"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

segunda-feira, 5 de maio de 2014

20 anos da morte do poeta Mario Quintana

Hoje faz 20 anos que o poeta Mario Quintana faleceu.

Mário Quintana foi um importante escritor, jornalista e poeta gaúcho. Nasceu na cidade de Alegrete (Rio Grande do Sul) no dia 30 de julho de 1906. Trabalhou também como tradutor de importantes obras literárias. Com um tom irônico, escreveu sobre as coisas simples da vida, porém buscando sempre a perfeição técnica.

 Em 1919, mudou-se para a cidade de Porto Alegre, onde foi estudar no Colégio Militar. Foi nesta instituição de ensino que começou a escrever seus primeiros textos literários. 

Já na fase adulta, Mário Quintana foi trabalhar na Editora Globo. Começou a atuar na tradução de obras literárias. Durante sua vida traduziu mais de cem obras da literatura mundial. Entre as mais importantes, traduziu “Em busca do tempo perdido” de Marcel Proust e “Mrs. Dalloway” de Virgínia Woolf.

Com 34 anos de idade lançou-se no mundo da poesia. Em 1940, publicou seu primeiro livro com temática infantil: “A rua dos cataventos”. Volta a publicar um novo livro somente em 1946 com a obra “Canções”. Dois anos mais tarde lança “Sapato Florido”. Porém, somente em 1966 sua obra ganha reconhecimento nacional. Neste ano, Mário Quintana ganha o Prêmio Fernando Chinaglia da União Brasileira dos Escritores, pela obra “Antologia Poética”. Neste mesmo ano foi homenageado pela Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manuel Bandeira, que recita o seguinte poema, da autoria de Bandeira:

Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.

Quinta-essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintanares!

Quer livres, quer regulares,
Abrem sempre os teus cantares
Como flor de quintanares.

São cantigas sem esgares.
Onde as lágrimas são mares
De amor, os teus quintanares.

São feitos esses cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas luares.

São para dizer em bares
Como em mansões seculares
Quintana, os teus quintanares.

Sim, em bares, onde os pares
Se beijam sem que repares
Que são casais exemplares.

E quer no pudor dos lares.
Quer no horror dos lupanares.
Cheiram sempre os teus cantares

Ao ar dos melhores ares,
Pois são simples, invulgares.
Quintana, os teus quintanares.

Por isso peço não pares,
Quintana, nos teus cantares...
Perdão! digo quintanares.

Ainda em vida recebeu outra homenagem em Porto Alegre. No centro velho da capital gaúcha é montado, no prédio do antigo Hotel Majestic, um centro cultural com o nome de Casa de Cultura Mário Quintana.

Quintana faleceu no dia 5 de maio de 1994, em Porto Alegre - RS

Principais obras de Mário Quintana:
Poesias

A Rua dos Cataventos,1940 
Canções,1946 
Sapato florido,1948 
O aprendiz de feiticeiro,1950 
Espelho mágico,1951 
Poesias,1962 
Quintanares,1976 
A vaca e o hipogrifo, 1977 
Esconderijos do tempo,1980 
Baú de espantos,1986 
Preparativos de viagem,1987 
Da preguiça como método de trabalho, 1987 
Porta giratória,1988 
A cor do invisível, 1989 
Velório sem defunto,1990 
Água, 2001 

Literatura Infantil 

O batalhão das letras, 1948 
Pé de pilão,1968 
Lili inventa o mundo,1983 
Nariz de vidro,1984 
O sapo amarelo,1984 
Sapato furado, 1994 

Antologias 

Antologia poética, 1966 
Prosa & verso, 1978 
Na volta da esquina,1979 
Nova antologia poética,1981 
Literatura comentada,1982 
Primavera cruza o rio,1985 
80 anos de poesia,1986 
Ora bolas, 1994 

* * *
- "O que faz as coisas pararem no tempo é a saudade."

"Amigos não consultem os relógios quando um dia me for de vossas vidas... 
Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - 
a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a
eternidade inteira".

E, brincando com a morte: 

"A morte é a libertação total: a morte é quando a gente pode, afinal, 
estar deitado de sapatos".

* * *
Canção de Outono

O outono toca realejo
No pátio da minha vida.
Velha canção, sempre a mesma,
Sob a vidraça descida…

Tristeza? Encanto? Desejo?
Como é possível sabê-lo?
Um gozo incerto e dorido
De carícia a contrapelo…

Partir, ó alma, que dizes?
Colher as horas, em suma…
Mas os caminhos do Outono
Vão dar em parte nenhuma!



Mario de Miranda Quintana
(30 de Julho de 1906 - 05 de Maio de 1994)

Fontes: Sua Pesquisa >>> ///  Releituras >>>

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