"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada."
Charles Dickens (1812 - 1870) - Escritor Inglês

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Poesia a Qualquer Hora (158) - Carlos Drummond de Andrade

A Seleção

Vai Rildo, não Amarildo?
Vão Pelé e, que bom Mané,
O menino gaúcho Alcino
e nosso veterano Dino, 
Altair, rima de Odair, 
ecoando na ponta: Ivair, 
e na quadra do gol: Valdir. 
Fábio, o que não poder faltar, 
e também não pode Gilmar. 
como, entre os santos dos santos, 
o patriarca Djalma Santos, 
sem esquecer o Djalma Dias 
e entre mil e uma noites, Dias. 
Mas se a Comissão não se zanga, 
quero ver, em Everton, Manga. 
É canhoto, e daí? Fefeu, 
quando chuta, nunca perdeu. 
A chance que lhe foi roubada, 
desta vez a tenha Parada. 
Paraná, invicto guerreiro 
para guerrear como aqui, lá. 
Olhando pro chão, Jairzinho 
e como joga legalzinho. 

Não abro mão de Nado e Zito, 
nem fique o Brito por não-dito. 
Ditão, é claro, por que não? 
E o mineiríssimo Tostão, 
O grande Silva, corintiana 
glória e mais o áspero Fontana, 
Dudu, Edu... e vou juntando 
bons nomes ao nome de Orlando, 
para chegar até Bellini 
em cujas mãos a taça tine. 
Célio, Servílio: suaves eles 
já completados por Fidelis. 
Edson, Denílson, Murilo, 
cada um com seu próprio estilo. 

Um lugar para Paulo Henrique 
enquanto digo a Flávio: fique! 
Com Paulo Borges bem na ponta 
Eu conto, e sei que você conta. 
Na lateral, Carlos Alberto 
estou certo que vai dar certo. 
Acham tampinha Ubirajara? 
Valor na se mede por vara. 
Até parece de encomenda: 
Leônidas, nome que é legenda. 
E se Gérson do Botafogo 
Entra em campo, ganha jogo. 
Não podia esquecer o Lima 
e o seu chute de muita estima. 

Com tudo isso e mais Rinaldo 
e o canarinho de Ziraldo, 
quarenta e seis, se conto bem 
- um time igual eu nunca vi 
em Europa, França e Belém - 
que barbada seria o Tri, 
hein.

Carlos Drummond de Andrade
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