"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

sábado, 28 de setembro de 2013

Recomendo a Leitura: Bartleby, o escriturário

Bartleby, o escriturário
(Uma história de Wall Street)

Título original: Bartleby, the Scrivener:
 a Story of Wall Street

Herman Melville

Tradução: Cássia Zanon
Editora: L&PM – 89 páginas

Quem narra esta história é um advogado beirando os 60 anos. Uma história simples, mais bem realista. De fácil leitura, mas de grande qualidade literária. Este excelente conto, do mesmo autor do romance Moby Dick, Herman Melville, é sobre Bartleby, um escriturário, contratado por um advogado, -- que é o narrador do conto -- para trabalhar em seu escritório como auxiliar. Lá ele se junta ao excêntrico Turkey e ao explosivo Nippers, os dois outros funcionários do advogado. Depois de alguns dias de trabalho, Bartleby, responde com um “prefiro não fazer”, a um pedido do seu chefe. O patrão fica consternado e perplexo diante do desacato de seu empregado, não entendendo essa insubordinação de imediato, mas sem entrar em discussão e conflito com seu auxiliar. Bartleby surpreende ainda mais, quando de súbito decide a não trabalhar e ainda passa a morar no escritório, e sempre repetindo o “prefiro não fazer” ao seu chefe. O advogado tenta entender seu subordinado que continua à não atender a seus pedidos. A opção de Bartleby em resistir às ordens e pedidos de seu patrão é consciente. O escrivão desafia as verdades morais do poder e da liberdade, nessa sua resistência passiva à rotina em seu cotidiano. É uma história sobre a discussão do livre-arbítrio, a que todos têm o direito de escolhê-lo. O conto tem sua parte final bem comovente e emocionante.
Melville mostra a imagem do homem angustiado diante de sua própria existência. O texto é considerado o precursor do Existencialismo*, e foi saudado por intelectuais como Albert Camus e Jorge Luis Borges.

Um dos melhores contos que li, bem humorado e surpreendente em sua simplicidade. Perfeito, singelo e essencial.

*O existencialismo pressupõe que a vida seja uma jornada de aquisição gradual de conhecimento sobre a essência do ser, por esta razão ela seria mais importante que a substância humana. Seus seguidores não creem  assim, que o homem tenha sido criado com um propósito determinado, mas sim que ele se construa à medida que percorre sua caminhada existencial. Portanto, não é possível alcançar o porquê de tudo que ocorre na esfera em que vivemos, pois não se pode racionalizar o mundo como nós o percebemos. Esta visão dá margem a uma angústia existencial diante do que não se pode compreender e conceder um sentido. Resta a liberdade humana, característica básica do Existencialismo, a qual não se pode negar. _Fonte: Info Escola >>>

Trecho:
"Mas quando esse velho Adão ressentido cresceu dentro de mim e tentou-me a respeito de Bartleby , eu o dominei e expulsei -o de mim. Como? Ora, simplesmente relembrando a ordem divina : "Este é meu mandamento: amai-vos uns aos outros". Sim, foi isso o que me salvou. Exceto por considerações mais altas, a caridade frequentemente opera como um princípio vastamente sábio e prudente - uma grande proteção para  quem a possui. Homens já cometeram assassinatos por causa de ciúme, e raiva, e ódio, e egoísmo,e orgulho espiritual, mas nenhum homem, da qual eu jamais tenha ouvido falar, cometeu um assassinato diabólico por causa da doce caridade." (pág.: 67)

Herman Melville
Escritor, poeta e ensaísta norte-americano. Nasceu em Nova York, no dia 1º de agosto de 1819, em uma família de origens inglesa e holandesa. Embora tenha obtido grande sucesso no início de sua carreira, sua popularidade foi decaindo ao longo dos anos. Faleceu quase completamente esquecido, sem conhecer o sucesso que sua mais importante obra, o romance Moby Dick, alcançaria no século XX. O livro, dividido em três volumes, foi publicado em 1851 com o título de A baleia e não obteve sucesso de crítica, tendo sido considerado o principal motivo para o declínio da carreira do autor. Melville morreu em 28 de setembro de 1891, aos 72 anos, em Nova York, em total obscuridade
*

Fica a dica!

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