na décima volta. Tentando pressionar o rival da McLaren, Nigel perdeu o carro na freada da curva 1 e acabou escapando da pista, indo parar na caixa de brita. E por lá ficou, o que selou o campeonato para o brasileiro.
A partir daí, Ayrton mudou seu ritmo de corrida e se aproximou do líder Berger. A ultrapassagem veio na volta 18. Senna permaneceu à frente, só perdendo a liderança quando foi aos boxes trocar os pneus. Neste meio tempo, quem assumiu a primeira colocação foi Patrese.
Depois das rodadas de pit-stop, o brasileiro retomou a ponta, sempre acompanhado do colega de equipe. E parecia que seria uma vitória tranquila – já que tinha mais de 6s de vantagem para o austríaco –, tanto é assim que o piloto já vinha celebrando a conquista desde a abertura da última volta, erguendo punho dentro do carro.
Só que, nos metros finais, Ayrton decidiu presentear Gerhard com o triunfo e abriu caminho ao companheiro logo depois da chicane final do traçado japonês. Os dois cruzaram a linha de chegada praticamente juntos, com Senna, aos 31 anos, comemorando seu terceiro título mundial de F1 e escrevendo seu nome junto a um então grupo seleto de tricampeões, formando Jack Brabham, Jackie Stewart, Niki Lauda, Alain Prost e Nelson Piquet.
A Patrese coube o terceiro lugar do pódio.
Ayrton ainda venceria duas semanas depois, em Adelaide, na Austrália, fechando a temporada com sete vitórias, 12 pódios e oito poles. Na tabela final, o novo tricampeão somou 96 pontos, contra 72 de Mansell.
(º> Via: Grande Prêmio >>>
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