Opus 8
de auroras,
noites
e sereias
Jogo os dados no mar, como quem joga
a sorte das estrelas ou do vento,
e fico a embaralhar as ondas, como
o lúcido hierofante que desvenda
nas cartas o destino dos mortais.
Não sei qual é a carta-chave, mas
capto o sentido exato e a voz de quem
profere a frase mágica de tudo.
E se há no fundo náufragos que vão
com dedos ágeis folheando páginas
de noites e de auroras impossíveis,
na superfície há sempre olhos profanos
de peixes e sereias, traduzindo
o jogo de meus dedos sobre o mar.
Santos Sousa
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