"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Poesia a Qualquer Hora (273) - Cláudia de Villar

Eu Protesto!

Eu protesto pela falta de sonhos,
Protesto pela falta das vontades,
Pela ausência das estrelas,
Pela fuga da lua,
Pela verdade não mais nua e tão crua!
Eu protesto pelas injustiças sociais,
Pelos raros dias em paz,
Pela chuva que demora em cair,
Pelo sol que decide sumir,
Pelo vento que não leva minhas dores,
Pelo tempo que não cura os amores,
Pelo choro que demora em cair,
Pelo riso que se esconde de mim,
Pelo rosto envelhecido que descobri hoje no espelho que é o meu,
Protesto, protesto, protesto!
Eu protesto pelas contas que chegam,
Protesto pelo dinheiro que falta,
Protesto pela água que some,
Pela dor que me consome,
Pelas maldades dos homens,
Pela burrice não escondida,
Pela inteligência adormecida,
Pela ilusória vida vivida,
Pela esperança esquecida.
Eu protesto!
Pela flora enganada,
Por toda a fauna roubada,
Pelos ladrões nas ruas,
Pelas verdades não mais nuas e tão cruas!
Eu protesto, eu protesto, eu protesto!
Por não ser tão lida,
Por um dia ter sido esquecida,
Por uma vida de pesadelos,
Pelos espelhos embaçados,
Pelas vitrines enganadoras,
Pelas mídias aniquiladoras,
Por um mundo mais feliz,
Protesto, protesto, protesto!
Por um Brasil mais vivo,
Por uma Copa honesta,
Por uma saúde saudável,
Por uma educação que eduque,
Por uma vida cheia de luz,
Por mais oração e menos humilhação.
Eu protesto!
Por um povo acordado,
Por um país não mais adormecido,
Protesto para que essa febre não se torne modismo
Para que, realmente, sejamos vencedores
Para não sermos mais simples secundários atores.
Protesto, protesto, protesto!
Por livros espalhados,
Por leituras disputadas,
Por bravura à Pátria Amada,
Por uma Literatura esparramada.

Enfim, eu protesto pela leitura desse poema

Por uma alma não mais pequena
Pelo compartilhamento sem fim
Pelo seu direito de concordar ou discordar de mim.

Cláudia de Villar

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